Qual é o segredo dos novos Audi A4 e A5 para derrotar o líder BMW 320i
Quatro décimos de segundo. Esse foi o ganho que a Audi conseguiu para os novos Audi A4 e A5 2024 sem fazer nenhuma mudança no motor e no câmbio. Os dois modelos chegam ao Brasil com o mesmo 2.0 turbo de antes, e mantendo a transmissão automatizada de sete marchas e duas embreagens. Mais leves os produtos também não ficaram.
Mas que milagre foi esse? É que a Audi agora está trazendo ao Brasil o A4 e o A5 com sistema de tração integral quattro, substituindo a dianteira que estava disponível desde o lançamento do atual facelift de meio de vida, em 2021. Graças à tecnologia, o sedã agora acelera de zero a 100 km/h em 6,7 segundos e o sedã cupê, em 6,8 s.
Com isso, os dois modelos conseguiram ficar mais rápidos do que o líder do mercado de luxo no Brasil, o BMW Série 3 (na versão mais vendida, a 320i). Além disso, ganharam um toque especial: a tração integral, nas quatro rodas, ante a tradicionalíssima tração traseira de BMW Série 3 e Mercedes-Benz Classe C..
Preços e versões
Com a chegada dos modelos quattro, não há mais A4 e A5 de tração dianteira. Mas o sedã mantém as duas versões de antes.
A Prestige tem preço sugerido de R$ 333.990 e sai de fábrica com itens como faróis full-LEDs, banco do motorista e abertura do porta-malas elétricos, painel de instrumentos virtual configurável, central multimídia e Audi Drive Select (com diversos modos de condução). As rodas são de 18".
Por R$ 359.990, a configuração S Line acrescenta ar-condicionado de três zonas, bancos dianteiros esportivos e com ajuste elétrico também para o passageiro, sistema de som com dez alto-falantes e 180 W, teto solar, ACC, leitor de faixas e rodas de 19", entre outros itens.
O A5, por sua vez, ganha uma versão de entrada - antes só havia a S Line. Batizada de Advanced, traz algumas diferenças visuais em relação à topo de linha no difusor traseiro e na grade e para-choque dianteiros. O preço é de R$ 359.990.
A lista de itens de série do A5 Advanced é semelhante à do A4 S Line, mas com sistema de som de oito alto-falantes e potência de 80 W. Por outro lado, já sai de fábrica com faróis full-LEDs matriciais, que incluem tecnologia antiofuscamento.
Já a versão S Line do sedã cupê, por R$ 394.990, traz um pacote visual mais esportivo no interior e exterior, rodas de 20" e o sistema de som com dez alto-falantes e 180 W. A4 e A5 também têm alguns itens opcionais. O teto solar elétrico custa R$ 11 mil no A4 Prestige - é de série nas demais.
De série nos dois A5, os faróis matriciais estão disponíveis para o A4 topo de linha por R$ 13.500. Já as versões S Line dos dois modelos podem receber sistema de som Bang&Olufsen, por R$ 9 mil, e pacote visual Black, por R$ 7 mil. Este inclui pintura preta nas molduras da grade, logotipos da Audi, capa dos retrovisores e rodas, entre outros detalhes.
Design e acabamento
As atuais gerações de A4 e A5 chegaram ao Brasil com a reestilização de meio de vida em 2021. O visual dos modelos com tração integral, que já estavam disponíveis na Europa, é o mesmo. Só são acrescentados os logotipos "quattro" na grade frontal e na traseira.
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Quero receberO design é marcado, em ambos, pela grande grade hexagonal que é típica dos modelos a combustão da Audi, e as lanternas traseiras entrecortadas pela tampa do porta-malas. É fácil, porém, diferenciar A4 e A5. O segundo tem um capô mais arredondado e a coluna C rebaixada, por ser um sedã cupê. Visualmente, impressiona mais.
Por dentro, são praticamente idênticos. Aliás, a cabine de A4 e A5 pede renovação, pois já está bastante datada. Mas há controversas sobre isso. Os modelos mais atuais estão abrindo mão completamente de botões, coisa que os Audi têm de sobra. Por isso, apesar de antigo, o interior acaba tendo usabilidade mais fácil e intuitiva que a de produtos que estão concentrando tudo no multimídia.
Meu primeiro contato com o painel virtual da Audi foi em 2015, no lançamento mundial da atual geração A4 (antes do facelift do modelo atual). Desde então, o sistema evoluiu muito pouco, em todos os modelos. No máximo, houve uma mudança de grafismo. Porém, ele continua mais personalizável, bonito e fácil de usar que o da maioria dos modelos de luxo mais modernos.
