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Jeep virou rival da BMW? Como novo Compass desafia a lógica dos SUVs

Com quem concorrem as novas versões 2.0 turbo a gasolina Hurricane do Compass, Overland e Blackhawk? Os tradicionais rivais do modelo da Jeep são Toyota Corolla Cross, Volkswagen Taos, Honda ZR-V, Ford Territory, GWM Haval H6 e até BYD Song Plus. São SUVs médios, ou um pouco maiores - caso dos chineses. Os preços vão de R$ 180 mil a R$ 250 mil, no máximo.

Mas os novos Compass 2.0 fogem completamente desta faixa. O Overland foi lançado por R$ 267 mil e o Blackhawk, por R$ 280 mil. Resposta aos chineses híbridos plug-in? Por um lado, sim. O próprio modelo da Jeep tem uma versão de nicho e importação limitada (da Itália) com a tecnologia recarregável na tomada.

Trata-se da 4xe, por quase R$ 350 mil, valor que inviabiliza a concorrência direta com Song (R$ 230 mil) e Haval H6 PHEV (também parte de R$ 230 mil). Os Hurricane também são mais caros que os asiáticos, mas quem está acostumado com a Jeep sabe bem: dá para conseguir descontos incríveis comprando com CNPJ - algo que deixa os valores muito mais próximos desses novos rivais.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

E esse grupo será representado pelo BMW X1. Por quê? Porque o modelo, montado em Araquari (SC), é o SUV mais vendido do segmento de luxo. Porém, dessa categoria, considerando modelos a combustão, também fazem parte o Audi Q3 e até o Range Rover Evoque - o XC40 é elétrico.

Marca premium x montadora generalista

Quem compra um BMW nem cogita um Jeep. Li diversas vezes em meu perfil do Instagram esse comentário, escrito por seguidores, a respeito do Compass Blackhawk, a versão topo de linha. E também outras ideias muito parecidas com essa.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Pode vir de produtos equivalentes de outras marcas premium. Ou mesmo de carros mais caros da BMW e outras montadoras de luxo. É aquela pessoa que, três anos atrás, comprou um X3, ou um XC60. Porém, com a disparada dos preços dos carros em geral e os de luxo em particular, decidiu fazer um downgrade na hora de comprar um novo veículo (leia mais sobre o perfil abaixo).

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E há aquele consumidor aspiracional que sonha em entrar em uma marca premium, e finalmente está chegando lá. Que carro este cliente tem na garagem? Provavelmente um sedã médio, como Corolla, ou um SUV médio, como um Compass. Esse comprador nem entrou ainda na BMW.

Ele quer entrar, e finalmente tem condições isso. Porém, não está saindo de uma BMW para entrar em uma generalista. Ele é Jeep, ou Toyota, ou Volkswagen. E, por mais que queira um premium, nada impede que, tendo um perfil mais racional, continue por mais alguns anos ao volante de um modelo fora do segmento de luxo.

Alta nos preços

E é também de olho no consumidor aspiracional racional que a Jeep lança os Compass 2.0. A marca não está propondo que o candidato a comprador do X1 (e de seus rivais diretos) levem o produto pelo mesmo preço. A proposta é ter o SUV por muito menos. E oferecendo, em alguns pontos, mais.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Tenho vários casos para citar. Um deles é de uma pessoa que tinha um XC60 T5 por três anos e amava o produto. Mas, na hora de trocar, viu que ele estava em um patamar de preço muito mais alto do que quando comprara o produto anterior. Conclusão: adquiriu um Tiggo 8.

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O mesmo ocorreu com uma família que passou do X3 para o Tiguan. Quer mais? Um seguidor está saindo do Macan e não quer mais saber de modelos de marcas de luxo. Prefere, agora, investir seu dinheiro em outras frentes e partir para um produto mais racional.

O que esses três têm em comum? Todos estão em franca escalada na carreira e têm condições de comprar o produto que quiserem. Mas, racionais que são, decidiram levar mais em conta, agora, o custo-benefício, em vez do status que um carro de marca premium oferece.

Compass x X1

Nesse contexto, o Compass Blackhawk surge por R$ 20 mil a menos que o X1. Mas, aqui, estamos falando do sDrive 18i, de apenas 156 cv. Não é a versão mais desejada, e nem a mais comprada, do produto da BMW.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

No Compass, o comprador encontrará um carro com 272 cv de potência e um segundo mais rápido que os X1 mais potentes. Acabamento? Pode até não ser BMW, mas é muito bem feito, e também superior ao de outras versões do Compass.

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No Blackhawk, a Jeep caprichou, com muitos detalhes de suede e materiais emborrachados por todos os cantos. Tecnologia? O modelo tem um belíssimo painel digital configurável e multimídia suspenso, rápido, intuitivo, conectado e com mapa nativo. Além disso, recebeu assistências à direção como um eficiente sistema semiautônomo de condução.

Com isso, quase tudo o que o comprador procura no X1 vai encontrar em um Compass. Tem bom acabamento, muita tecnologia e desempenho. Desempenho superior. Mas o cliente encontra absolutamente tudo? Isso ele não encontra não.

O que o Compass não oferece

E a primeira coisa que o comprador não vai encontrar no Compass é o status de ter um BMW na garagem. Além disso, a versão mais cara do X1 tem um poderoso sistema de som Harmon Kardon. O Jeep traz um Beats. É legal? Sim. Mas bem inferior.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Assim, em alguns pontos, quem leva um Jeep vai levar um pouco menos. E pagar R$ 86 mil a menos que na MSport. Só que terá, ao contrário do que ocorre com o BMW, sistema de tração 4x4 - dianteira no X1.

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O Jeep é uma ótima alternativa para quem quer gastar menos e andar mais. Mas se, além do logo da BMW, é a dirigibilidade apimentada da marca que o cliente quer, aí não tem conversa. Se nem outras montadoras de luxo se assemelham à alemã nesse aspecto, não é o Compass que cumprirá a missão. Nesse caso, o melhor é mesmo gastar até R$ 86 mil a mais.

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