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Medo de carro elétrico? Talvez seja hora de dar chance a um híbrido plug-in

Nos últimos 12 meses, os carros elétricos passaram, no Brasil, por alta na oferta, além de o segmento ganhar opções mais acessíveis. Consequentemente, o EV passou a ser mais representativo no mercado, e um número maior de clientes atualmente deseja ter experiências com essa categoria de veículo.

As razões são variadas. Entre elas, está a contribuição para reduzir a poluição em centros urbanos, já que o elétrico não emite gases no escape. Há ainda a experiência de esquecer que o posto de combustível existe, já que o dono de um EV pode instalar em casa um carregador para o veículo. Outro ponto importante: é mais barato recarregar a bateria do que encher o tanque com gasolina, diesel ou etanol.

Mas nem todos têm coragem de embarcar na onda elétrica, mesmo já tendo poder aquisitivo para tal. E, atualmente, não é nem preciso ter tanto para ser proprietário de um carro elétrico. Afinal, um Dolphin Mini custa R$ 115.800, valor semelhante ao de versões mais caras de Polo, Onix e HB20.

O carro elétrico, porém, tem limitação de autonomia, que costuma ser ainda menor nos mais baratos, como o Dolphin Mini. Por isso, quem tem o hábito de viajar muito de carro, seja a trabalho ou a lazer, fica inseguro em trocar seu modelo a combustão por um EV. Afinal, a rede rodoviária de recarga está até crescendo, mas ainda é embrionária.

E mesmo em locais com abundância de postos de recarga, há outro problema. Para recarregar o carro elétrico, o tempo será bem mais alto que os cinco minutos, no máximo, que leva-se para completar o tanque de gasolina, diesel ou etanol. Se uma família tem mais de um veículo e quer mesmo a experiência a eletricidade, tem sido comum ter ao menos um EV na garagem - a outra, ou outras vagas, ficam para o veículo a combustão.

Mas e quanto às famílias que optam por um carro só? E as pessoas que não fazem parte de uma família e nem cogitam ter dois automóveis na garagem? Para essas, a melhor resposta por enquanto é o híbrido plug-in.

Como funciona

Há vários tipos de carros híbridos. Os primeiros a chegar foram os que trazem pequenas baterias alimentadas por desaceleração, frenagem e, em alguns casos, até pelo próprio motor a combustão. Depois, vieram os plug-in, com componentes maiores e recarregáveis na tomada.

Independentemente do tipo de híbrido, esses veículos são considerados a transição entre o modelo a combustão e o 100% elétrico - para aqueles que acreditam que, de fato, o futuro terá apenas EVs recarregáveis na tomada. E, por enquanto, os plug-in são a melhor resposta para quem quer se render à eletrificação sem ter de se preocupar com a hora de cair na estrada.

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Diferentemente dos híbridos por regeneração, os plug-in permitem que o motorista tenha de fato uma experiência 100% elétrica na cidade. Alguns têm autonomia de 20 km por recarga. Outros, de 30 km. Há os que já ultrapassam os 50 km.

Por essas distâncias, esses produtos podem circular apenas no modo elétrico, sem necessidade de usar gasolina ou outro combustível no trânsito. Assim, o proprietário recarrega suas baterias em casa, diariamente. Ou quem sabe até uma vez por semana, dependendo das distâncias que percorre.

E sabe quando vai se preocupar com o posto de combustível? Apenas quando for pegar a estrada. Nesse caso, usará o modo híbrido (em que combustão e elétrico funcionam juntos). Se a bateria acabar, o propulsor a explosão assume o controle, e quem está ao volante não precisa se preocupar com a missão de encontrar um carregador.

Ou seja: o híbrido plug-in é sim um elétrico no dia a dia das cidades, contribuindo para economia e redução da poluição nos centros urbanos.

O maior problema

Pouco tempo atrás, os híbridos plug-in eram mais baratos que os carros elétricos, no geral. Isso porque só havia EVs em segmentos de luxo. Os mais em conta, na casa entre R$ 200 mil e R$ 300 mil, não eram lá muito atraentes para o público - não valiam o que custavam.

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Aí vieram os chineses e a coisa começou a mudar. Primeiro, Dolphin e Ora 03, a partir de R$ 150 mil. Depois, Dolphin Mini, na faixa de hatches compactos. E os híbridos? Também passaram a ficar mais acessíveis. Antes, entre os mais baratos estavam Volvo XC40 (que agora e só elétrico) e, em um patamar mais em conta, o Caoa Chery Tiggo 8 (R$ 240 mil).

Haval H6 PHEV e Song Plus chegaram para reforçar o time do Tiggo 8. O modelo da GWM, inclusive, acaba de ganhar uma versão plug-in de R$ 230 mil. Outra boa novidade é o BYD King, que parte de R$ 175.800.

Esse é agora o híbrido plug-in mais em conta do País. E são exatos R$ 60 mil a mais que o Dolphin Mini, que não é exatamente o elétrico mais em conta do Brasil (posto ocupado pelo Kwid e-tech), mas ocupa o posto de mais vendido EV do mercado nacional.

Por que os plug-in são mais caros

Já li e assisti análises de especialistas defendendo que o plug-in é mais caro que o elétrico por trazer duas tecnologias em um carro só: EV e veículo a combustão. Pode até fazer sentido, mas não é apenas isso.

Afinal, as marcas chinesas mostraram que a tecnologia de carros elétricos está ficando mais em conta, com preços até equivalentes aos de modelos apenas a combustão. Por outro lado, o King deixa claro que o mesmo está ocorrendo com os plug-in.

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O sedã custa menos que as versões equivalentes do Corolla, sejam elas híbridas por regeneração ou apenas a combustão. Assim, o que de fato ocorre é que nenhuma marca lançou ainda plug-in em segmento mais acessível.

Os Dolphin e o Ora 03 são compactos, com carrocerias hatch e crossover. Já o King é sedã médio. Haval H6, Song Plus e Tiggo 8 são SUVs médios e médios grandes. Cadê o hatch compacto plug-in? E onde está o SUV compacto plug-in? Não existem ainda, no Brasil.

E, enquanto eles não vêm, a realidade é uma só. Ter uma experiência elétrica na cidade sem se preocupar com recarga na estrada custa mais que comprar um automóvel 100% a bateria. Isso porque, nesse último caso, a tecnologia já está em segmentos de menor valor agregado, algo que ainda não ocorre com os plug-in.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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