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Como Volks acertou na estratégia para voltar à briga pelo primeiro lugar

Volkswagen Polo Track  - Marcos Camargo
Volkswagen Polo Track Imagem: Marcos Camargo

Colunista do UOL

29/05/2023 04h00

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A Volkswagen é a fabricante dos dois carros mais longevos na liderança do ranking de veículos mais emplacados do Brasil: Fusca e Gol. Porém, nos últimos anos, a alemã vem assistindo de camarote à disputa entre Fiat e Chevrolet pela posição. E, até agora, estava sem armas para entrar no embate.

O Gol até chegou a ter liderança mensal em 2022, mas estava claro que era uma vitória pontual, que não poderia perdurar. Afinal, àquela altura, o carro já estava condenado a sair de linha, algo que ocorreu no fim do ano passado.

Enquanto isso, o Polo agonizava. A atual geração do modelo estreou com sucesso. Mesmo sem nunca ter brigado pela liderança de vendas, o hatch era presença certa na lista dos dez carros mais vendidos do Brasil.

Isso começou a mudar em 2020, quando o Polo caiu para a 14ª posição no ranking de vendas. As coisas pioraram em 2021: o modelo foi apenas o 26º mais emplacado do Brasil. A chegada do Nivus acelerou essa derrocada.

No entanto, a Volkswagen também deixou de investir no produto, priorizando seus SUVs, principalmente o T-Cross e o Nivus. Mas, em meados de 2022, as coisas começaram a mudar para o Polo.

O início da virada

O primeiro passo para a recuperação do Polo foi dado com a chegada da linha 2023, no meio do ano passado. O hatch mudou de visual, mas perdeu potência no motor e o freio a disco traseiro para ficar mais barato.

Com a atualização, e a redução de preço, as vendas voltaram a acelerar. Mas foi só neste ano que o jogo virou de vez para o Polo. A Volkswagen decidiu posicioná-lo como sucessor do Gol. Para isso, não bastaria apenas uma redução de preço no carro, que sempre foi visto como hatch premium.

A VW lançou uma nova versão, Polo Track. Com motor 1.0 aspirado e lista reduzida de equipamentos, passou a ser o carro de entrada da montadora no Brasil. Mas a estratégia gerou dúvidas: poderia o Polo repetir o sucesso do Gol?

Afinal, o nome do modelo que saiu de linha tem grande tradição no Brasil, com mais de duas décadas na liderança de vendas do mercado nacional. A resposta começa a vir, e a estratégia parece ter sido certeira.

Polo avança e briga pela liderança

O Polo Track chegou às concessionárias em fevereiro. Naquele mês, já embalado pelo reposicionamento da linha, o Polo ocupava a 10ª posição no ranking de vendas de carros de passeio - aqui, não estamos considerando os comerciais leves, como a Fiat Strada, que é o veículo de quatro rodas mais emplacado no mercado nacional.

Em março e abril, o Polo já passou para a 3ª colocação. E, no mês de maio, pode fazer ainda mais bonito. Na lista dos carros de passeio, o Volkswagen briga com o Chevrolet Onix pela primeira colocação, de acordo com dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

O Polo Track é um dos responsáveis por esse avanço. Em abril, ficou com quase 30% das vendas da gama. Mas a versão 1.0 aspirada sem sobrenome Track também teve grande participação, com 25%, aproximadamente. Os dados são da Jato Dynamics.

Rival dos líderes

Ainda é cedo para dizer se o Polo cumprirá o papel não de apenas conquistar, mas manter a liderança com a qual a Volkswagen esteve tão acostumada na história da indústria automobilística do Brasil. Mas o avanço rápido mostra que o modelo agora é um rival de peso dos dois carros de passeio que vêm dividindo o protagonismo nos últimos anos, Onix e HB20.

Antes de decair, o Polo era um hatch premium. Bem aceito, mas sem preço para de fato lutar pela liderança. Agora o posicionamento mudou e, mesmo sem um nome histórico como o do Gol, a Volkswagen mostra força na briga para ter o carro mais vendido do Brasil.

Para isso, investiu em um público que é fundamental, atualmente, para modelos que pretendem ter alto volume no mercado nacional: os frotistas. A marca lançou o Polo Track com foco em vendas diretas para empresa, vocação que a gama jamais teve antes do reposicionamento.

Curtas

- Para este ano, a lista de lançamentos da marca está definida. Um dos modelos é de nicho, o elétrico ID4. O outro é a nova Saveiro. A tradicional picape vai entrar forte na briga com Strada, a líder de vendas no Brasil, e Montana;

- Já a Amarok reestilizada ficará para a primeira metade de 2024. A nova geração do modelo, que divide plataforma com a Ranger, não vem. A Volkswagen optou por uma solução caseira para seu modelo: um facelift para a América do Sul;

- Atualmente, a Amarok disputa com a Frontier o posto de lanterna (última colocada) no ranking de picapes médias no Brasil. Na Argentina, a história é diferente. A VW é segunda colocada, atrás apenas da Hilux, e tem 30% do mercado;

Amarok Experto - Rafaela Borges/UOL - Rafaela Borges/UOL
Amarok Experto é programa off-road gratuito na Argentina
Imagem: Rafaela Borges/UOL
- Entre as estratégias para fortalecer a picape na Argentina está o Amarok Experto, um programa para público variado, inclusive clientes e não clientes, para ensinar como usar os recursos do carro em uma aventura off-road radical;

- O Amarok Experto é realizado em seis locações diferentes da Argentina, inclusive a Patagônia. O programa é gratuito e interessados devem se inscrever nas concessionárias. Brasileiros que desejam participar do curso podem tentar inscrição por meio do site. As despesas de viagem não são cobertas pela Volkswagen;

- A Volkswagen estuda trazer o programa Amarok Experto para o Brasil.

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