Nova Jeep? Como Ram tenta seguir passos da irmã e dominar mercado no Brasil

A plataforma Small Wide foi um divisor para a empresa então chamada de FCA, e que agora é Stellantis. Ela gerou a picape Toro, que contribuiu para a virada da Fiat rumo à liderança. Além disso, é base para os três modelos da Jeep: Renegade, Compass e Commander.

Cada um vem liderando sua categoria, respectivamente a de SUVs compactos, médios e médios-grandes. Neste ano, o Renegade não está em primeiro lugar. Porém, isso ocorre pelo falta de unidades para entregar, não pela perda de interesse do público.

Agora, uma terceira marca do Grupo Stellantis vai usar essa plataforma em busca de volumes de vendas relevantes. Trata-se da Ram. A base deverá gerar o produto de entrada da montadora especializada em picapes de luxo.

Com esse novo produto, que deverá receber o nome de Ram 1200 e ser feito em Pernambuco (ao lado dos outros veículos da plataforma Small Wide), a marca pode se tornar uma nova Jeep. Ou seja: uma montadora até então acessível a poucos, mas que, com um forte produto nacional, tende a se transformar uma fabricante de grandes volumes.

A virada da Jeep

Quando começou a produzir carros no Brasil, em 2015, poucos anos depois de se reunir à Fiat (e formar a FCA), a Jeep era uma marca desejada, mas ao alcance de poucos. Modelos como Grand Cherokee eram carros de luxo.

Por isso, quando veio o nacional Renegade, com preços semelhantes - e, em alguns casos, até levemente mais baixos - aos de competidores nacionais, a aceitação foi instantânea. Quem desejava um Jeep finalmente poderia ter.

O sucesso do Compass foi ainda maior. O Renegade tem de lutar bastante para ser líder de seu congestionado segmento. No caso do médio, o modelo jamais teve ameaças em volume de vendas. A chegada de importantes rivais, como Toyota Corolla Cross e Volkswagen Taos, não mudou esse cenário.

O Jeep Commander segue os passos dos dois modelos menores e domina sua categoria. Só não vende mais porque não há unidades para entregar. As filas de espera podem ultrapassar os seis meses.

Com isso, a Jeep é hoje a sexta marca que mais vende carros no Brasil. No período de liderança do Renegade, chegou a ser quinta colocada. Isso com uma linha formada apenas por SUVs, com preços sempre acima dos R$ 100 mil.

A hora da Ram

Quando o assunto é picape, não há marca mais desejada que a Ram. Tantos que os caros modelos da montadora têm feito sucesso no mercado brasileiro. Isso ocorreu tanto com a 1500, quanto com a 2500 e a 3500. Os volumes são baixos, mas tudo o que tem o cliente compra.

Recentemente, chegou a Classic. Ainda é um modelo inacessível à maioria, mas veio com a ambição de concorrer com as versões topo de linha de picapes médias como Hilux e S10, que já são de alto volume.

Mas a Classic é importada. A 1200, além de feita em uma plataforma mais barata, será nacional, com volume de produção maior. E, mais importante, mais barata. O modelo ficará posicionado acima de Toro em preço e dimensões. Deverá ter porte de Maverick.

Ainda assim, pode colocar a Ram a médio prazo, na lista das 15 marcas que mais vendem veículos no Brasil. E, quem sabe, não dá para sonhar, a longo prazo, com o top 10, como ocorreu com a Jeep.

É uma missão complicada, mas possível. Em primeiro lugar, os segmentos de entrada perdem volume, permitindo maior participação de mercado de veículos mais caros.

Além disso, as picapes estão cada vez mais caindo no gosto dos brasileiros, e não apenas de consumidores que precisam desses veículos para o trabalho. Tanto que, atualmente, o modelo mais vendido do Brasil é a Fiat Strada.

A 1200 deverá ser para a Ram o que o Renegade foi para a Jeep: a virada de marca de nicho (hoje, é 22ª colocada no ranking de montadoras) para montadora de volumes bastante relevantes.

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