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GWM Haval H6: o que nova versão intermediária tem de melhor ou pior

O GWM Haval H6 tem sido um caso de sucesso no Brasil desde que foi lançado, no ano passado. Com porte de SUV médio grande e linha variada que inclui versão para concorrer com Compass flex e Corolla Cross, o chinês também se destaca pela tecnologia híbrida plug-in (nas configurações PHEV, recarregáveis na tomada).

As novas versões do Compass com motor 2.0 turbo a gasolina (272 cv) têm entre os alvos carros plug-in chineses como o Haval e o Song Plus. Mas agora, a GWM lançou uma nova versão para seu SUV, que vai dificultar ainda mais a vida do Jeep.

Trata-se da PHEV 19, que está posicionado entre a HEV, de entrada e híbrida sem carregamento na tomada, e a PHEV 34, topo de linha. Ela custa R$ 240 mil, cerca de R$ 40 mil a menos que o Haval H6 mais caro. Para isso, perdeu um motor elétrico - tem apenas um dianteiro.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

A bateria é de 19 kWh, ante os 34 kWh do PHEV 34. A autonomia no modo elétrico caiu, mas ainda é excelente - cerca de 75 km, conforme dados do Inmetro. E a potência, de 393 cv no mais caro, foi a 326 cv na nova versão. Mas o que o Haval H6 PHEV 19 tem de melhor. E de pior?

Pontos positivos

O Haval H6 PHEV 19 surge como a melhor opção da linha. Isso porque sua autonomia elétrica, apesar de mais baixa, é suficiente para que o consumidor consiga usar apenas o modo EV em ciclo urbano, mesmo que precise rodar muitos quilômetros por dia em grandes cidades, como São Paulo.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Quanto às demais tecnologias, o PHEV 19 mantém tudo que o 34 tem. Isso inclui teto solar panorâmico, sistemas de assistência à condução (como ACC, leitor de faixas com correção e centralização e Park Assist autônomo) e câmeras 360 com função 3D.

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Também se destaca pelo sofisticado acabamento, com materiais emborrachados, macios ao toque e peças bem encaixadas. O espaço traseiro é excelente para três pessoas, já que o carro é largo e tem assoalho plano. Isso o torna ótima opção para famílias.

O modelo também traz um eficiente sistema de comando de voz para executar funções como abrir teto solar e ajustar ar-condicionado (leia mais abaixo). Outra tecnologia interessante é a entrada para recarga rápida de bateria (DC).

Permite recarregar de 30% a 80% em pouco mais de 25 minutos, o que deixará mais fácil a missão de rodar no modo EV mesmo na estrada - algo que é possível a até 140 km/h. Um dos principais concorrentes, o Song Plus só tem entrada AC.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Externamente o design também chama a atenção, com grade frontal brilhante e interligação nas lanternas. Quanto ao desempenho, o carro acelera e retoma velocidade muito bem, apesar de ser bem mais lento que o PHEV 34.

O PHEV 19 acelera de 0 a 100 km/h em 7,6 segundos, ante os menos de 5 segundas da versão mais cara. É também mais lento que o Compass 2.0 turbo a gasolina, que cumpre a mesma missão em 6,3 segundos.

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Pontos negativos

Como vem sendo comum em carros elétricos e híbridos plug-in, especialmente os chineses, quase todos os comandos para os sistemas estão concentrados no multimídia. E isso, apesar de tendência, cria um problema de usabilidade e, em alguns casos, de segurança, pois pode distrair o motorista.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O ar-condicionado do Haval H6 é comandado no multimídia. Dá para ligar o sistema em botão no painel central. Ajustes, só na tela. Até por isso, a GWM inclui o processo entre as funções do comando de voz.

Isso é bom pois, se estiver usando o GPS, por exemplo, o motorista não precisa sair da tela para mudar temperatura, velocidade ou direcionamento do ar. Os modos de condução e direção também são comandados na tela central, e é preciso dar uma bela volta para chegar a essa parte do menu.

A GWM desenvolveu sistema para criar atalhos no volante para esses modos, mas não é fácil descobrir sozinho como configurar. Assim como é difícil acionar o sistema de centralização em faixas - são dos puxadas para a frente na mesma alavanca do ACC.

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Tudo isso, claro, é questão de o motorista se acostumar. Porém, por causa da usabilidade pouco intuitiva, é importante o novo proprietário ficar atento a como funcionam todos esses processos durante a entrega técnica.

Algumas tecnologias têm funcionamento confuso. O sistema de centralização de faixas fez curvas sozinho em algumas situações do teste, e não conseguiu cumprir a missão em outras condições semelhantes.

O Haval H6 tem um gráfico no painel que mostra a posição do carro na faixa. E é bem comum ele apontar que o SUV está fora desta quando, na verdade, ele não está. Quando faz essa leitura errada, insiste em emitir sinais sonoros altos - que podem, e talvez até devam, ser desligados (falarei mais disso abaixo).

A capacidade declarada do porta-malas é de pouco mais de 500 litros mas, com a tampa que o cobre, a acomodação de bagagens fica muito comprometida. Ela é extremamente baixa, permitindo levar duas malas médias e uma pequena, apenas.

Por isso, a melhor maneira de viajar com muitas malas é retirar essa tampa. Nesse caso, dá para levar pelo menos três pequenas, além das duas médias. A cabine tem quatro entradas USB do tipo A. Faz falta pelo menos uma porta USB-C, mais comum nos smartphones modernos.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL
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O maior problema do Haval H6 é a suspensão molenga, tipicamente chinesa. A GWM trabalhou bastante o sistema para adaptá-lo às condições do Brasil, mas a verdade é que não existe milagre. Com isso, a dirigibilidade não é das melhores, e o volante grande demais contribui para a sensação esquisita.

Ao menos, o modo esportivo de direção deixa o sistema um pouco mais pesado, aprimorando o desempenho em curvas. O pior é que essa suspensão (independente nas quatro rodas) é tão mole que até promove rodar suave, mas só em pisos bem lisos. Nos imperfeitos, a sensação é de desconforto.

A polêmica dos barulhos

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Decidi não colocar os barulhos do Haval H6 nem nos pontos negativos nem nos positivos. Eles merecem um capítulo à parte. Ao ligar o carro, há uma música. O engate do drive também tem som personalizado, assim como cada um dos quatro modos de condução.

Tudo isso é muito simpático e passa a sensação de modernidade. O problema é no tráfego. O carro não apita; ele berra. Rodeado de sensores e radares, "grita" o tempo todo: ao acionar a seta, se houver carro ao lado (há sensor de ponto cego), quando o motorista deixa a faixa (e até quando não deixa), quando uma moto se aproxima, entre outras situações.

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É tanto sinal sonoro que quem está ao volante vai ficando nervoso e até desconcentrado, pois barulho em excesso não é bom. Dá para desligar tudo isso. É só recorrer ao multimídia.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Porém, se tem, é para usar. Afinal, estamos falando de sistemas de segurança. Há inúmeros carros rodeados de sensores que já testei, e eles não esperneiam tanto quanto o Haval. Aqui, acredito que seja o caso de a GWM trabalhar melhor a precisão de seus sistemas de assistência e, principalmente, criar mecanismos para que os alertas entrem em ação com menos frequência (ou seja: apenas quando for mesmo necessário, não o tempo todo).

Aliás, fica aí sugestão de ajustes para a montadora aplicar na versão do Haval que será feita em Iracemápolis (SP) a partir de 2025 (estima-se). Aprimorar ajustes de suspensão e precisão de sistemas de assistência e alarmes.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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