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Novo Honda Civic 2023: agora importado, o que sedã tem de pior e de melhor
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Ele já foi brasileiro, principal rival do Corolla e, por alguns períodos da década passada, sedã médio mais vendido do País. Mas aí vieram os SUVs e a maior parte dos demais segmentos perdeu prestígio, até quase desaparecer. Nesse cenário o Honda Civic é agora tailandês, modelo de nicho e com preço que o coloca em condição desfavorável na briga com o Toyota.
Após encerrar a produção da décima geração do Civic no Brasil, a Honda começou, no primeiro trimestre deste ano, a importar o modelo da Tailândia. O sedã agora está em sua 11ª geração e vem em uma única versão, híbrida.
O preço é de R$ 250 mil. Para comparação, o Corolla mais em conta sai por R$ 149 mil e o mais caro, a R$ 192,5 mil. Mas será que o Civic é agora um modelo tão superior ao Toyota, a ponto de custar quase R$ 58 mil a mais que o topo de linha do rival?
A resposta é simples: não! É claro que, por ser produto de nova geração, ele neste momento tem algumas coisas que o Toyota não oferece (veja mais abaixo). Conteúdo que o Toyota, obviamente, receberá assim que passar por sua próxima grande mudança, que não está longe de ocorrer.
Mas, essencialmente, o Civic continua sendo do mesmo segmento - e, como produto, rival direto - do Corolla. A Honda não elevou o carro a um patamar de BMW Série 3 ou Mercedes-Benz Classe C, para citar alguns sedãs de luxo. Ele está um ou mais níveis abaixo.
Por outro lado, não custa tanto quanto esses modelos. Como exemplo, o sedã de luxo mais vendido do Brasil, BMW 320i, parte de R$ 305 mil. Mas, ainda assim, o novo Civic é um produto caro.
Por que custa tanto? Porque, em modelos importados, além das taxas alfandegárias pagas, a montadora opta, geralmente, por trazer poucas, ou apenas uma versão. E sempre recheada de equipamentos. Afinal, o carro já está fadado a não ter um grande volume.
Mesmo que fosse mais barato, e atingisse mais clientes, o Civic importado não seria um hit de vendas no atual cenário brasileiro e mundial. Isso porque o volume destinado ao Brasil é limitado, algo que ocorre até com modelos trazidos do México, que tem acordo comercial de isenção de imposto de importação com o País.
Imagine, então, a realidade para um automóvel que vem da Tailândia? Não há privilégios alfandegários nem uma produção que privilegie as entregas no Brasil, como já ocorreu no passado com alguns modelos mexicanos e ainda é uma realidade dos produtos automotivos argentinos.
Mas o Civic continua chamando a atenção, pois é um carro que tem história de sucesso mundial e também no Brasil. São muitos os fãs que, mesmo que não pretendam comprá-lo, querem saber tudo sobre esta 11ª geração. Então, aqui, conto o que o sedã tem de pior. E de melhor.
Consumo: capítulo à parte
Consumo. Essa é a palavra-chave do Civic 11. O sedã é um dos automóveis mais econômicos à venda no mercado brasileiro. Nessa lista, descarto os híbridos plug-in. Os modelos recarregáveis na tomada têm números muito subjetivos quando o assunto é economizar combustível.
Na cidade, dependendo da distância percorrida, podem funcionar apenas no modo elétrico. Mas, na estrada, especialmente em longas viagens feitas em rodovias de trânsito rápido, não são muito mais econômicos que carros a combustão convencionais. Já o Civic é um híbrido paralelo, como o Corolla.
O Honda usa desaceleração e frenagem para recarga de sua bateria de 1,05 kWh. Mas aproveita também a energia de um gerador alimentado pelo 2.0 a combustão (143 cv), coisa que o Corolla não faz. Com essa solução, o principal propulsor do conjunto é a eletricidade, de 184 cv.
É o próprio carro que escolhe quando cada motor vai funcionar. E, na maioria das vezes, é o elétrico. Para movimentar as rodas, o a combustão entra mais em ação em estradas de tráfego rápido, com velocidade constante, situação que é a pior para o aproveitamento do propulsor a eletricidade.
Na estrada, eu fiz quase 17 km/l com o novo Civic e, na cidade, me aproximei dos 19 km/l - o consumo misto foi de 18 km/l. Oficialmente, conforme medição no Inmetro, o Honda faz 18,3 km/l na cidade e 15,9 km/l na estrada.
Outros pontos positivos do Civic
Muitos vão dizer que seus carros vão tão bem quanto o Civic em consumo mesmo sem a tecnologia híbrida. É algo que, em meu perfil no Instagram, foi muito repetido por donos de Onix com motor 1.0 aspirado. Só que economia ou gasto excessivo de combustível está também relacionado, entre outros aspectos, ao desempenho.
E o Civic é um carro econômico que anda bem. Nesse aspecto, é muito superior ao manco Corolla Altis Hybrid, que tem números piores de consumo. Quanto ao Onix 1.0 aspirado? Não dá nem para comparar a agilidade.
O novo Civic é eficiente nas acelerações e retomadas e bom de ultrapassagem. O motor elétrico tem boa potência e torque instantâneo de 32,1 kgfm. O 2.0 a combustão não impressiona, mas na hora de ganhar velocidade é o a eletricidade que entra em ação, aprimorando o desempenho.
O sedã da Honda também se destaca pela lista de equipamentos. Traz assistências como sistema semiautônomo de condução. A saída de ar atrás pode parecer obrigatória nesse segmento, mas a verdade é que não é. Nem Corolla nem Sentra a oferecem.
O carregador de celular sem fio também é, surpreendentemente, um diferencial. O Sentra não oferece e o Corolla só passou a ter o equipamento na linha 2023. Outros destaques são o painel digital e o multimídia que, apesar da tela pequena e do layout não muito bonito, é intuitivo e fácil de usar.
O porta-malas de 495 litros também é um ponto positivo. Não há SUV compacto - e são raros os médios - que acomodem tanta bagagem. O fato de o compartimento ser alto privilegia a ocupação do espaço.
Mas, aqui, há um porém. A invasão das caixas de rodas acaba gerando alguns pontos praticamente inúteis no compartimento. Ainda assim, ele não decepciona. Os bancos são muito ergonômicos e confortáveis - e têm comandos elétricos para os ocupantes da frente.
Pontos negativos
Há uma ideia muito propagada pelos fãs do Civic. Em relação a esse sedã, a Honda ousa no design das gerações pares e é conservadora no das ímpares. E o modelo atual, o 11, não fugiu dessa cartilha.
Toda a ousadia empregada nas lanternas, faróis e grades do Civic 10 deram lugar um design mais conservador no modelo atual. O sedã não ficou feio, mas optou por um estilo mais certinho, sem inovação. Ele já não chama a atenção.
Se o desempenho agrada, a dirigibilidade é inferior à do Civic 10. O modelo anterior tinha uma pegada mais firme e era bom de fazer curvas. No atual, a Honda optou por privilegiar o conforto, deixando o sedã mais molengão. As respostas de direção em alta velocidade não agradam.
O acabamento também não impressiona. Há amplo uso de um material que passa a impressão de ser alumínio, mas é apenas plástico mesmo. Não é uma cabine mal feita, mas está abaixo do que se espera em um produto de R$ 250 mil.
E por falar em R$ 250 mil, o principal pecado do novo Civic é o preço, muito fora do praticado em outros modelos do segmento. Se não fosse ele, grande parte dos pecados do produto poderiam ser perdoada.
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