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Grand Cherokee retorna ao Brasil para recuperar a aura de luxo da Jeep

Em 1992, o recém-nomeado CEO da Jeep, Bob Lutz, conseguiu atrair todas as atenções no Salão de Detroit (EUA) para seu novo produto de luxo: o então inédito Grand Cherokee. Em uma época em que as mostras automotivas eram extremamente relevantes, e a do Estado de Michigan era a principal do então maior mercado de carros do mundo, o SUV grande entrou no local do evento escalando as escadas e quebrando os vidros.

A ação marcou a memória da indústria automobilística e o nascimento de um modelo que se tornou ícone de luxo no Brasil. Pouco tempo depois da estreia em Detroit, o Grand Cherokee foi um dos primeiros carros requintados a chegar ao mercado nacional, no contexto da reabertura das importações - logo após o ex-presidente Fernando Collor afirmar que os carros brasileiros eram carroças.

A primeira geração marcou época no Brasil e se tornou objeto de desejo. 31 anos após a estreia em Detroit, o mundo mudou e a Jeep também. A marca não é popular, mas ganhou alto volume após começar a produzir três modelos em Pernambuco. Tornou-se montadora generalista.

E o mundo vem substituindo os imensos motores bebedores de combustíveis típicos dos carros americanos por propulsores menores, mais eficientes e, na maior parte dos casos, auxiliados por eletrificação. É neste contexto que chega ao Brasil a quinta geração do Grand Cherokee. Trazido apenas em versão híbrida, 4xe, ele se adequa às novas diretrizes globais da indústria.

Porém, pretende também mostrar que a Jeep está ao alcance de mais pessoas de Brasil sim, mas ainda sabe fazer (e bem) modelos de luxo. O Grand Cherokee vem para concorrer com os SUVs grandes das marcas premium. O preço, único: R$ 570 mil. Para 2023, o lote de importação é de 150 unidades.

Preço e rivais do Grand Cherokee

Caro? Depende da perspectiva. Para aqueles que continuam considerando o Grand Cherokee o ícone do luxo que ele sempre foi, não. O preço está adequado. Já os que passaram a enxergar a montadora como generalista e um patamar abaixo das premium podem considerar a tabela um pouco exagerada.

Fato é que o Grand Cherokee é um pouco mais caro que a versão de entrada do Volvo XC90, que vem sendo considerado a referência do segmento de SUVs grandes - principalmente por causa dos preços menores que os da concorrência. Na comparação com Audi Q7 e Lexus RX500h, a tabela é semelhante. Já ante X5, Cayenne e GLE, o valor do Jeep fica bem abaixo.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL
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O Grand Cherokee deve atrair o perfil de clientes do XC90 que quer um carro híbrido, mas não precisa dos sete lugares - mas o Volvo é também mais potente. O mesmo vale para o Q7 (que é 40 cv mais fraco). Ou ainda aqueles que estavam de olho no X5, mas decidiram economizar. E também os fãs de carteirinha do Jeep, que só estavam esperando ele voltar.

Interesse no Grand Cherokee não falta. Tenho acompanhado e produzido conteúdos sobre o carro desde janeiro, quando vi pela primeira vez a nova geração em Dallas, no Texas (EUA). Todos os vídeos e outros conteúdos que produzi desde então tiveram grande repercussão. A maioria dos comentários era de carinho, respeito e desejo pelo modelo que já está fora do Brasil há algum tempo.

Design e interior

A nova geração mantém coisas que fizeram parte da história de todos os Grand Cherokee que vieram antes dele. Estão lá o capô alongado, o para-brisa curvo, a linha de cintura retilínea, o para-lama trapezoidal, os faróis retangulares e a coluna D estreita. A grade de sete fendas vem com um centro mais pronunciado, que a Jeep chama de shark shape (formato de tubarão).

De acordo com a montadora, essa solução passará a ser usada nas próximas gerações de outros modelos Jeep. As rodas têm 20" e o carro é repleto de inscrições na cor azul, presente também no contorno do nome da marca. Esse é o tom que identifica os modelos híbridos da Jeep.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL
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Este seria um modelo ideal para acomodar três pessoas atrás. Porém, o túnel central é alto, o que levará o passageiro do meio a ficar com as pernas um pouco para cima - e sentir um certo desconforto. O lado bom é que, mesmo com toda essa amplitude interna, não há prejuízo ao porta-malas. O generoso compartimento oferece 580 litros e tem abertura elétrica.

Equipamentos do Grand Cherokee

O teto solar panorâmico é um dos destaques, mas a verdadeira atração da cabine é o sistema de três telas, todas em torno de 10". O quadro de instrumentos digital tem 20 menus configuráveis. O multimídia, com sistema operacional semelhante ao dos Jeep brasileiros, traz Android Auto e Apple CarPlay sem fio. E a terceira tela é para o passageiro. Por meio dela, dá para comandar o sistema de som e o navegador GPS nativo.

O Grand Cherokee vem também com Head Up Display (HED), que projeta informações do quadro de instrumentos no para-brisa. Há oito entradas USB (quatro do tipo A e quatro do tipo C), carregador de smartphones sem fio e tomadas universais. O sistema de som Alpine traz nove alto-falantes e 506 W.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O sistema de tração é 4x4 é permanente, com os modos para gelo, lama e areia e distribuição de torque entre os eixos e rodas. A capacidade de imersão é de 61 cm e a de reboque, 2,3 toneladas. O Grand Cherokee também oferece modos para o on-road (como o esportivo) e outros três para o sistema elétrico. Os motores podem trabalhar em conjunto ou individualmente.

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Desempenho e capacidade elétrica

O novo Grand Cherokee é um híbrido plug-in com bateria que pode ser recarregada em duas horas e meia em tomada de 220V. O ponto negativo é a autonomia no modo elétrico: apenas 29 km.

O propulsor elétrico principal é instalado no eixo traseiro, e há outro no dianteiro, que também gera torque para as rodas. O sistema é combinado ao 2.0 turbo Hurricane, que entrega 272 cv. É o mesmo motor que equipa as versões a gasolina da picape brasileira Rampage, da RAM (marca que, como a Jeep, faz parte do Grupo Stellantis).

Já a potência do conjunto é de 380 cv, com torque de 65 kgfm. De acordo com informações da Jeep, o Grand Cherokee acelera de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos. No curto test-drive, de apenas 12 km, estritamente em ciclo urbano, não deu para ter ideias profundas sobre o comportamento do modelo.

Mas algumas aceleradas mais fortes mostraram que, apesar de todo o tamanho, o conjunto tem ótima capacidade de retomada. Outra característica marcante do Grand Cherokee é o conforto ao rodar - a suspensão traseira é multlink. O câmbio é automático de oito marchas.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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