Honda ZR-V é lançado para incomodar Compass e Corolla Cross; veja preço
A linha Honda ganhou no Brasil um produto entre o HR-V e o CR-V, para atuar na faixa mais competitiva do segmento de SUVs médios - aquela que tem como principal representante o Jeep Compass. Este modelo é o ZR-V, produzido no México e vendido na América do Norte com o nome de... HR-V.
Sim, o HR-V deles é diferente do nosso em dimensões. Por ser importado, o ZR-V não traz aquela variedade de versões do Compass e do Corolla Cross. Nem mesmo a do argentino Taos, que tem só duas. O produto da Honda chega em configuração única, Touring, bem completa e por R$ 214.500.
O preço é mais alto que o de Taos Highline e Corolla Cross XRX, as versões topo de linha desses modelos. E também que o do novo Ford Territory, outra novidade da categoria. Mas não tão mais alto: entre R$ 4 mil e R$ 2 mil, aproximadamente (leia mais abaixo). Já o Compass supera o ZR-V tanto na versão Limited quanto na S, esta em um patamar bem mais elevado.
Por isso, desta vez a Honda acertou no preço. Se não é mais barato, pelo menos o novo produto está em faixa semelhante à da concorrência.
O motor é o 1.5 turbo, certo? Errado! O ZR-V é o SUV aspirado dessa turma. Seu 2.0 tem como base o usado no antigo Accord - de décima geração - e no Civic Type R. Porém, nesses, a aplicação é turbo. São 161 cv, ante os 177 cv dos HR-V Touring e Advance.
Como justificar os R$ 20 mil a mais - isso na comparação com o HR-V topo de linha - para o ZR-V, que é menos potente (e mais lento), apesar de maior? O novo Honda tem algumas cartas na manga para justificar.
Público alvo
De acordo com a Honda, o ZR-V é para famílias. O HR-V 1.5 turbo é para pessoas que estão mais preocupadas com desempenho, sejam elas de perfil familiar ou não. Fato é que o novo produto é maior e superior ao veterano em dois atributos que fazem toda a diferença para seu público alvo: espaço traseiro e porta-malas.
São 4,54 metros de comprimento, 14 cm a mais que o Compass e 8 cm superior ao Taos. Com isso, o modelo é o que mais se aproxima do Territory (4,63 m). Mas a capacidade do porta-malas, em números, não impressiona: 389 litros. Na prática, o espaço é semelhante ao do Jeep, melhor que o do Corolla Cross e inferior ao do VW.
Além disso, supera com margem o compartimento do HR-V, que perdeu capacidade nesta nova geração. Abaixo da tampa do porta-malas, há alguns compartimentos que parecem caixas, para levar pequenos objetos. O carro tem também estepe de uso temporário.
Mas é no espaço interno que o ZR-V sobressai não apenas ante o irmão da Honda, mas também em relação à concorrência (com exceção do Territory, que nesse ponto é superior). Com 2,65 metros de entre-eixos, o novo SUV tem assoalho quase plano e acomoda melhor que a média três passageiros no banco de trás.
Mas é também nessa parte que está o principal ponto negativo, ainda mais para um carro que, de acordo com sua fabricante, é familiar. Não há saída de ar para os passageiros de trás, uma falha grave nesse categoria. Ao menos, eles contam com porta-revistas/tablets e duas entradas USB-C.
Design e acabamento
O ZR-V tem grade preta com interior em formato colmeia, para-choques com detalhes no mesmo tom e faróis full-LEDs antiofuscamento. Lateralmente, as rodas são de 17" e cinco raios (há freios a disco nas quatro).
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Quero receberA lateral também traz detalhes pretos nas molduras e parte de baixo das portas, e o teto é levemente rebaixado (mas nem tanto quanto o do HR-V), característica disfarçada pelo spoiler traseiro. A parte de trás, aliás, lembra um pouco a do City, mas o ZR-V tem personalidade própria. Nessa seção, destaque para a saída de escape cromada.
O porta-malas não tem abertura elétrica. O ZR-V tem sete cores de carroceria. Há azul, vermelha, preta, branca, prata e dois tons de cinza.
Por dentro, chama a atenção o excelente acabamento, com plástico emborrachado na parte de cima das portas e um bom estofamento nos bonitos puxadores. Esse mesmo revestimento está nos painéis.
O console é suspenso e, nele, estão duas das três entradas USB da frente, ambas do tipo C. Diferentemente do que ocorre na maior parte dos modelos que usa a solução, no ZR-V elas estão bem posicionadas e são muitos fáceis de acessar.
A outra entrada USB, do tipo A, está na parte de baixo do painel, acima do carregador de smartphones sem fio. É exclusiva para conexão via Android Auto e Apple CarPlay. Os aparelhos com sistema IOS, porém, também trazem conexão wireless.
