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Por que a Porsche 'enlouqueceu' ao lançar o novo Cayenne S 2024

A Porsche enlouqueceu, perdeu a cabeça, está fora de si. Contra tudo e todos - e até contra si mesma, talvez -, decidiu lançar o novo Cayenne S 2024 com um motor... V8. Como assim? Não faz nenhum sentido, certo?

O parágrafo acima contém uma boa dose de ironia. É claro que a Porsche não enlouqueceu nem perdeu a cabeça. A marca pensou muito bem na estratégia ao lançar o novo Cayenne S 2024, que por enquanto é a versão de entrada do modelo no Brasil, com o motor 4.0 V8 biturbo, o mesmo usado nas configurações mais caras do produto (mas com potência menor).

O Cayenne S será a opção de entrada até a chegada de novas versões híbridas, que já estão em pré-venda e têm início das entregas previstas para a primeira metade do ano que vem. Até a linha 2023, essa mesma configuração, S, trazia um propulsor V6.

Alguns anos atrás, era normal a substituição de um V6 por um V8 em uma renovação de linha. E o Cayenne 2024 é exatamente isso: a atualização de meio de vida da atual geração (a terceira) do Cayenne. Então, por que a brincadeira do primeiro parágrafo?

Quem acompanha a indústria já sabe que as coisas mudaram nos últimos anos. Em prol da eficiência energética, motores maiores passaram a ser substituídos por menores. Na maioria dos casos houve até ganho de potência e torque com consumo de combustível mais baixo.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Os V8, mesmo os turbo, estão ficando mais raros. E um dos principais exemplos da atualidade é o novo C 63 AMG, da Mercedes-Benz. A versão esportiva do Classe C simplesmente abandonou o oito-cilindros não por um V6, mas por um quatro-cilindros.

Esse C 63 AMG, em nova geração, ainda não chegou ao Brasil, mas deverá estar aqui em breve. Na contramão da Mercedes-Benz, a Porsche inverteu toda uma tendência com o Cayenne 2024. A versão S, além de "crescer" em motor, não tem nenhum auxílio elétrico. Não é nem mesmo um híbrido leve.

Por que a Porsche ficou 'louca'

Existe tendência. E existe aqueles que não gostam dessa tendência. Como a quase todas as montadoras, a Porsche já está aderindo à eletrificação e, na próxima década, terá a maior parte de sua gama formada por veículos 100% a eletricidade.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Eu fico imaginando o que se passou pela cabeça dos executivos da Porsche ao optarem pela troca do V6 pelo V8 no novo Cayenne S. E acredito que atender os fãs tradicionais da marca tem tudo a ver com essa decisão.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Mas, cada vez menos, haverá espaço para propulsores tão grandes. Então, nos resta (e eu me coloco nesse grupo) aproveitar o tempo que ainda temos com motores como o V8 da montadora alemã. E dizer: obrigada, Porsche, por inverter a tendência e nos dar esses últimos momentos.

O fruto da 'loucura'

O motor 4.0 V8 do novo Cayenne S é uma obra-prima. Mesmo com dois turbos, que muitas vezes abafam o som poderoso, ele ronca alto mesmo na mais sutil das acelerações. É um som rouco, como um rugido, cada vez mais raro de se ouvir na cabine de um carro.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O câmbio é automático de oito velocidades e a tração, integral por demanda. O Cayenne S acelera forte, ainda mais para um carro com quase 2.200 kg. É desses modelos que levam o corpo a grudar contra o banco na hora que o motorista crava o pé no pedal do acelerador. De acordo com dados da Porsche, vai de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos.

Também foram feitas mudanças que deixaram o Cayenne S mais confortável e, ao mesmo tempo, mais esportivo. Os pneus usam agora mais borracha, amenizando aquela sensação de SUV duro que o Porsche sempre teve e que causava estranheza em consumidores de utilitários-esportivos de outras marcas.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL


Outras mudanças

O novo Cayenne 2024 não é apenas a troca de um motor V6 pelo 4.0 V8 na versão S e as modificações para aprimorar a dinâmica de condução. O modelo passou por reformulação leve no exterior, com mudanças sutis, e atualizações mais profundas na cabine. Uma das principais está no console central, mais limpo.

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O câmbio foi retirado desse parte e agora está no painel, ao lado direito do volante. Do lado esquerdo permanece a ignição. Mas a pequena chave (que era fixa e decorativa, pois o Cayenne já tinha chave presencial) foi trocada por um botão de partida convencional.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

A montadora está trabalhando para homologar no Brasil o sistema Porsche Connect, que permite a reprodução de streaming de vídeo na tela do passageiro. A montadora, no entanto, ainda não divulgou quando passará a oferecer essa funcionalidade.

Legislação não deverá ser problema. Embora não seja permitido reproduzir vídeos em telas dianteiras de veículos no Brasil, para que o motorista não se distraia, este não consegue enxergar as imagens da tela do passageiro do Cayenne. Elas só são vistas pelos ocupantes (do banco da frente e dos de trás, mas neste último caso não muito bem). O opcional custa cerca de R$ 6.000.

Outra novidade na linha são os novos faróis matriciais com 32 mil pixels controlados individualmente. Eles têm alcance de até 600 metros e são capazes de interagir com sistemas de assistência para iluminar objetos e até pedestres à frente. O Cayenne S tem preço de R$ 810 mil.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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