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Revolução incompleta da Volvo, EX90 é lançado e chega ao Brasil em 2025

O sucessor do XC90 atrasou. O elétrico EX90 foi apresentado antes do modelo de entrada EX30. Porém, este já está à venda até no Brasil, enquanto o novo topo de linha só começa a definir agora sua estratégia de lançamento. No mercado nacional, deve chegar no primeiro trimestre do ano que vem, ainda sem preço definido.

Mas por que atrasou tanto? Foi culpa da tecnologia embarcada. Traz, por exemplo, recursos desenvolvidos pela empresa de inteligência da computação e líder em sistemas AI NVIDEA. O grande radar acima do para-brisa é o Lidar, que reúne câmeras avançadas, sensores e conexão com satélites.

Já as chamativas câmeras nos retrovisores laterais também estão ali para aprimorar diversas tecnologias do carro. O objetivo é ser um modelo praticamente à prova de acidentes, pois tudo isso contribui para evitar, com recursos inteligentes, que eles ocorram.

O Lidar, por exemplo, auxilia na detecção muito mais precisa do entorno, entendendo melhor situações que podem ser consideradas de risco - e preparando os sistemas do carro que possam evitar que elas ocorram.

É uma verdadeira revolução, mas incompleta. Isso porque o EX90 foi preparado para ser o primeiro carro autônomo da Volvo. Mas chegou sem trazer nenhum recurso de automação na condução além dos que a marca já tem. O semiautônomo de condução é de nível 2, com aquelas mesmas funções que a gente já vê há pelo menos dez anos em produtos como XC60 e XC90.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Pode até estar mais preciso, mas não traz nenhum recurso além do que os veteranos já oferecem. E isso não deixa de ser uma decepção, pois há lançamentos recentes que vão além. Exemplo é a nova RAM 1500. Mas desta revolução incompleta falaremos mais adiante. Antes, vamos ver o que o EX90 tem. E, principalmente: como ele anda.

Design e interior

O novo topo de linha da Volvo, que nasceu para ser o substituto do XC90 (mas conviverá com este por um período), tem duas versões. A Twin Motor tem 412 cv. A Twin Motor Performance entrega 524 cv, e é a mais cotada para ser vendida no Brasil (foi a avaliada por esta colunista). Ambas trazem dois motores elétricos.

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O carro é o segundo a ser lançado comercialmente com a nova linguagem visual da Volvo, de linhas retas. O EX30 já está no mercado. Mas, por ter sido apresentado antes, foi o EX90 que inaugurou esse DNA estético.

Há uma nova leitura para os faróis que são chamados pela marca de "Martelo de Thor", em referência ao personagem escandinavo. Há um conjunto auxiliar vertical, logo abaixo dos full-LEDs matriciais. As lanternas têm dois elementos: um principal (com faixa preta interligando os dois conjuntos), na parte de baixo, além do vertical, em cima.

As rodas têm 22 polegadas, e a linha da coluna C é muito bem definida como a de um SUV - e mantém a identificação com a do antigo topo de linha da Volvo, o XC90. O EX90 tem 5,03 metros de comprimento, 1,96 m de largura, 1,74 m de altura e 2,98 m de distância entre os eixos.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O carro traz sete lugares, em três fileiras de bancos. Com todos em uso, o porta-malas ainda tem uma bela capacidade: 310 litros. Com cinco, oferece 654 l. Quem viaja nos dois de trás tem à disposição saídas de ar exclusivas (na coluna), bem como entradas USB do tipo C.

Também chama a atenção o fácil acesso à terceira fileira e o espaço que os passageiros dessa parte têm à disposição - quando negociam com os da segunda, com três bancos individuais que giram sobre trilhos.

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Outro destaque é o processo de dobrar os bancos da terceira fileira, quando não estão em uso. É feito eletricamente, e de maneira extremamente rápida - por meio de botões nas paredes do porta-malas ou nas extremidades internas das portas de trás.

No porta-malas, também dá para abaixar a altura da traseira, eletricamente, por meio de botões - graças à suspensão adaptativa, a ar. Isso facilita a colocação de bagagem no compartimento.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O espaço na segunda fileira chama a atenção. Três passageiros têm assentos individuais, além de ótima acomodação para pernas e cabeça. O assoalho é plano. Há saídas de ar no centro e nas colunas. Nessa parte, o ar-condicionado oferece duas zonas de temperatura e uma de velocidade, além de duas entradas USB-C.

Equipamentos e usabilidade

Uma das maiores críticas ao EX30 é a ausência de quadro de instrumentos à frente do volante. As informações ficam concentradas na central multimídia. O EX90 traz uma orientação interna com uma diretriz minimalista semelhante mas, como topo de linha que é, não comete a mesma falha do SUV de entrada.

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Há uma pequena tela na frente do motorista, com importantes informações como velocidade e autonomia. Trata-se de um painel configurável, que pode ser exibido em três modos. Além do convencional, o motorista pode ver em destaque o mapa do navegador GPS ou o funcionamento de sistemas ADAS. Há ainda Head Up Display.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

E por falar em navegador GPS, como em outros Volvos o do EX90 é o Maps, já que o sistema operacional é Google. Aliás, não há Android Auto, pois basta o cliente conectar sua conta Google ao multimídia para ter acesso a todos os aplicativos.

A tela da central multimídia tem 14,5" e é vertical. Oferece boa visibilidade e tem usabilidade intuitiva. Quase tudo no carro é comandado por meio dela. Inclusive coisas que não deveriam ser.

