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Lançado no Brasil, Pulse Abarth é esportivo de verdade ou só enganação?
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A história do Brasil está repleta de versões verdadeiramente esportivas de carros, mas o fato é que há anos e anos essa prática perdeu força. O que vemos por aqui é uma infinidade de modelos com apelo visual esportivo. O que isso significa? O desenho fica mais agressivo, mas a mecânica não muda: nem motor, nem suspensão, nem nada.
Esse ciclo foi quebrado no início de 2020, com a chegada do Polo e do Virtus GTS, que investiram em motor mais potente e preparação na suspensão e outros componentes - lembrando que o Sandero RS já vinha fazendo um bonito papel. E, agora, ganha força com o Pulse Abarth.
Muito vem se falando sobre a real esportividade do Pulse Abarth. Ele é esportivo de verdade ou apenas uma enganação? Essa pergunta é fácil de responder. Nenhum carro leva o sobrenome Abarth sem ser verdadeiramente preparado.
A Abarth é a divisão de preparação da Fiat. Ela é como a Motorsport (M), da BMW, a AMG, da Mercedes e a quattro, responsável pelos modelos RS da Audi. Claro que, no caso das alemãs, estamos falando de marcas de luxo, coisa que a Fiat não é.
A intenção aqui, portanto, não é comparar Abarth à quattro, AMG e M, e sim contar que carros com o sobrenome da divisão têm de ser realmente preparados. Outra pergunta comum, e esta recebi de muitos seguidores em meu perfil no Instagram, é sobre a comparação com o Polo GTS. O novo Fiat é mais esportivo?
Em minha opinião, ele é. E isso é simples de explicar. Ao dirigir o Pulse Abarth, você sente uma diferença de ajuste muito maior ante as versões tradicionais do que quando compara a pegada do Polo GTS e do Highline, por exemplo. Os VW preparado e não preparado são mais próximos.
Mas o que mudou no Pulse Abarth? Para começar, o motor. Ele ganhou o 1.3 turbo de 185 cv do Fastback, Toro, Renegade e Compass. É a única versão da linha Pulse a trazer esse propulsor. De resto, nada foi substituído, mas tudo foi preparado.
E aqui estou falando de componentes como suspensão, freios, direção e saída de escape - que, a propósito, é dupla, e emite um som para lá de instigante. Tem ainda o botãozinho do veneno, chamado de Poison, que muda de verdade o comportamento do carro, deixando-o mais divertido.
Agora, vou contar do que mais gostei no carro. E minha principal crítica.
Ponto negativo
Freio a tambor: esse é o ponto negativo, e a maior crítica feita ao produto até agora em meu perfil no Instagram, pelos seguidores. A crítica é válida. Um esportivo com freio a tambor atrás é mesmo de torcer o nariz.
Recentemente, defendi que, no Volkswagen Polo 2023, a troca do freio a disco pelo tambor atrás não é uma falta tão grave. E reafirmo aqui o que disse. Essa substituição foi a principal responsável pela grande queda no preço do carro. Então, ela não veio sem vantagem.
O Polo é um carro de 116 cv, para usar no dia a dia, em condições mais calmas. Nessa situação, será muito difícil o motorista sentir a diferença. Mas com o Pulse Abarth a coisa é bem diferente. Estamos falando de um modelo de aspirações esportivas, cujos donos certamente usarão ao extremo, em algumas situações.
Nesse caso, o freio a disco faz toda a diferença. O Pulse Abarth, com o tambor, freia bem. Mas poderia ser melhor. Claro que o freio a disco atrás aumentaria o preço - de R$ 150 mil, bastante competitivo. Mas o cliente desse carro é entusiasta. E um bom entusiasta se importaria mesmo de pagar um pouco a mais para ter algo bem melhor?
A suspensão traseira é por eixo de torção. Poderia ser independente? Poderia. Mas aí a coisa já não é tão simples. É preciso lembrar que a plataforma não é da Jeep, usada no Renegade, Compass, Toro e Commander, e sim a da Fiat, compartilhada com o Fastback.
Base esta que só tem carros com eixo de torção atrás. Adaptá-la para a suspensão traseira independente é mais complicado do que aplicar o freio a disco atrás. Então, nesse caso, até dá para perdoar.
Ponto positivo
Pouco interessam o visual e as treze referências à Abarth no interior e exterior, a maior parte delas representadas pelo símbolo da divisão, o escorpião. Esse pacote estético até chama a atenção, mas você se esquece dele facilmente ao acionar o botão Poison.
O sistema de direção muda completamente de caráter, e oferece respostas surpreendentemente precisas e rápidas. Some a isso o excelente ajuste da suspensão, com seus amortecedores mais rígidos, e tenha um carro para lá de divertido para fazer curvas.
E como anda! O Pulse Abarth acelera com propriedade, e seu escape emite um som muito instigante nesse processo. Fora do segmento de modelos de luxo, é um dos carros que mais me ofereceu prazer ao dirigir nos últimos tempos.
Então, o que importa mesmo no Pulse Abarth é isso. É um carro que consegue cumprir bem a proposta de mexer com todos os sentidos e despertar emoção em quem dirige. A Fiat do Brasil foi um belo trabalho.
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