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Maior coleção do Brasil tem até carros do Senna e deixará de ser 'secreta'

Cercados por plantações de morangos e outras frutas vermelhas, usadas para a produção de geleias, estão os belíssimos, bem decorados e iluminados galpões que abrigam o maior e mais importante acervo de carros do Brasil. Modelos como o único protótipo Ferrari F50 do mundo e o primeiro automóvel registrado no país ficam muito bem guardados na Fazenda Baronesa, no Alto da Boa Vista, área nobre de Campos do Jordão (SP), na Serra da Mantiqueira.

O acervo tem cerca de 400 carros raríssimos, capazes de encantar até aqueles que não dão muita bola para os clássicos. Isso porque eles não são exemplares aleatórios. A maioria tem importância fundamental não apenas para o antigomobilismo, mas para a história do automóvel no Brasil, e até no mundo.

Clássicos dos anos 20 e 30: Rolls-Royce, Cadillac e Lincoln
Clássicos dos anos 20 e 30: Rolls-Royce, Cadillac e Lincoln Imagem: Rafaela Borges/UOL

Cerca de 40 modelos dessa coleção foram expostos a um grupo do qual fiz parte. Estavam lá alguns dos mais importantes automóveis do acervo. A má notícia é que a visitação não está aberta ao público. A boa é que, em breve, essas relíquias estarão no maior museu de automóveis do Brasil.

O museu de Campos do Jordão

Cadillac 1904
Cadillac 1904 Imagem: Rafaela Borges/UOL

A equipe responsável por apresentar a coleção e os carros no dia que visitei o local garantiu que o museu de carros clássicos com os exemplares do acervo será aberto este ano, em Campos do Jordão. O local não será a Fazenda Baronesa, no entanto ficará em uma área próxima à região.

O nome do museu também já está definido, mas seus idealizadores só vão revelá-lo mais adiante, em data ainda não definida. A estimativa é de que os cerca de pouco mais de 100 veículos da coleção sejam expostos no local de maneira rotativa.

BMW M5 dos anos 90
BMW M5 dos anos 90 Imagem: Rafaela Borges/UOL
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Qual é a origem desse acervo? Parte dele é formada por carros de Lia Maria Aguiar e Luiz da Silva Goshima. Ele é diretor e conselheiro da fundação Lia Maria Aguiar, instituição sem fins lucrativos que trabalha em prol de cerca de 700 crianças e jovens de baixa renda de Campos do Jordão, investindo em pilares como educação e inclusão social. Leva o nome de sua fundadora e presidente, a empresária e filantropa que é também acionista do banco Bradesco.

Em 2018, o acervo ganhou novos integrantes, pois a Fundação Lia Maria Aguiar passou também a administrar os cerca de 170 automóveis clássicos de ninguém menos que Og Pozzoli. Falecido em 2017, Pozzoli foi um dos dos dez mais importantes colecionadores de automóveis antigos do mundo. A fundação é também criadora e investidora no museu que será inaugurado em Campos do Jordão.

Exemplares cheios de história

De Dion Bouton Vis a Vis 1902
De Dion Bouton Vis a Vis 1902 Imagem: Rafaela Borges/UOL

Os modelos mais antigos da coleção da Fazenda Baronesa são do início do século passado. Entre eles, um Cadillac 1904 e o primeiro carro registrado no Brasil. Trata-se do De Dion Bouton Vis a Vis. O automóvel, que mais parece uma carruagem, é de 1902.

Ainda na área dos carros mais antigos chama a atenção aquele que é considerado um dos mais importantes do antigomobilismo brasileiro. Trata-se do impecável Hispano Suiza 1911 resgatado do acervo de Roberto Lee, outro renomado colecionador brasileiro - também já falecido.

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Hispano Suiza 1911
Hispano Suiza 1911 Imagem: Rafaela Borges/UOL

No seção dos carros dos anos 20, 30 e 40, há luxuosos Cadillac e Rolls-Royce. Entre eles, destaque para um Lincoln de 1939 que já transportou personalidades como a rainha Elizabeth 2ª, o papa João Paulo 2º e Getúlio Vargas.