Tecnologia
O multimídia, com tela de 9", é basicamente o mesmo do HR-V, em formato, apresentação dos ícones e operação. Tem alguns botões físicos, como para o volume, alteração de músicas e estações de rádio e home. De resto, é sensível ao toque.
O painel de instrumentos, digital e configurável, tem monitor de 7" e também é semelhante ao do SUV brasileiro. O ZR-V tem sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e câmeras de ré e lateral. Esta projeta imagens na tela da central multimídia em conversões à direita, sempre que se aciona a seta para essa direção, reduzindo pontos cegos.
O modelo vem com controles de descida, estabilidade e tração. Outro destaque fica por conta do controlador de velocidade adaptativo e da frenagem autônoma de emergência com alerta de colisão.
O leitor de faixas tem função de correção, centralização e é muito preciso - um dos melhores do mercado para essa categoria de veículos. Não apenas corrige a trajetória; também é capaz de fazer curvas leves, em rodovias, sem interferência do motorista, que só precisa manter as mãos ao volante.
Aliás, os sistemas de assistência à condução têm sido um grande diferencial da Honda nos segmentos mais importantes em que atua. Não apenas pela oferta, mas também pela precisão com que se comportam.
O ZR-V traz também oito airbags e assistente de partida em rampas. O banco do motorista conta com ajustes elétricos. O ar-condicionado digital de duas zonas tem todos os comandos no painel de central, sem necessidade de acessar a tela da central multimídia para fazer mudanças.
Motor e desempenho
A potência de 161 cv do ZR-V é superior à de alguns concorrentes, como o Corolla Cross híbrido e o Taos. O problema em motores aspirados é o torque, inferior ao de modelos turbo. No caso do Honda, são menos de 20 kgfm. Mais precisamente, 19,1 kgfm a 4.200 rpm.
Os turbo entregam a força máxima em rotação mais baixa, o que acaba privilegiando retomadas de velocidade mais fortes. Mas o 2.0 do ZR-V é bom, com tecnologias como comando variável de válvula, e garante consumo interessante. São 10,2 km/l na cidade e 12,1 km/l na estrada. O propulsor é a gasolina.
Na hora de acelerar, o ZR-V não desaponta nem surpreende. É um carro correto, que vai de 80 km/h a 120 km/h com eficiência. Este é um bom parâmetro para avaliar a capacidade de ultrapassagem em uma pista simples, onde agilidade é fundamental. O novo Honda é capaz de cumprir bem esse papel.
O principal problema está em subidas, principalmente partindo de velocidades e rotações baixas. Nessa situação, o ZR-V acusa certo sofrimento, a ponto até de o motor gritar demais. O modelo tem câmbio CVT e tração dianteira.
Ao volante, o destaque é a dirigibilidade. Chega a ser um clichê, no jornalismo automotivo, dizer que há bom equilíbrio entre conforto ao rodar e estabilidade. Até por isso, eu nunca uso essa frase. A guardo para momentos em que ela é realmente verdadeira, como no caso do ZR-V.
Há modelos que são muitos confortáveis, mas molengas demais, carecendo de firmeza em curvas e, de vez em quando, até em altas velocidades. Outros são muito firmes, mas pecam no conforto. Não é o caso do ZR-V. Suas suspensões (independentes nos dois eixos) filtram bem os impactos com o piso.
E, junto com a direção progressiva, que vai ganhando peso a medida que a velocidade aumenta, garantem firmeza e bom desempenho em curvas. É um carro gostoso de dirigir sem machucar os ocupantes.
Expectativa de vendas e concorrência
A Honda não costuma divulgar sua expectativa de vendas, mas abriu exceção com o novo ZR-V. Isso para mostrar que não está entrando nesse segmento para ocupar nicho, como ocorre com o novo Civic, que tem emplacamentos para lá de discretos.
Na verdade, a marca informou quantas unidades trará mensalmente do México para vendas no Brasil: cerca de mil. São números distantes da realidade do Compass, que em 2023 tem média de quase 5 mil exemplares/mês, e do Corolla Cross, com 3.500, aproximadamente.
Porém, é um número próximo ao do Taos, cuja média mensal em 2023 está em 1.200 unidades. Assim, a Honda tem expectativas boas, ainda mais para um carro com apenas uma versão. E versão topo de linha, enquanto os rivais oferecem opções mais acessíveis.
O Compass parte de R$ 178.590 e, na opção equivalente ao ZR-V, Limited, vai a R$ 215.890. O S sai por R$ 240.990. O Corolla Cross começa em R$ 162.590. Na XRX, alvo do Honda, a tabela é de R$ 210.990.
O Taos Comfortline tem preço sugerido de R$ 186.290 na versão Comfortline e R$ 212.480 na Highline - rival do ZR-V Touring. O Territory, também em versão única, Titanium, custa R$ 209.990.
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