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Elétricos estão bombando? Venda de veículos mostra realidade bem diferente

A empolgação com o crescimento do segmento de carros elétricos no Brasil esfriou. Após muitos recordes gerados pelo lançamento de modelos como Dolphin e Ora 03, as próprias marcas chinesas, capitãs da popularização dos EVs, parecem estar repensando a estratégia. E os números de julho corroboram esse cenário.

Enquanto o mercado geral cresceu 12,27%, na comparação com junho, os emplacamentos de veículos elétricos despencaram. No mês passado, foram vendidos 4.702 EVs, 9,39% a menos que no anterior. Os dados são da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).

Muitos veículos têm publicado, de maneira equivocada, que os carros elétricos bateram recorde de vendas no Brasil em julho, citando números da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE). Na verdade, o erro não é da entidade civil independente, e sim de interpretação.

Isso porque a ABVE chama a atenção não para o recorde de EVs, mas de eletrificados, grupo que soma aos elétricos os modelos híbridos. Este sim é o fato, já que em conjunto os emplacamentos totalizaram 15.312 exemplares, 6,39% a mais que em junho.

Considerando apenas os híbridos, o crescimento foi de 15,28%. Esses modelos registraram 10.610 exemplares emplacados no mês de julho.

Híbrido: bola da vez

Assim, são os híbridos, agora, que estão impulsionando o crescimento do segmento de eletrificados. A categoria já vinha sido defendida pelas marcas tradicionais - como o conglomerado Stellantis (inclui Fiat e Jeep) e a Volkswagen - como melhor resposta ao mercado brasileiro de automóveis a curto e médio prazo.

Mas aí vieram as chinesas GWM e, principalmente, BYD, e geraram preocupação nas montadoras mais antigas. Os carros elétricos dessas marcas passaram a ter volumes consideráveis de emplacamentos a partir de meados de 2023, o que fez as tradicionais repensarem suas estratégias e procurarem alternativas para ter concorrentes à altura.

Só que o mundo está reagindo ao carro elétrico chinês, cuja competitividade é imbatível. Os Estados Unidos estipularam imposto de 100% para os veículos do país asiático. Em seguida, a Comunidade Europeia seguiu os passos dos americanos, embora de maneira um pouco mais branda.

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O carro chinês foi sobretaxado, e a nova alíquota pode chegar a 38%. No Brasil também há um movimento protecionista, mas não específico para o automóvel do país asiático, e sim para todos os híbridos e elétricos importados, que desde o início do ano vêm sofrendo reajuste gradual na tarifa alfandegária.

Análise do ambiente

A reação protecionista de Europa e EUA está contribuindo para o Brasil atrair mais marcas chinesas. A Neta está chegando, e outras já anunciaram que estão a caminho. Ainda assim, o País também reage, embora com menos rigor - afinal, a China é nosso principal parceiro comercial.

Até por isso, enquanto novas marcas chegam, as chinesas que já estão aqui analisam o ambiente e repensam estratégias. É só observar a BYD, maior entusiasta do EV - já que a GWM vem se mostrando mais adepta ao híbrido plug-in.

No início do ano, a BYD lançou o Dolphin Mini, que acabou decepcionando. O preço ficou mais alto que o esperado e a qualidade do produto é muito inferior ao de Dolphin e Ora 03. Não dá para dizer que o modelo é um fracasso.

Porém, está muito longe daquelas cerca de 3 mil unidades ao mês que o Dolphin chegou a registrar. E mesmo esse modelo já esfriou, ficando em torno de 1.500 emplacamentos. Ora 03? Em julho, não chegou a 400 unidades comercializadas.

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Mudança de estratégia?

Há sim uma preocupação com protecionismo ou mudança de regras pelo governo brasileiro, mas o fato é que, após a empolgação inicial, o elétrico também perde força por ter um público restrito. Modelos de mobilidade limitada - por causa de alcance e escassa infraestrutura nas estradas -, dificilmente vão ser a escolha de famílias que podem ter apenas um carro.

Assim, o público que os carros elétricos poderiam atingir pode já estar saturado, o que ajudaria a explicar a queda. E é claro que todo esse cenário leva a análises de montadoras que apostavam no EV na hora de definir seus próximos passos no Brasil.

Assim, uma mudança de estratégia de marcas chinesas, especialmente da BYD, pode estar ocorrendo? Ainda é cedo para dizer. Mas há indícios. Depois do Dolphin Mini, os dois outros lançamentos da marca em 2024 foram híbridos plug-in, tipo de veículo capaz de atingir um público mais amplo no País. A montadora começou a vender o sedã KIng e o SUV Song Pro.

No Festival Interlagos, que terminou no domingo, em São Paulo, a BYD até mostrou seu próximo EV, o Yuan Pro. Mas o grande destaque foi a picape Shark. Que é... Híbrida! De acordo com a montadora, esse produto chega "em breve" ao mercado brasileiro.

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