Carro de luxo barato e pedágios raros: 6 motivos para dirigir pelos EUA
Viajar de carro a lazer é parte da cultura automotiva, e estilo de vida de muita gente pelo mundo. Há, inclusive, diversos perfis e canais dedicados ao tema em redes sociais e outras plataformas digitais.
Entre os fatores que atraem às "road trips" estão as possibilidades de guiar em estradas cênicas e instigantes, de explorar diversos destinos em uma só viagem e de guiar carros incríveis (para os que precisam alugar, ou optam por essa modalidade).
Fora do Brasil, o melhor cenário para fazer uma "road trip" são os Estados Unidos. Em primeiro lugar, a cultura do carro é mais forte nesse país do que em qualquer lugar do mundo. Então, não apenas nas estradas, mas em boa parte das cidades, tudo foi criado para facilitar o trânsito do automóvel.
Além disso, por lá o viajante sobre rodas pode encontrar tudo o que procura: cenários inesquecíveis, rodovias bem conservadas e rápidas, trechos imortalizados no cinema e na música (os dois principais pilares da cultura popular moderna) e carros incríveis com preços camaradas. Por isso, aqui eu listo seis razões para não adiar mais o sonho de fazer uma road trip americana.
1 - Estradas mais famosas do mundo
Em meu perfil do Instagram, eu fiz uma enquete sobre quais são as estradas mais famosas do mundo, na opinião de meus seguidores. A Rota 66 ficou em primeiro lugar, disparado. Na segunda posição: a Pacific Coast Highway, ou Highway 1. Ambas são nos Estados Unidos.
Embora não seja uma estrada específica, e sim o nome dado ao sistema de rodovias da Alemanha, "Autobahn" ocupou o terceiro lugar. Os brasileiros sonham em dirigir nessas vias alemãs com trechos sem limite de velocidade.
Fato é que os Estados Unidos têm duas vias que são mais que estradas. São também destinos. A Rota 66 conecta Chicago a Santa Mônica (Los Angeles) e tem quase 4 mil km. Hoje, com a proliferação das interstates (rodovias de pista dupla e alta velocidade), já não é a principal ligação entre os destinos.
Assim, tornou-se um roteiro histórico, por representar não apenas um instrumento de transporte, mas também um marco cultural e de contracultura. Dá para fazer a 66 completa, o que consumirá pelo menos 20 dias.
Há várias paradas interessantes pelo caminho, seja em pequenas cidades ou marcos históricos, ou em locais mais conhecidos - St. Louis (Missouri), Oklahama City (Oklahama), Amarillo (Texas), Albuquerque (Novo México) e San Bernardino (Califórnia). Outra sugestão é fazer trechos menores da Rota 66. Eu percorri duas vezes uma parte da estrada na Califórnia, em viagem entre Los Angeles e Las Vegas (veja aqui).
A Pacific Coast Highway é a mais famosa estrada litorânea dos Estados Unidos. Ela é a via que percorre a costa da Califórnia. O trecho mais famoso é entre Los Angeles e São Francisco. São pouco mais de 700 km, cerca de 100 km a mais que o mesmo trajeto por rodovias rápidas.
É nesse trecho que estão as principais atrações da estrada, também conhecida como Califórnia 1. A viagem levará bem mais tempo do que pelas rodovias rápidas, até porque há muito a se ver pelo caminho (leia mais abaixo). Trata-se de uma das vias mais cênicas dos Estados Unidos.
2 - Rotas famosas
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Quero receberAlém das rodovias famosas, os Estados Unidos também são repletos de rotas para fazer de carro. São roteiros que incluem um bom número de cidades e atrações turísticas próximas. Na maioria das vezes, são definidos por temas, sejam eles culturais, gastronômicos ou geográficos.
A Califórnia é um dos locais mais interessantes para explorar de carro, e a própria Highway 1 é uma rota. Ela inclui paradas em locais como Carmel e Monterey, que são próximas, Santa Barbara e Big Sur, onde está o cartão-postal da estrada, a Bixby Bridge.
Além disso, próxima a São Francisco está outra rota, a dos vinhos, em Nappa Valley. Um roteiro incrível no Estado é o de parques nacionais. São inúmeros, entre eles Yosemite, Death Valley, Joshua Tree e Channel Islands. As paisagens são variadas, com desertos, florestas e cachoeiras.
