Testamos sistema híbrido que a Fiat lançará no Brasil a partir de 2024
Está gerando polêmica o pedido da Anfavea, a associação das montadoras, de aumento no imposto de importação para carros elétricos para 35%. É uma medida com claro objetivo de barrar o avanço chinês nesse segmento, principalmente após a chegada do BYD Dolphin, de R$ 150 mil, mesmo valor inicial do GWM Ora 03, que virá no fim do ano.
O principal problema é que não há planos concretos anunciados para a produção de carros elétricos pelas fabricantes tradicionais - BYD e GWM também se tornarão montadoras em breve. Por enquanto, o presidente global da Volkswagen, Thomas Schäfer, apontou com a possibilidade da nacionalização de automóveis 100% a bateria depois de 2026.
Além disso, a Stellantis (Fiat, Jeep, Peugeot, Citroën, RAM e Abarth) pretende ter 20% de elétricos em sua gama até 2030 - segundo o CEO Antonio Filosa, que está deixando a América do Sul para assumir a liderança global da Jeep em novembro. Porém, o grupo não divulgou se esses produtos serão nacionais ou importados.
Fato é que Volkswagen e Stellantis, independentemente da decisão sobre a nacionalização dos elétricos, já anunciaram que a aposta para grande volume eletrificado no mercado brasileiro é o híbrido flex. Enquanto a alemã foi a primeira a apontar essa direção, o conglomerado formado por marcas americanas, francesas e, no Brasil, uma italiana, saiu na frente na hora de divulgar detalhes sobre sua tecnologia. Esta foi batizada de Bio-Hybrid e vai começar a chegar aos carros da empresa em 2024.
Enquanto isso, UOL Carros saiu na frente e foi à Itália testar a tecnologia que estará nos modelos híbridos da Stellantis. Foram mostrados no Brasil três sistemas Bio-Hybrid, já disponíveis na Europa, mas com grandes adaptações no processo de nacionalização - as tecnologias serão produzidas no País. A mais simples, semelhante à do Panda, é um recurso híbrido-leve com bateria de 12V.
A tecnologia de topo é a híbrida plug-in, como a do Compass 4xe. Já a intermediária usa dois motores elétricos, um deles acoplado à transmissão. Entre outros modelos, equipa o Fiat 500X. Foi este o carro que UOL Carros testou na Itália.
Sistema híbrido do 500X
O 500X combina motor elétrico dianteiro alimentado por bateria de 12V a um outro, acoplado à transmissão (automatizada de sete velocidades e duas embreagens) e com sistema de 48V. Eles trabalham, nesse SUV, junto a um propulsor 1.5 turbo a gasolina de ciclo Miller. E aí estará a principal diferença entre o recurso testado e o que será oferecido no Brasil.
No SUV, que é feito na plataforma Small Wide (a mesma de Renegade, Compass e Toro, entre outros), a potência e o torque são apenas entregues pelo motor a combustão. O propulsor elétrico principal, porém, é capaz de gerar força extra ao conjunto em outras aplicações.
Com isso, o 500X entrega 130 cv de potência. O torque é de 24,5 kgfm. O câmbio a que o motor elétrico principal está acoplado, DCT, não tem ainda aplicação no Brasil. Se não for nacionalizado, a Stellantis precisará adaptá-lo às suas transmissões disponíveis no País - a principal é a automática de seis velocidades.
Como funciona
No 500X, não há o botão EV nem nenhuma outra entrada para que o motorista opte por usar o motor elétrico apenas. Há, no painel central, somente uma tecla para desligar a assistência do propulsor a eletricidade.
A Fiat Europa, aliás, classifica o 500X como um híbrido leve. Geralmente, nessa modalidade, o motor elétrico não é capaz de funcionar sozinho. Mas, no SUV, ele dispensa sim o propulsor a combustão em algumas situações.
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Quero receberPorém, notei isso também em algumas outras situações. Principalmente rodando na cidade, a até 60 km/h. O comportamento foi o mesmo descrito acima. Porém, essa desativação do motor a combustão dura pouco. Coisa de menos de um minuto.
As baterias do sistema a eletricidade são alimentadas por meio de energia gerada nos processos de frenagem e desaceleração do carro.
Resultado prático
Fato é que o sistema híbrido do 500X tem um resultado prático notável. Há boa redução no consumo de combustível. Minha máxima foi de 16 km/l, no misto cidade/estrada.
Além disso, consegui rodar quase 600 km com um tanque de combustível. É uma boa autonomia, considerando que o tanque do 500X tem 48 litros de capacidade, que não é das mais altas.
Mas, no Brasil, os resultados podem não ser tão bons quanto os obtidos na Itália, dependendo do motor combinado ao sistema. Carros flex tendem a entregar consumo maior que os 100% a gasolina.
Além disso, a gasolina na Itália traz apenas 5% de etanol. Aqui no Brasil, a aplicação do combustível vegetal é 25%. E o álcool apresenta consumo maior que o derivado do petróleo.
Mas claro que isso vai depender da eficiência e dos números de um motor a combustão. Em um 1.0 aspirado, por exemplo, consumo e autonomia com gasolina podem ser até melhores que os obtidos na Europa. Porém, a esses propulsores, geralmente destinado a carros de entrada, o mais provável é que seja combinado o Bio-Hybrid mais simples, apenas com sistema de 12V.
500X
A versão avaliada do 500X foi a belíssima série Dolcevita, na cor vermelha. Apesar de o estilo retrô e detalhes do interior remeterem ao hatch 500, o SUV usa a plataforma do Renegade.
Na comparação com o Jeep, tem espaço interno semelhante e porta-malas um pouco menor. É um SUV bem compacto. O acabamento é bonito e bem-feito, combinando com a cor da carroceria.
Entre os sistemas de assistência, há um sensor de ponto-cego que apita demais, até quando detecta outro carro em uma ultrapassagem. Já o sistema multimídia é bem inferior ao oferecido pelos Fiat brasileiros.
Não há planos de trazer o 500X Dolcevita ao Brasil (nem nenhuma outra versão desse SUV). Aqui, a Fiat já tem seus utilitários-esportivos compactos, que são superiores em alguns aspectos e inferiores em outros.
Além disso, o charmoso 500X Dolcevita seria muito caro se importado ao mercado brasileiro. Ele custa 30 mil euros na Itália. São cerca de R$ 160 mil, na conversão direta. Sem contar os impostos e os eventuais opcionais que a marca colocaria como itens de série no pacote Brasil.
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