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Chevrolet planeja novo SUV médio para enfrentar Compass e Corolla Cross

O Chevrolet Equinox parte de R$ 225.710, entrega 172 cv, oferece ótimo espaço interno e costuma ter proprietários bastante satisfeitos - principalmente na época que trazia o 2.0 turbo de 262 cv, já não disponível no Brasil. Apesar disso, não faz nem cócegas em modelos como Jeep Compass, Toyota Corolla Cross e Caoa Chery Tiggo 7, entre outros.

No primeiro semestre de 2024, foram vendidos 1.273 Equnox, número irrelevante diante dos 22.791 exemplares do Compass, 21.844 do Corolla Cross ou mesmo os 9.449 do Tiggo 7. Apesar de ser um SUV médio, não é páreo para os líderes. E a primeira razão é seu porte.

O Equinox é maior que Compass e Corolla Cross. Mesmo sem opção de sete lugares, está mais para Tiguan, Commander ou mesmo os chineses Song Plus e Haval H6 - os três últimos, aliás, vendem bem mais, no entanto essa é história para outro post.

Com isso, o preço do Chevrolet começa onde terminam os do Toyota e do Jeep - no caso do último, considerando apenas as versões com motor 1.3 turbo flex. É um valor semelhante, ou até mais alto, ao das versões topo de linha de Compass e Corolla Cross.

Mas essa não é a única razão de o Equinox vender pouco. O modelo é mexicano e, apesar de não recolher imposto de importação no Brasil, não tem nosso mercado como prioridade. Os Estados Unidos são o principal alvo de carros feitos no México. Para o País, sobram volumes menores, que acabam levando também a uma simplificação de versões - o Chevrolet tem duas.

A linha Chevrolet no Brasil

Após o adeus da linha Cruze, a Chevrolet ficou sem um automóvel médio para chamar de seu na gama produzida na América do Sul. Há os produtos da plataforma do Onix (hatch, sedã Onix Plus, Tracker e Montana) e os utilitários S10 e Trailblazer. Todos são fabricados no Brasil.

Na semana passada, a montadora anunciou que fará um novo carro na planta de Gravataí (RS), inédito em sua gama. Ele será compacto, produzido sobre a base do Onix e de um segmento em que a marca ainda não atua. Embora não tenha confirmado a informação a seguir, é fato que esse produto será um SUV subcompacto, posicionado abaixo do Tracker e feito para concorrer com Nivus, Pulse e Kardian.

Esse segmento está ganhando evidência no Brasil. O mais recente lançamento é o Kardian. A tendência a médio prazo, aliás, é de que esses SUVs subcompactos passem a substituir carros como Onix, Polo e HB20 como produtos de entrada nas gamas de suas montadoras.

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Além desse segmento, há uma outra importante categoria na qual a Chevrolet não atua neste momento. Ela tem volume importante, alta lucratividade e que vem ganhando novos representantes aos montes. É a de SUVs médios com porte de Compass e Corolla Cross.

No ano passado, chegaram modelos como Territory (da China) e ZR-V (do México). Já a BYD acaba de lançar o chinês Song Pro, trazido especialmente para desafiar os modelos da Jeep e Toyota, e brigar por volumes ainda maiores dos que os já conquistados pelo Song Plus - mais caro e sofisticado.

Nesse panorama, a Chevrolet, integrante do grupo das três maiores montadoras do Brasil, vai ficar de fora da briga do segmento de SUVs médios? A Fiat não carro nessa categoria, mas faz parte do mesmo grupo automotivo da Jeep - por isso, o Compass cumpre o papel para a empresa. A Volkswagen oferece o argentino Taos.

E, diferentemente dos carros trazidos do México, os argentinos têm como mercado preferencial o brasileiro. Situação completamente diferente da do Equinox. A Renault terá entre 2025 e 2026 um SUV médio nacional, a ser feito na mesma plataforma do Kardian. E a Chevrolet?