Para ajustar altura e profundidade da coluna de direção, o motorista tem de selecionar a função no multimídia e depois fazer as mudanças em botões no volante. O mesmo processo é realizado para o retrovisor externo.

Porém, muitas vezes, após já estar rodando na via, o motorista pode perceber que o ajuste do retrovisor não ficou ideal. Ter de fazer a correção procurando entradas no multimídia pode causar distração, gerando problema de segurança.

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Ao menos, o sistema de ajuste do retrovisor do EX90 ganhou precisão, quando comparado ao do EX30. As câmeras 360 com função 3D têm visibilidade e precisão impressionantes, pois há duas em cada um dos retrovisores externos (além das incluídas no Lidar).

O modelo topo de linha tem ainda entre os itens de destaque o teto panorâmico com tecnologia que impede que os raios de sol incomodem os ocupantes - já que não há cortinas.

Para manter os aparelhos eletrônicos conectados, o EX90 traz seis entradas USB-C, duas em cada fileira. As da primeira ficam abaixo do console central suspenso e, apesar da posição, são fáceis de acessar.

Por falar em console central, ele é minimalista, trazendo apenas o carregador de smartphones sem fio e um botão para volume, que também serve para reiniciar sistemas quando estes apresentam falhas.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O acabamento dessa parte, assim como de painéis, imita madeira. Aliás, os materiais da cabine do EX90 são sempre sustentáveis. Por isso, o carro também usa imitação de couro, e os bancos são de tecido.

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Todas as superfícies são emborrachadas e macias ao toque. E, apesar da ausência de materiais geralmente associados à sofisticação, o acabamento é requintado. Chama a atenção também o sistema de som Bowers & Wilkins com 25 alto-falantes (inclusive no teto).

Desempenho

Os dois motores elétricos do EX90 geram 524 cv e 92 kgfm, levando ao carro à aceleração de 0 a 100 km/h em 4,9 segundos. Mas apesar de toda a força instantânea, o SUV não é daqueles elétricos potentes que fazem o corpo grudar no banco quando se pressiona com força o pedal do acelerador.

O ganho de velocidade é rápido, mas ocorre de forma mais progressiva. Isso pode estar associado a um ajuste de acelerador, e tem alguns benefícios. Ajuda a melhorar a eficiência da bateria (de 111 kWh), além de contribuir para a segurança.

É que, dependendo do carro, o torque brutal pode levar a escapadas de dianteira ou traseira na hora de acelerar. Com um ajuste mais progressivo de pedal, evita-se a ocorrência deste fenômeno.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL
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A velocidade máxima é limitada eletronicamente a 180 km/h. A tração 4x4 permanente (formada pelos motores elétricos) e a suspensão adaptativa a ar contribuem para outra boa característica do EX90.

O carro mantém o ajuste confortável dos demais Volvo, mas com muito mais firmeza em curvas (a carroceria não inclina) e acelerações fortes. Alguns modelos da marca dão a impressão de ter muito motor para pouca suspensão. O EX90, não. É um modelo muito prazeroso de dirigir.

Quando à recarga, pode ser feita em carregadores até 250 kW. Nesse caso, são 30 minutos de 10% a 80% da bateria, tempo que aumenta para 32 min em 200 kW. A autonomia é de 600 km no WLTP (europeu). Estima-se que, no Inmetro (metodologia brasileira), fique em torno de 420 km.

Automação e mercado

Como os modelos da Tesla, no mercado americano já há carros com o sistema chamado "Hands free". Isso significa que, em algumas condições de estrada, pode rodar sem interferência do motorista, promovendo inclusive mudanças de faixas.

A responsabilidade, porém, é de quem conduz. A Volvo, porém, acredita que ainda é cedo para que seus carros sejam "Hands free". Por isso, o EX90 ainda vem com o semiautônomo de condução tradicional, exigindo que o motorista mantenha as mãos no volante. É mais preciso que o do XC90, por exemplo, mas sem funções adicionais que chamem a atenção.

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Mas há uma ou outra novidade. Entre elas, a câmera interna que monitora o motorista para que o carro chame sua atenção caso ele esteja desatento à condução - quando o semiautônomo está em uso.

Isso acabou gerando uma frustração. Um carro com tantos radares e interação com satélites poderia incluir novas funções de direção semiautônoma. A boa notícia é que o EX90 está preparado para essa evolução, e poderá recebê-la nos próximos anos.

Por falar em atualização, o carro também vem com um poderoso sistema "over the air", facilitando a missão de receber novas tecnologias que possam ser entregues a partir da nuvem.

Apesar de ser o substituto do XC90, o modelo elétrico vai conviver ainda por muitos anos com o a combustão, que acaba de receber atualizações. Aliás, a Volvo voltou atrás. Antes, havia anunciado que teria apenas produtos 100% elétricos na próxima década.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Agora, tudo mudou. A ideia é ter 90% da linha eletrificada, com elétricos e híbridos plug-in. Os outros 10%? Modelos a combustão, que ainda são vendidos em diversos mercados.

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A marca informa que ainda está comprometida com uma linha 100% EV. Porém, não estipulou novos prazos. Vai depender dos governos, da ampliação da rede de recarga e, principalmente, da aceitação do consumidor.

Com a mudanças de planos da Volvo, entre as grandes marcas de luxo só falta uma voltar atrás: a Audi. E, como em 2026 a marca entrará na Fórmula 1, uma categoria a combustão (que vai aumentar a eletrificação, mas jamais será 100% elétrico), não vai surpreender ninguém se a montadora anunciar o abandono dos planos de ter só EVs na gama.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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