Marcas alemãs

A visita ao acervo foi promovida pela BMW. Por isso, havia uma área na qual estavam expostos apenas os modelos mais importantes da marca que a coleção da Fazenda Baronesa tem. Entre eles, chama a atenção o M3 E30, nada menos que a primeira geração do modelo, produzida de 1986 a 1991.

Primeira geração do BMW M3
Primeira geração do BMW M3 Imagem: Rafaela Borges/UOL

Ao lado, um M5 de segunda geração (E34, modelo produzido de 1988 a 1995), com direito a um belíssimo aerofólio. Há até um exemplar do Série 8, na versão 850 Ci, com motor V12. A belíssima unidade na cor branca é uma das que mais chamam a atenção na seção dedicada à BMW.

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Há ainda, entre os destaques das marcas alemãs, um Audi para lá de especial. Trata-se da perua RS2 Avant azul, um dos primeiros exemplares da montadora no Brasil. O automóvel foi importado por Ayrton Senna, responsável por trazer a Audi ao País.

BMW 850 Ci
BMW 850 Ci Imagem: Rafaela Borges/UOL

Senna participou de várias ações que marcaram a chegada da marca, em 1994, como a festa de lançamento e um evento em Interlagos em que rodou com jornalistas ao volante de um S4, versão esportiva do Audi 100. Mas conviveu pouco com a montadora, pois faleceu em 1º de maio daquele ano.

Um dos jornalistas que participaram do lançamento da Audi no Brasil foi Eduardo Pincigher, pela revista Quatro Rodas. Ele relembra a importância da RS2. "A Audi precisava de uma linha para concorrer com AMG (Mercedes) e M (BMW). Então, encomendou à Porsche a preparação da perua S2 (Audi 80 esportivo)."

Audi RS2 Avant
Audi RS2 Avant Imagem: Rafaela Borges/UOL

Pincigher conta que a Porsche fez motor, suspensão e freios da perua, que se transformou em RS2. O motor saiu de Ingolstadt (sede da Audi com) com 225 cv e voltou com 315 cv. "Fez tanto sucesso que os esportivos da Audi passaram a levar o nome RS. E está aí a relevância dessa perua. É o primeiro modelo da linhagem RS."

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Esportivos

O carro mais badalado dessa coleção é a Ferrari F50. Esse é um dos modelos mais lendários da história da Ferrari. Contudo o exemplar do acervo da Fazenda Baronesa tem um significado a mais. Trata-se do único protótipo F50 remanescente no mundo.

Carro de F1 e protótipo Ferrari F50
Carro de F1 e protótipo Ferrari F50 Imagem: Rafaela Borges/UOL

No dia da visita, ele estava ao lado de uma Ferrari de Fórmula 1 de 2012. Segundo o guia da coleção responsável pela área, esse modelo foi conduzido por Fernando Alonso. Outro destaque é um Lamborghini Countach.

Esse exemplar é especial por ser um dos poucos do mundo a trazer aerofólio, um item que o modelo não tinha. A coleção traz ainda um Diablo, um Honda NSX e exemplares raros de esportivos da Porsche.

Countach e Diablo, da Lamborghini
Countach e Diablo, da Lamborghini Imagem: Rafaela Borges/UOL
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Nem só de clássicos esportivos é feito o acervo. Há uma McLaren Senna GTR, de 825 cv, único exemplar desta versão no Brasil. Na cor laranja, o hipercarro não estava liberado para ser fotografado, pois é uma das surpresas que os idealizadores do museu querem guardar para sua inauguração.

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Errata:

o conteúdo foi alterado

  • Diferentemente do que havia sido publicada, a Fazenda Baronesa não pertence à Fundação Lia Maria Aguiar. A informação foi corrigida.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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