Nada de Kwid, Mobi ou Onix: veja como são os carros 'populares' nos EUA
A lista dos carros mais vendidos dos Estados Unidos é composta por produtos muito diferentes dos campeões de emplacamentos no Brasil. Aqui, hatches compactos e SUVs dominam o topo do ranking, que começa a receber também algumas picapes (mas compactas, a exemplo da Fiat Strada). Lá, os mais comprados pelo público são três picaponas: F-150 (e outras da série F), Silverado e modelos RAM.
Em seguida, aparecem produtos como os Toyota RAV4 e Camry, o Honda CR-V e até um elétrico, o Tesla Model Y. Dos que estão disponíveis no Brasil, todos os campeões de bilheteria nos EUA têm preço altíssimo e são produtos de nicho. Mas será que, no mercado americano, eles estão entre os mais acessíveis?
A resposta é: não. O "top 10" mostra o gosto do consumidor do país, que gosta de carros grandes, mesmo que eles custem mais. Se não fosse assim, o Corolla venderia mais do que o Camry por lá. E o ZR-V (que por lá eles chamam de HR-V) teria mais emplacamentos que o CR-V. Algo que, na prática, não ocorre.
Aqui no Brasil, por muito tempo se chamou de carro popular o hatch compacto de entrada. O conceito, mesmo aqui, está entrando em desuso, pois esses produtos estão cada vez mais caros. Porém, há quem ainda chame Kwid, Mobi e as versões de entrada de produtos como Onix, HB20 e Polo de populares.
Os três últimos, aliás, estão no grupo dos cinco mais emplacados no mercado brasileiro. Mas e nos EUA? Há um carro popular - ou seja, um hatch compacto nos moldes dos campeões de bilheteria nacionais? É raro, mas há. Aliás, um apenas - já que iniciativas de montadoras no passado geraram pouco resultado, pois o americano não os quer.
Apesar desse preço, o Mirage teve apenas 13 mil unidades vendidas nos EUA no ano passado, 16,4% a menos que em 2022 e queda de 41,8% ante o resultado de 2021. Para comparação, foram emplacadas mais de 750 mil unidades da campeã de emplacamentos, a Série F da Ford.
Entre os carros de passeios, o mais vendido foi o RAV4, com cerca de 435 mil exemplares. Ou seja: nos Estados Unidos, o carro mais barato do país é um produto de nicho.
O que o carro 'popular' dos EUA tem
E como é esse tal de carro popular dos Estados Unidos? Ele é superior aos equivalentes brasileiros? Não é não. Inclusive, na comparação com alguns produtos que temos aqui, é até inferior. Isso em um mercado tão exigente quanto o americano - no qual, como já ficou claro, preço não é o principal apelo de venda.
O carro tem painel analógico e o multimídia é daquele típico estilo japonês: tela pequena e cheio de botões. Mas, justiça seja feita à Mitsubishi: a do Outlander, que teremos no Brasil este ano, já é bem mais moderna.
Mais do que as pequenas dimensões - o Mirage tem 3,85 metros de comprimento e 2,45 m de distância entre os eixos -, o que compromete a carreira do Mitsubishi é o motor. O 1.2 aspirado, de três cilindros, tem apenas 78 cv de potência. Torque? 7,5 kgfm. O americano? Ele gosta mesmo é de motorzão.
Por que não vai bem?
Não é à toa que os Estados Unidos não têm outros hatches além do Mirage. Pense no mercado brasileiro. Versões de entrada de modelos como Polo, HB20 e Onix custam em torno de R$ 85 mil. E o que você consegue comprar com um pouco mais (por R$ 100 mil, por exemplo)? Opções mais equipadas desses mesmos produtos, basicamente.
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Quero receberE nos Estados Unidos, o que dá para comprar por US$ 20 mil (que equivalem a R$ 100 mil)? Alguns exemplos são Nissan Sentra e Kicks, Volkswagen Jetta e Hyundai Elantra. Desse grupo, no Brasil o SUV começa em R$ 113 mil. Já para ter um Sentra o consumidor vai desembolsar pelo menos R$ 150 mil. É uma diferença bem maior.
Além disso, por aqui a modalidade que impera nas compras de zero-km é o financiamento. Nos EUA, é o leasing, que deixa o valor das parcelas ainda mais próximos. Por isso, não faz mesmo sentido para o consumidor daquele país levar um Mirage para casa.
O modelo da Mitsubishi tem certa adesão entre as locadoras de veículos. Está no catálogo de entrada da maioria. Ainda assim, os valores de locação são muito próximos (ou até iguais, em alguns casos) aos de produtos como Jetta e Corolla, que acabam ganhando a preferência.
Assim, os EUA ficarão sem um hatch popular. E seria muito espantoso se alguma marca investisse novamente na categoria do país, diante da carreira do Mitsubishi. Mas, com os elétricos ganhando mercado, esse panorama pode mudar.
Fato é que o Mirage faria muito mais sentido no mercado brasileiro. No passado, a Mitsubishi estudou produzi-lo aqui, mas acabou deixando a ideia de lado. Afinal, concorrer com gigantes globais Fiat, Chevrolet, Hyundai e Volkswagen em um segmento de alto volume, é missão impossível para uma marca que, no Brasil, é representada por uma empresa nacional. Foi sábia a decisão de continuar atuando em categorias de produtos com maior valor agregado.
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