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Marcas flertam, mas carro elétrico brasileiro está longe de virar realidade

Qual será a primeira marca a produzir um carro de passeio elétrico no Brasil? Havia expectativa de que a BYD, "dona" do EV mais emplacado do País, fosse começar esse movimento. Porém, a montadora confirmou que seu primeiro produto nacional será o Song Pro, um híbrido plug-in.

Mais recente carro da BYD lançado no País, o Song Pro inicialmente está sendo trazido da China para concorrer com Compass e Corolla Cross. Em uma segunda etapa, passará a ser feito em Camaçari (BA). A nacionalização de um 100% elétrico está nos planos da marca. Mas, por ora, está confirmada apenas a do Song Pro.

Isso deixa o carro elétrico brasileiro mais distante da realidade. Marcas mais tradicionais no mercado, que antes apostavam apenas no híbrido nacional, estão agora também planejando fabricar EVs aqui. Mas os planos parecem ser ainda embrionários.

A novata GWM também planeja ter um elétrico brasileiro para chamar de seu. Porém, desde o início, anunciou que começaria a carreira como fabricante com modelos híbridos. Assim, o EV vai ganhando espaço no País, mas com produtos importados da China (no caso dos de maior volume).

Afinal, é mesmo mais negócio, para as montadoras, trazerem de lá. A China tem tecnologia para produção de baterias e vem se especializando em carros elétricos. Além disso, desenvolveu eficaz logística de exportação de seus veículos, e é capaz de exportar altos volumes ao mundo todo.

Porém, deixar o mercado de elétricos apenas para importados da China não é o melhor negócio para a competitividade da indústria brasileira, uma vez que esse tipo de produto vem sendo adotado em todo o mundo.

Então, afinal: teremos um EV nacional em breve, ou apenas promessas de novas e tradicionais montadoras? Abaixo, veja o panorama de algumas marcas (além da BYD) que já sinalizaram a fabricação de um elétrico brasileiro.

GWM

O início da produção nacional da GWM está virando uma novela. Estava programado para maio de 2024 e já foi prorrogado para o primeiro semestre de 2025. Além disso, houve mudanças em relação ao produto. A empresa havia anunciado uma picape híbrida.

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Porém, agora vai começar com o Haval H6, híbrido que tem versões HEV e plug-in e, por ora importado da China, é o carro-chefe da montadora no mercado nacional. E quanto ao EV? Antes a fabricante precisa de fato colocar sua fábrica de Iracemápolis (SP) para operar - planta esta, aliás, comprada da Mercedes-Benz.

Depois, poderá começar e pensar no elétrico brasileiro. Mas, reforçando: a GWM nunca planejou ter um EV antes. Sempre foi um híbrido.

Stellantis

Nos eventos em que anunciou detalhes sobre seus híbridos brasileiros, a Stellantis informou também que planeja ter um elétrico produzido no Brasil. O grupo é formado, no País, pelas marcas Fiat, Jeep, RAM, Peugeot e Citroën, além da preparadora Abarth e a divisão de acessórios Mopar.

A expectativa é que os híbridos flex nacionais da Stellantis comecem a chegar entre o fim deste ano e o início do próximo. Enquanto isso não ocorre, começará um novo capítulo na história do conglomerado automotivo no mercado nacional: a Leapmotor.

A Stellantis detém 51% da operação internacional da marca chinesa, que foi fundada em 2015 e é especialista em carros elétricos. "Haverá importação de produtos da Leapmotor para o Brasil a partir do primeiro trimestre de 2025", informou o grupo automotivo, em comunicado.

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Poderia a Stellantis usar plataformas Leapmotor para um carro elétrico brasileiro? Sobre essa questão, a empresa respondeu: "no momento oportuno, divulgaremos mais informações sobre a estratégia que a Stellantis desenhou para a marca na região."

O fato, no entanto, é que no primeiro momento os produtos serão importados. Assim, a Stellantis também começa sua estratégia de ampliação de participação no mercado de EVs no Brasil com carros chineses.

Volkswagen

A primeira montadora a defender os híbridos flex como principal resposta para o futuro da mobilidade no Brasil foi a Volkswagen. Em 2021, quando começou a detalhar seus planos, o então CEO da empresa para a América do Sul, o argentino Pablo di Si, considerava ter EVs, a curto e médio prazo, apenas como importados.

A gestão mudou. Atualmente a VW América do Sul é comandada pelo alemão Alexander Seitz e a operação nacional, pelo brasileiro Ciro Possobom - Di Si assumiu a VW nos EUA. Além disso, o mercado de carros no Brasil começou a se transformar em meados de 2023, com os EVs de BYD e, depois, da GWM, ganhando volume.

Em setembro do ano passado, durante o Salão do Automóvel da Alemanha, em Munique, o presidente global da marca Volkswagen, Thomas Schäfer, disse a esta colunista que há planos de produzir um carro elétrico no Brasil. Mas em que pé está esse projeto?

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Por enquanto, a subsidiária nacional não divulgou nenhum detalhe. O foco agora é o lançamento da tecnologia híbrida flex. A estimativa é que esta estreie em 2025, no SUV médio Taos.

General Motors/Chevrolet

Enquanto Stellantis e Volkswagen levantavam a bandeira do híbrido flex no País, a General Motors (GM), que atua no Brasil por meio da marca Chevrolet, defendia um futuro 100% elétrico, inclusive no mercado nacional. Os planos mudaram.

Por enquanto, o próximo Chevrolet nacional confirmado é um produto a ser lançado em 2026, que usará base do Onix e será 100% a combustão (esse carro deverá ser um SUV subcompacto). No evento em que divulgou os investimentos na fábrica de Gravataí (RS) para a produção desse inédito veículo, o CEO da GM América do Sul, Santiago Chamorro, conversou com a coluna.

De acordo com o executivo, no plano de investimento de R$ 7 bilhões que serão aplicados no Brasil até 2028, está previsto o desenvolvimento do sistema híbrido flex. E quanto ao EV nacional? Chamorro afirmou que está sim nos planos, mas sem nenhum outro detalhe.

Assim, a prioridade eletrificada da Chevrolet parece ser, neste momento, a mesma das demais: produto híbrido. Com o panorama desta e de outras marcas exposto acima, o EV nacional é um segredo muito bem guardado, ou algo ainda muito distante da realidade.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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