Novo Mercedes Classe E encanta, mas não justifica preço acima de rivais
A Mercedes-Benz vem adotando, nos últimos dois anos, a política de ter preços mais altos que da concorrência. Em alguns casos, bem mais altos. Um dos exemplos é seu carro-chefe, o Classe C, que parte de R$ 376.900 na versão C 200. Seu maior rival, BMW 320i, começa em R$ 322.950, quase R$ 54 mil a menos.
O valor mais alto do 320i é de R$ 363.950 (versão MSport), ainda assim mais baixo que o do C 200. Na comparação entre C 300 e 330e, são R$ 439.900 para o Mercedes-Benz e R$ 422.950 para o BMW. Mas a pergunta é: os modelos da marca justificam o fato de custarem mais?
E 300 Exclusive
A diferença de preço chama ainda mais a atenção quando se compara dois lançamentos recentes das marcas - aqui, a BMW está sendo usada como referência não apenas por ser historicamente a principal rival da Mercedes-Benz, mas também por ocupar o posto de líder disparada do mercado de carros premium. O E 300 Exclusive chegou no início do ano e é a única versão da nova geração do Classe E à venda no mercado brasileiro.
O conjunto do E 300 é o mesmo do C 300. Ou seja: híbrido leve de 258 cv. Assim, na tecnologia de propulsão, o produto da Mercedes já sai perdendo para o da BMW.
Coisas que o E 300 não tem
Há, porém, outras coisas. E, as levando em consideração, o que entra em avaliação aqui não é só o fato de o E 300 custar R$ 65 mil a mais que o 530e. A ausência desses itens é uma falha grave para qualquer modelo que custe R$ 640 mil, independentemente do preço dos concorrentes.
O E 300 Exclusive não tem porta-malas com abertura elétrica. É algo que pode ser considerado normal, mas não nessa faixa de preço. Essa tecnologia, inclusive, está disponível em diversos modelos desde a casa dos R$ 300 mil - e até em alguns que custam menos.
Outra falha é a ausência de comandos para o ar-condicionado para os passageiros de trás. Há apenas as saídas de ar. Para comparação, quem viaja nessa parte da cabine do 530e pode controlar temperatura, velocidade e direcionamento, em duas zonas.
Assim, o BMW tem quatro zonas de temperatura na cabine. No Mercedes-Benz, são apenas duas - ambas para os passageiros da frente.
Pontos positivos
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Quero receberNo acabamento do E 300, menos é mais. A porta é revestida de couro com um painel de Black Piano e vários detalhes de alumínio, que está também nas caixas de som do sistema da Burmester.
Outro destaque é o design contemporâneo de algumas peças, como o puxador das portas e os contornos ao redor das telas no painel. Já o console central tem acabamento de madeira.
Quanto às tecnologias, o E 300 traz três telas na parte dianteira da cabine: quadro de instrumentos configurável, multimídia em posição inclinada e monitor para o passageiro dianteiro. Chamam a atenção pela usabilidade rápida e intuitiva.
Só que, no Brasil, essa funcionalidade só funciona com o carro parado. Isso porque a legislação não permite reprodução de imagens em vídeo em telas dianteiras de veículos - por entender que isso pode distrair o condutor do veículo.
Assistência e desempenho
O E 300 Exclusive tem navegador GPS nativo com realidade aumentada. Também traz câmeras 360 com função 3D e sistema semiautônomo de condução. Este é acionado por meio das teclas sensíveis ao toque no volante.
Com 258 cv e 40,7 kgfm de torque, o 2.0 turbo do sedã é acompanhado por um pequeno motor elétrico alimentado por bateria de 48V. Este não é capaz de mover as rodas sozinho, mas pode desabilitar o propulsor a gasolina em alguns momentos, para melhorar o consumo de combustível.
De acordo com informações da Mercedes-Benz, o E 300 acelera de 0 a 100 km/h em 6,3 segundos. O câmbio é automático de nove velocidades.
Outro destaque é a suspensão adaptativa, que permite ao carro ser confortável e também ter uma pegada mais esportiva, de acordo com o modo de condução selecionado. Essa variedade de comportamentos é uma das coisas mais interessantes no rodar do sedã.
Pelo mundo
Essa diferença é exclusiva do Brasil ou se repete pelo mundo. Na verdade, é um comparativo impossível de fazer, por causa da indisponibilidade das mesmas versões desses produtos em um mesmo mercado, além do nacional.
Em países europeus como Alemanha e Portugal, o Mercedes-Benz E 300 está à venda na versão plug-in hybrid a diesel, não na híbrida leve a gasolina. O preço em Portugal é de 76 mil euros. No mesmo país, o 530e custa 73 mil euros. São 3 mil euros (aproximadamente R$ 18 mil) de diferença.
O produto parte de US$ 63 mil. Mas nos EUA, o 530 não é híbrido plug-in. Esta versão do BMW é a combustão, com um 2.0 turbo de potência e torque semelhantes aos do E 350. Chama-se 530i e parte de US$ 60 mil. São US$ 3 mil (R$ 17 mil) a menos que o concorrente.
Assim, mesmo sem possibilidade de comparar os preços, no exterior, das versões oferecidas no Brasil, dá para notar que existe uma tendência mundial da Mercedes-Benz a cobrar mais por seus produtos que a BMW.
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