Também fácil de usar, e muito rápida, é a central multimídia flutuante dos modelos. O ar-condicionado é ajustado por meio de comandos no painel central, que traz também botões para ajustes de sistemas como modos de condução. Com tudo isso, a ergonomia ainda é um ponto positivo.
O que não é tão legal é o acabamento interno. O bancos são revestidos de imitação de couro - há também possibilidade de Alcântara, pois a Audi oferece quatro opções de interior para os produtos. Os plásticos usados na parte de cima das portas e painéis são emborrachados, mas poderiam ser mais, já que esses são carros premium. Apesar de a cabine ser bem-feita, falta um pouco mais de sofisticação.
O novo interior dos modelos da Audi estreia no segundo semestre no Brasil, no SUV elétrico Q6 e-tron. Mais moderno e conectado, mas com bem menos botões, ele será a base das cabines dos próximos carros da marca. Inclusive os a combustão.
A4 e A5 devem receber esse novo conceito de cabine na próxima geração, que está prevista. A partir de 2026, a Audi não lançará mais modelos inéditos a combustão. Todos serão elétricos. No entanto, os atuais ainda vão receber renovação.
Porém, em 2033, a marca vai abandonar de vez os carros a combustão. Nessa data, A4 e A5 ou deixam de ser oferecidos, ou se tornam produtos apenas com versões elétricas. Porém, antes disso, dá para esperar uma última mudança de geração.
Desempenho
No lançamento do produto, o circuito de avaliação criado pela Audi na pista de testes da Goodyear, em Americana (SP), tinha o objetivo de provar dois pontos: os carros ficaram mais estáveis e rápidos.
Por isso, foi criado um pequeno trajeto repleto de slaloms, com dois trechos de aceleração e uma sequência de curvas rápidas. Havia também obstáculos em trecho molhado.
O modelo testado por esta colunista foi o A5 S Line. O carro tem uma posição de dirigir mais inclinada que a do A4, mostrando uma aptidão mais esportiva, enquanto o sedã é mais familiar. E, nas retas, mostrou que está sensivelmente mais rápido do que antes com o sistema quattro, especialmente quando partimos da imobilidade.
Esse tipo de tração distribui o torque entre as quatro rodas, promovendo uma arrancada mais linear, equilibrada e rápida. Mas vale ressaltar que a velocidade final não mudou, ainda que seja limitada eletronicamente. É de 210 km/h nos dois modelos.
Ambos trazem o motor 2.0 turbo, que gera 204 cv de potência e 32,4 kgfm de torque. O A5 também se mostrou muito mais estável que o modelo de tração dianteira. Mais fácil de controlar do que antes, permite entrar, contornar e sair de curvas com mais velocidade, sem levar sustos com escapadas de dianteira ou traseira.
Essa característica fica ainda mais evidente no A5, modelo que tem centro de gravidade mais baixo que do A4. O sedã cupê é muito divertido de dirigir, e tem direção com respostas bem precisas e firmes - especialmente no modo Dynamic (dinâmico) de condução, o mais esportivo da Audi.
Esses modos alteram as respostas do conjunto motor-câmbio e do sistema de direção. No dia a dia, uma das principais vantagens do sistema de tração quattro (que é integral por demanda) é a segurança. A tecnologia promove maior aderência das rodas ao piso, o que reduz o risco de perder o controle do carro em pisos escorregadios, como os molhados pela chuva.
Vai derrotar o 320i?
Mas os novos A4 e A5 são capazes de derrotar o Série 3? Depende da prova em que os modelos estão competindo com o BMW. Se for a dos 0 a 100 km/h, já derrotaram, pois ficaram mais rápidos que o 320i. Este acelera de 0 a 100 km/h em 7,1 segundos.
Mas, em vendas, eles não vão derrotar o Série 3. Olhando para o mercado premium, a única ameaça ao sedã é outro BMW, o X1. Além de o 320i ser montado no Brasil e ter maior capacidade de entrega de exemplares aos consumidores que os Audi, é um modelo mais tradicional.
Com três versões, todas com motor 2.0 de 184 cv, o 320i tem preços entre R$ 322.950 e R$ 363.950. O Série 3 ainda traz uma configuração híbrida, a 330e, por R$ 422.950 (e com 292 cv). O BMW continuará líder disparado. Os Audi, porém, agora têm argumentos extras para conquistar mais clientes do que antes.
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