Chevrolet Silverado: veja os erros e acertos da picape que voltou ao Brasil
Após dois meses de pré-venda, a Chevrolet Silverado está pronta para chegar às concessionárias do Brasil. O processo mostrou que o público do agronegócio deve impulsionar a picape, de acordo com a fabricante. Isso porque Goiania liderou as reservas, seguida por Cuiabá.
O modelo chega em um segmento que voltou aos holofotes do Brasil com o retorno das picapes da RAM, e que teve também, em 2023, a chegada da F-150. Vai concorrer diretamente com o modelo da Ford e com a 1500.
No Brasil, com preços que ultrapassam os R$ 500 mil, essas picapes fazem sucesso, mas são nicho. Já no país de origem, Estados Unidos, estão entre os veículos mais emplacados. A F-150 é o modelo mais vendido dos EUA, seguida pela Silverado, segunda, e RAM, terceira. Só após as três aparece um carro de passeio, o RAV4.
Aqui, vale ressaltar que os números são referentes a todas as picapes Série F, da Ford, a todos os produtos da RAM, assim como à gama completa da Silverado (que também tem várias configurações).
Mas será que no Brasil teremos a mesma lógica? Por enquanto, quem lidera aqui é a pioneira 1500. A F-150 ainda não conseguiu alcançá-la. E o que será da Silverado? Quem chega depois tem de chegar melhor, certo? Será que o produto da Chevrolet conseguiu cumprir essa lógica?
Veja, abaixo, quais são os erros e acertos da Silverado na briga com a RAM 1500 e a Ford F-150. Foram considerados pontos que são importantes para os consumidores da categoria.
Versão e posicionamento
A Silverado sai atrás ao ter apenas uma versão, topo de linha. Trata-se da High Country, tabelada em R$ 520 mil. Executivos da Chevrolet não descartam trazer uma opção mais em conta.
A Rebel é a versão de entrada da 1500, e custa R$ 470 mil, R$ 50 mil a menos. Já a opção equivalente à Silverado High Country, Limited, sai por R$ 530 mil, ou R$ 10 mil a mais.
Aqui, a Chevrolet errou? Não! O preço ficou bem posicionado. Como chegou depois, talvez pudesse levar alguma vantagem se a Silverado fosse um pouco mais em conta que a F-150. Além disso, já é fato que, apenas com essa versão, dificilmente entrará na briga pela liderança. Mas essa é a estratégia da marca.
Motor
A Silverado é a mais fraca das três picapes. O motor é V8, como a das demais. Mas seu 5.3 entrega 360 cv, ante os 400 cv da 1500 e os 405 cv da F-150. É muita diferença! Que bom para a Chevrolet que não apenas esse número define o desempenho de um veículo.
Conforme dados oficiais das montadoras, a Silverado é sim a mais lenta. Vai de 0 a 100 km/h em 7,4 segundos. No caso da F-150, são 7,1 segundos. Já a RAM divulga que a 1500 cumpre a mesma prova em 6,4 segundos.
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Quero receberA Silverado, porém, poderia chegar como a picape mais forte e rápida da categoria. No exterior, tem um 6.2 V8 de 420 cv. A Chevrolet errou em não trazer essa configuração? Depende, pois certamente o modelo ficaria mais caro (ao menos, mais que a F-150).
Além disso, existem questões de emissões, que ficaram mais severas no Brasil. Sendo assim, querer trazer a 6.2 não é necessariamente poder trazer.
Autonomia
A pior autonomia do segmento é a da RAM 1500. Mesmo com tanque de 100 litros, ela dificilmente chega aos 500 km, na estrada. E, considerando o perfil de cliente traçado pela Chevrolet, mais focado no Centro-Oeste e no público do agronegócio, esse fator é importantíssimo.
Empresários do agronegócio que viajam de carro rodam bastante entre uma fazenda e outra. Além disso, no interior do Centro-Oeste, a rede de postos de combustível não é tão ampla quanto no Sudeste, por exemplo. Pode-se passar muitos e muitos quilômetros sem um local para abastecer.
Isso reduz o consumo e, consequentemente, aumenta a autonomia. Os números da Silverado, no entanto, são piores que os da F-150. Oficialmente, a Chevrolet faz 7,2 km/l em rodovias e a Ford, 8,6 km/l. Na prática, dá para conseguir números melhores com ambas, que também têm tanques em torno de 100 litros e são superiores à 1500 nesse aspecto.
Tecnologia e capacidade off-road
A Silverado vem de série com tudo o que as rivais oferecem. Tem tampa da capota e estribos elétricos, teto solar, câmeras 360, controlador de velocidade adaptativo. Tecnologia embarcada é o que não falta no novo produto.
O teste off-road, aliás, foi aquele em que a Silverado sobressaiu, com muita desenvoltura, robustez e conforto - apesar de um incômodo barulho no retrovisor externo do motorista, notado em praticamente todas as unidades avaliadas na ocasião.
Conclusão
Embora menos potente, a Silverado veio bem posicionada em preço, equipamentos e capacidade off-road. Porém, como chegou depois, o ideal seria ter vindo com um diferencial. E, sinceramente, isso não ocorreu. Não há nada que ela ofereça que as rivais também não tenham.
Claro que estamos falando de um modelo importado. A Chevrolet colocou todos os opcionais possíveis no produto, para deixá-lo mais interessante. Assim, dá para dizer que fez o que pode.
O que a marca poderia ter feito, diante das limitações de um produto importado e de nicho no Brasil, é trabalhar melhor o preço. Não que ele esteja errado. Mas como é mais fraca que as rivais, ter um valor em torno de R$ 10 mil mais baixo que o da F-150 poderia gerar no cliente um efeito psicológico na hora da decisão.
Psicológico porque, para o público desse segmento, R$ 10 mil não faz, na prática, diferença. Fato é que, entre os três, o cliente vai acabar decidindo por aquele produto de que é fã, produzido pela marca com que mais se identifica. E, como a 1500 e a F-150, a Silverado também tem muitos fãs.
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