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RAV4 e CR-V: por que SUVs que bombam no mundo vendem tão pouco no Brasil
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CR-V e RAV4 são rivais históricos e estão entre os utilitários-esportivos mais vendidos do mundo. Nos Estados Unidos, vêm se destacando anualmente no ranking de emplacamentos. Entre os automóveis de passeio, em 2022 o Toyota foi o mais vendido do país. O Honda ficou com a terceira posição.
Mas por que esses veículos desapareceram do Brasil? RAV4 e CR-V se tornaram fracasso de vendas, daqueles modelos que ninguém quer? Ou o desempenho ruim é parte da estratégia de suas próprias montadoras?
A segunda hipótese é a correta. Claro que os preços altos (leia mais abaixo) contribuem para que atraiam poucos clientes. Mas não são as próprias marcas que definem o preço, por meio de uma estratégia que passa pelas versões e nível de equipamentos oferecidos?
CR-V: de destaque a nicho
Quando o CR-V vinha do México, na década passada, fazia sucesso no Brasil. Antes da popularização dos SUVs no mercado nacional - que começou em 2015, com a chegada do Renegade e do HR-V -, o modelo da Honda era uma opção com preço competitivo, graças ao acordo de isenção de imposto de importação entre os dois países.
Mas o México não produz de olho no Brasil, e sim nos Estados Unidos. Então, o mercado nacional não teve nenhuma relevância na decisão mundial da Honda de transferir, em 2017, a fabricação para Indiana, nos EUA.
A partir daí a Honda, que no Brasil já fazia altos volumes com o HR-V, mudou de estratégia. Optou por trazer apenas uma versão do CR-V, a topo de linha Touring. Esta chegou em 2018 por R$ 180 mil, o que colocava o modelo em um patamar bem acima do então novato Compass (que tinha opções por menos de R$ 100 mil) e o mexicano Tiguan, que partia de R$ 115 mil.
No lançamento do carro, a Honda deixou clara sua estratégia: o CR-V chegava como modelo de nicho, para expor importantes tecnologias que a marca tinha e atender um restrito grupo de clientes. A meta, à época, era vender no máximo 50 unidades no mês.
O modelo não tinha preço e, principalmente, volume de importação para fazer mais que isso. É que modelos importados da Europa, EUA e Ásia (com exceção da China) têm, geralmente, pequenas cotas destinadas ao Brasil. Recentemente, a crise mundial de produção, agora já amenizada, restringiu ainda mais os lotes.
Próximos passos
O CR-V passou por uma reestilização em 2021 e, no fim daquele ano, sem alarde, deixou de ser oferecido no Brasil. Em 2022, ainda obteve 72 unidades vendidas, que estavam em estoque. Mas ele voltará em breve, agora em versão híbrida.
A Honda vai mudar a estratégia? Não. O CR-V, assim como agora ocorre com o Civic importado da Tailândia, continuará sendo modelo de nicho, com baixos volumes e preços mais altos que o de modelos de mesmo porte feitos no Brasil, Argentina ou México.
Para ter competitividade no segmento de SUVs médios, a Honda trará o ZR-V, produzido no México. Este terá a vantagem da isenção do imposto de importação e estará mais próximo de médios como Compass, Taos e Corolla Cross.
Porém, não deverá ser um estouro de vendas. Mesmo carros trazidos do México têm agora lotes restritos destinados ao Brasil. Por isso, não será surpresa se o ZR-V tiver preço semelhante aos dos concorrentes feitos no Mercosul, mas vier apenas em versões topo de linha.
Se isso ocorrer, será uma desvantagem em termos de volume e alcance de clientes. Isso porque os rivais têm opções mais variadas, que atendem uma ampla faixa de público.
RAV4
Diferentemente da Honda, a Toyota não precisa de um carro para concorrer com o poderoso Compass. Ela já tem. Seu nome é Corolla Cross, ele é feito no Brasil e foi o único SUV médio que já conseguiu se aproximar do Jeep em volume de vendas.
Aliás, neste mês de junho o Corolla Cross está vendendo mais que o Compass. Até o dia 20, haviam sido emplacadas 2016 unidades do Toyota, ante as 1.863 do Jeep.
Com um SUV médio forte, a Toyota pode trabalhar o RAV4 no Brasil como um modelo de nicho. Há apenas uma versão, híbrida e bem completa. Preço: R$ 330.390, ou o mesmo valor de um BMW 320i, dependendo da versão.
No ano passado, o RAV4 teve 1.084 unidades vendidas. No acumulado de 2023 (janeiro a maio), somou 389 emplacamentos. Os dados são da Jato Dynamics.
Fracasso ou sucesso?
Para comparação, o Compass registrou 63.564 unidades vendidas em 2022. Diante disso, dá para dizer que o RAV4 foi um fracasso de vendas? Não dá, pois o que define esse conceito não são os números de um suposto concorrente.
O que vale é a estratégia definida pela marca. Quantos unidades ela planejou vender? Quantas trouxe ao Brasil? São essas as perguntas que devem ser feitas. Para um importado (do Japão), como o RAV4, não há nenhuma possibilidade de competir com um SUV nacional.
Mesmo que a Toyota optasse por trazer opções menos equipadas e baratas, o volume destinado ao Brasil ainda seria um problema. Por isso, vale mais a pena, para esses carros, investir em versões únicas, cheias de equipamentos e com preços altos.
Estas geram maior margem de lucro que as básicas. Por isso, vale mais a pena vender poucos carros caros do que muitos exemplares mais em conta.
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