Para quem quiser expandir a rota dos parques para Nevada e Arizona (passando por Las Vegas), dá para incluir o Grand Canyon no roteiro de carro.
O sul dos Estados Unidos é outro centro de bons roteiros temáticos. A rota da música é uma viagem à cultura popular do século XX, passando por ritmos como jazz, blues, country e rock and roll. A versão compacta tem 900 km, e inclui Nova Orleans (foco no jazz, mas com diversos outros ritmos em destaque), Memphis (blues e rock and roll) e Nashville (country).
Já a versão mais ampla tem quase 1.700 km e acrescenta Chicago, outro epicentro do blues. A viagem de Nashville a Chicago é de 750 km, mas dá para dividi-la com paradas em Louisville e Indianápolis.
Nos Estados de Tennessee e Kentucky há a rota do bourbon, para visita a destilarias com tours guiados que mostram como é a produção de uma das mais famosas bebidas dos Estados Unidos. Entre as paradas que valem a pena estão a Jack Daniels (cerca de uma hora de Nashville), Maker´s Mark e Jim Bean (ambas no interior do Kentucky) e Evan Williams. Esta, em Louisville, tem um bar da época da lei seca.
3 - Paisagens e paradas pelo caminho
Em muitos trechos dos Estados Unidos, as próprias estradas já garantem paisagens deslumbrantes. Há vias que passam pelos parques nacionais, pelo litoral e por desertos. Montanhas, florestas e trechos com cavernas fazem parte do cardápio. E que tal rodar por vias suspensas?
Na rota da música, você verá uma estrada desse tipo na Luisiana, sobre os pântanos e o Golfo do México. A mais sensacional, no entanto, é conhecida como Overseas Highway, de Miami e Key West. Foi construída sobre o Oceano Atlântico.
Além das belas paisagens, há também paradas interessantes pelo caminho, sejam elas peculiares ou históricas. Os próprios pântanos da Luisiana estão nessa lista, bem como as plantações típicas do período posterior à Guerra Civil dos EUA - nos arredores de Nova Orleans.
É sempre muito legal encontrar cidades no estilo Velho Oeste. Na rota do bourbon há Bardstown, no Kentucky. Viajando pelo Texas, vale um desvio para ver uma região de Forth Worth (a mesma cidade do aeroporto de Dallas) chamada Stockyards, a terra dos cowboys.
De Las Vegas a Los Angeles, quem está com tempo precisa conhecer Calico Ghost Town, uma vila de mineradores do fim do século XIX que se tornou cidade fantasma com a escassez da prata na região, mas foi reconstruída nos anos 50 para se tornar uma atração turística que é o verdadeiro Velho Oeste. Nesse desvio, você também poderá trafegar por uma parte da Rota 66.
Já de Las Vegas ao Grand Canyon, há dois locais para provocar deslumbramento. Um deles é a barragem Hoover Dam, que já foi cenário de diversos filmes de Hollywood. O outro é um mirante para admirar o belíssimo Black Canyon. Ambos ficam próximos à divisa entre Nevada e Arizona.
4 - Qualidade das rodovias
As rodovias que conectam os Estados americanos são chamadas de interstates, e identificadas pela letra I + um número. São estradas de trânsito rápido, muito bem pavimentadas e conservadas.
Nas interstates, há sempre um local para parar, sejam eles áreas com máquinas de vendas de alimentos e bebidas, ou postos. Nesse caso, alguns ficam na própria rodovia. Outros, nas saídas para as cidades do percurso (estão logo na avenida de entrada, onde há também alguns motéis - como são chamados, nos EUA, os hotéis de beira de estrada - de preços acessíveis, para quem precisar passar a noite).
Essas rodovias são muito rápidas. Na prática, você consegue percorrer 600 km entre cinco horas e cinco horas e meia, sem levar multa. E, diferentemente do que ocorre na Alemanha, todas têm limite de velocidade - que varia bastante, mas chega à máxima de 115 km/h, aproximadamente.
A maior rapidez da viagem é fruto da cultura estradeira do motorista americano. Não dá para dizer que todos respeitam o limite de velocidade. Mas os que o fazem andam no limite, sem ficar freando por causa de radares, ou andando devagar para economizar combustível. E, principalmente, o condutor lento jamais ocupa a faixa da esquerda.
Se o tráfego estiver fluindo normalmente, dá para rodar no limite de 115 km/h por muitos e muitos quilômetros atrás do mesmo carro sem, em nenhum momento, precisar sair à esquerda para ultrapassar. E é esse comportamento, muito diferente do adotado por motoristas no Brasil, que garante viagens mais rápidas mesmo com limite de velocidade.
