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Revolução francesa: Peugeot e Citroën planejam empatar com Jeep em 2024

O Grupo Stellantis abocanhou mais de 32% do mercado brasileiro em 2022. Essa participação foi impulsionada pelo desempenho da marca mais vendida do Brasil, a Fiat, e do fenômeno Jeep. Porém, um dos crescimentos mais impressionantes veio de duas montadoras mais discretas dentro do conglomerado, as francesas Peugeot e Citroën.

A Stellantis surgiu em 2021 por meio da junção da FCA (Fiat Chrysler) e a PSA Peugeot Citroën. No Brasil, é formado pelas duas marcas francesas, a italiana, e as americanas Jeep e Ram.

Em 2020, pouco antes da criação do grupo, as francesas estavam totalmente perdidas no mercado brasileiro. A Citroën era marca de um produto só, e tentava se firmar no mercado brasileiro vendendo uma imagem que já não colava mais: a de marca generalista premium.

Com a Peugeot não era muito diferente: embora posicionada abaixo da Citroën no Brasil, também tomava para si essa denominação "premium". Mesmo tendo produtos mais baratos que os da concorrência.

Com a formação da Stellantis, as duas marcas foram reposicionadas, e os resultados não demoraram a vir. Agora, são considerados tão bons pelo conglomerado que a expectativa já é ambiciosa. No final de 2024, a Citroën pretende ter 4% do mercado brasileiro.

Se consolidar essa meta, ficará acima de Honda e Nissan. Para a Peugeot, a expectativa é de 4% de participação. Somados os objetivos, as francesas almejam ficar com 7% do mercado nacional.

Com esse número, ultrapassariam os resultados obtidos pela Jeep em 2022. Mas como alcançar essa meta?

Em números: como era e como é

Em fase de decadência no mercado brasileiro antes da formação da Stellantis, Peugeot e Citroën adotaram a ineficiente estratégia de se afirmarem premium - talvez uma tentativa de justificar as vendas baixas. À época, a segunda era marca de um carro só: o C4 Cactus.

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A Peugeot tinha uma boa linha nacional, com 208 e 2008, mas sem conseguir resultados expressivos para ambos no mercado. A Citroën encerrou o ano com cerca de 0,7% do mercado brasileiro. A Peugeot também.

É fácil falar de crescimento quando a base é pequena. Por isso, aqui não vamos considerar o percentual de alta nas vendas, e sim do ganho de participação de mercado - um dado mais representativo para avaliar a evolução dessas marcas.

No final de 2021, a Peugeot aumentou sua participação para 1,5%. Em 2022, o percentual cresceu para 2,1%. No caso da Citroën, a representatividade no mercado nacional foi elevada a 1,5% no encerramento do ano passado.

Citroën

Quando a Citroën chegou no Brasil, a estratégia foi posicioná-la como uma marca generalista premium. O C3, por exemplo, era um hatch compacto mais exclusivo que modelos de entrada, sem versão 1.0 e com boa lista de equipamentos. Modelos como Picasso fizeram sucesso e despertavam desejo.

Mas a marca foi mudando, até ficar com um carro só. A aura premium se perdeu. Mas a verdade é que, fora do mercado nacional, a Citroën jamais foi premium. Na PSA, era posicionada, na Europa, abaixo da Peugeot.

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E, atualmente, continua sendo a montadora de entrada da Stellantis. Com a formação do grupo, a Citroën recebeu no Brasil o seu posicionamento mundial. Está, inclusive, abaixo da Fiat - o novo C3, por exemplo, é mais barato que o Argo.

Foi o C3, aliás, o responsável pelo crescimento da montadora. E a história não para por aí. O C3 Aircross, SUV com sete lugares, será lançado no fim do ano. Alinhado ao novo posicionamento da Citroën, promete preço competitivo.

Para chegar aos 4% de participação, haverá ainda um outro produto inédito em 2024. Todos esses modelos serão produzidos na planta de Porto Real (RJ), que atualmente fabrica o Aircross, o C3 e o 2008.

Outra aposta da Citroën é nos veículos comerciais. O novo Jumpy e o e-Jumpy (elétrico) têm boa representatividade na categoria. Quanto à rede de concessionária, esta cresceu 70% desde a integração à Stellantis - com 172 pontos no Brasil.

Peugeot

Diferentemente da Citroën, a Peugeot não teve lançamentos de produtos inéditos relevantes desde a criação da Stellantis. O que ocorreu foi uma mudança de mentalidade, com intercâmbio de executivos da FCA e PSA, além de compartilhamento de componentes.

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Entre os exemplos dessa mudança estão a criação de novas versões para o 2008 e a adoção do motor 1.0 Firefly (da Fiat) no 208, que deixou o modelo mais competitivo e alavancou suas vendas.

A mais recente novidade é o 208 com o propulsor 1.0 turbo, também da Fiat. Além disso, o Peugeot 2008 ganhará em breve uma nova geração - com visual semelhante à da versão elétrica já vendida no País, e-2008.

Mas além desses lançamentos a combustão, a nova estratégia da Peugeot tem como foco a eletrificação. Se a Citroën agora é de entrada, sua irmã passa a ocupar a vanguarda quando o assunto é veículo eletrificado.

Assim, não há mais planos de trazer a Landtrek. A picape tem pegada muito comercial, que não está alinhada ao novo conceito de vanguarda tecnológica da Peugeot. Por isso, o produto agora apenas servirá de base para a Titano, da Fiat (que chega até o início de 2024).

Esse novo posicionamento leva à estratégia de inversão. Atualmente a Peugeot ainda tem mais participação que a Citroën, mas o plano é alternar esse curva até o final do ano que vem.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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