De olho na categoria

A Chevrolet não ficará de fora da briga do segmento de SUVs médios. Foi isso que deu a entender o presidente da empresa que detém a marca, a GM, Santiago Chamorro. Durante o anúncio do novo carro de Gravataí, apresentei esse panorama ao executivo, questionando sobre a ausência da fabricante na categoria.

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Chamorro sorriu, desses sorrisos de quem quer compartilhar um segredo bem guardado, contudo ainda não pode. Admitiu que a categoria é realmente muito importante para a marca e disse para ficarmos de olho. Em breve poderá haver novidades.

Entre as três grandes, a Chevrolet tem mais tradição histórica que Fiat e Volkswagen no segmento de médios. Deixaram saudades modelos como Astra e Vectra. Mesmo entre os SUVs, a marca foi muito bem sucedida com o Captiva, em uma época em que era mais fácil trazer volumes maiores do México.

Por isso, é inevitável que a marca invista no segmento de SUVs médios de volume. Até porque precisa da categoria para ter mais argumentos na briga com Fiat e Volkswagen. Atualmente, a Chevrolet é terceira colocada, com a italiana na liderança e a alemã no segundo lugar.

O SUV subcompacto chega em 2026 e terá importância fundamental, pois baterá de frente com Nivus e Pulse. Por outro lado, também vai acabar tirando clientes de versões de topo do Onix, e até do próprio Tracker. Já o médio vai trazer de volta à Chevrolet um consumidor que, atualmente, a montadora não tem condições de atender.

Brasileiro ou importado?

O R$ 1,2 bilhão anunciado em Gravataí é parte do plano de investimentos de R$ 7 bilhões que a Chevrolet aplicará no Brasil de 2024 a 2028. Chamorro não negou que o SUV médio faz parte desse ciclo. No entanto, também compartilhou uma informação que pode reduzir as chances de esse produto ser brasileiro.

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A marca pretende lançar, nesse período, muitos modelos importados. E parte dos R$ 7 bilhões serão investidos na adaptação desses produtos estrangeiros ao mercado brasileiro. Isso pode ser uma indicação de que um veículo da gama chinesa da montadora está nos planos.

Os carros chineses, geralmente, precisam de amplo investimento em adaptação às condições brasileiras. Além disso, a China, apesar de ter o maior mercado automotivo do mundo, conta com uma capacidade de produção tão alta que o estoque de veículos do país é amplo.

Outro fator importante é que, por uma série de fatores, que incluem custo de produção, subsídios e logística de exportação, o carro chinês é barato. Atualmente, tanto no quesito volume quanto em preço, é mais negócio trazer da China que do México - os volumes de BYD e GWM deixam isso claro.

Por fim, a linha global da Chevrolet tem poucos produtos capazes de serem rivais diretos de Compass e Corolla Cross. Entre eles, um dos mais próximos desses SUVs é, justamente, da gama chinesa da marca. Trata-se do Seeker, com porte de Volkswagen Taos.

Híbrido flex

Trazer um rival do Compass e Corolla Cross da China poderia ser uma possibilidade. Por outro lado, desenvolver um produto para o Brasil, com fabricação local, faz sentido para viabilizar a chegada da tecnologia híbrida flex à gama nacional da Chevrolet.

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Chamorro confirmou que essa tecnologia é parte do ciclo de investimento de R$ 7 bilhões. E, ao menos em algumas concorrentes, os escolhidos para a estreia do recurso são os SUVs médios. Esse foi o caso da Toyota - com Corolla e Corolla Cross - e será o da Renault. Na Volkswagen, a estimativa é de que o Taos seja o primeiro híbrido flex.

Já a Honda elegeu um SUV subcompacto para a missão. Trata-se do WR-V, que chega em 2025 e será posicionado abaixo do HR-V. Chamorro, no entanto, afirmou que o produto já confirmado para Gravataí não será híbrido flex. Ele virá 100% a combustão. Ou seja: ao menos por enquanto, a Chevrolet não adotará o mesmo caminho da Honda.

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