5 - Aluguel de carro de luxo por R$ 300. Ou menos
Eu aluguei um Audi A3 Sedan em Los Angeles por R$ 300, já com seguro, taxas e motorista adicional incluídos. Esse é um modelo da categoria premium. Se quisesse optar por um do grupo logo acima, "luxo", seriam R$ 350. Este inclui Volvo S60 e BMW Série 3.
Detalhe: retirei em Los Angeles e devolvi em Las Vegas. Ou seja: os R$ 300 já incluíram a taxa de deslocamento que muitas locadoras cobram. Quando postei esse valor de locação em meu perfil no Instagram, muitos duvidaram, mas eu expliquei como fiz isso. O segredo é saber onde locar.
No próprio balcão das locadoras, é impossível conseguir esse valor. No site dessas empresas, também é mais difícil. O segredo é efetuar a locação por meio de terceiras partes, como Rentcars.com e Decolar. Eu gosto particularmente da primeira, que costuma ter mais opções e melhores condições.
Os valores dessas empresas intermediárias sempre já vêm com seguro e taxas incluídos. São esses dois extras que acabam sempre aumentando demais o serviço reservado pelo próprio site das locadoras. Além disso, por meio da Rentcars, quanto mais longo é o aluguel, menor é o preço por dia. Seu eu tivesse reservado o A3 Sedan por sete dias, pagaria 15% a menos em cada diária (ou seja, em torno de R$ 255).
Claro que esses valores vão depender da época do ano e do local. Uma boa dica é sempre privilegiar o aeroporto, que tem mais opções e preços mais acessíveis. Além disso, de Los Angeles a Las Vegas, Alamo, Enterprise e National (as três empresas são do mesmo grupo) não cobravam a taxa de deslocamento em reservas feitas por meio da Rentcars. Confira aqui o guia completo sobre aluguel de carros nos EUA.
Para quem começará e encerrará a viagem na mesma cidade, dá para usar os serviços da start up Turo, o "Airbnb dos carros". Nesse caso, a locação é de um automóvel de pessoa física, não de empresa. Dá para escolher exatamente o modelo desejado, algo não possível nas locadoras tradicionais (em que se escolhe um grupo, não um veículo específico).
Em Las Vegas, reservei um Tesla Model 3 por US$ 60 (R$ 300) a diária. E nada mais. Também vi ofertas de Porsche 718 Cayman por US$ 100 (R$ 500). Veja tudo o que você precisa saber sobre a Turo.
6 - Raros pedágios nas estradas
Não há pedágio nas rodovias rápidas dos Estados Unidos. Essa frase é controversa, porque na verdade há, sim. Mas, em muitas regiões, eles são raros. Ou inexistentes. Percorrendo as rotas da música e do bourbon, passei por sete Estados do Sul dos Estados Unidos e inúmeras interstates. Não houve um único pedágio.
Também fui de Los Angeles a Las Vegas pela I15, sem pedágios. Mas essa mesma interstate tem sim um trecho pedagiado, nas imediações de San Diego, para quem quer usar a fast track (pista rápida). Vi algo semelhante nas imediações de Dallas. Era preciso pagar para passar pela via expressa. Mas, trafegando pela local, não havia cobrança.
Os pedágios são mais comuns nas vias expressas em imediações de grandes cidades - nesse caso, muitas vezes, basta optar por rodar pela local. Além disso, há maior recorrência na Costa Leste dos Estados Unidos.
Muitas vezes, são trechos pedagiados com cobrança automática (sem praça de pedágio), identificados pela palavra "toll". Os métodos de pagamento variam, podendo ser feito por meio de app (pré-pago). Outros, no entanto, exigem que o veículo tenha uma tag.
Mas há também praças físicas, embora mais raras. Por isso, antes de iniciar a viagem, verifique se o trecho tem pedágio (o Waze pode ajudar nessa missão). Além disso, consulte a locadora sobre como pode ser feito o pagamento, em casos de locais que não têm praças físicas.
Caso contrário, você correrá o risco de ter cobranças extras feitas pelo locador do veículo em seu cartão de crédito (possivelmente, com multa por não pagamento no momento do tráfego). Mas o fato é que na maior parte das estradas dos Estados Unidos, você não pagará pedágio.
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