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Vale da Morte: como é rodar por um dos lugares mais quentes do mundo

Na hora de decidir quando visitar o Death Valley, há um impasse. Ir no verão do Hemisfério Norte (junho a setembro) vai gerar algumas limitações, por causa das altíssimas temperaturas. Por outro lado, o calor extremo também é uma atração no local cujo nome, em tradução literal, significa "Vale da Morte".

Afinal, quão alta pode ser a temperatura naquele que é um dos lugares mais quentes do mundo - e é o mais quente dos Estados Unidos? 50 graus Celsius em uma atmosfera extremamente seca. Esta foi a resposta que tive em minha visita ao Death Valley, na Califórnia.

Escolhi conferir a sensação do calor extremo. Portanto, fui no mês de agosto, auge do verão norte-americano. Minha escolha, porém, teve um custo: não consegui ficar tanto tempo fora do carro, exceto em um dos locais (Dante's View), mais alto que a média do parque nacional.

Montanhas mudam no decorrer do dia
Montanhas mudam no decorrer do dia Imagem: Rafaela Borges/UOL

Aliás, carro é a única maneira de explorar o Death Valley que, calor à parte, é um dos locais mais belos, e com as paisagens mais diversificadas, que já visitei. Outra coisa que é muito variada é a altitude, já que o parque é repleto de montanhas, e tem também o ponto mais baixo dos EUA.

Como chegar

O Death Valley National Park (Parque Nacional do Vale da Morte) faz parte do circuito de parques da Califórnia, que inclui também locais como Joshua Tree, Sequoia e o mais famoso desse grupo, Yosemite. A partir de Las Vegas, é uma viagem de 175 km (duas horas). Por isso, muitos aproveitam a visita à cidade de Nevada para conhecer o parque.

US-95, em Nevada
US-95, em Nevada Imagem: Rafaela Borges/UOL

De Los Angeles, a viagem leva de três horas e meia a quatro horas - são aproximadamente 350 km. Eu parti de Las Vegas, mas sem o tradicional bate-e-volta. A hospedagem no Death Valley é uma opção muito interessante, e há dois ótimos hotéis dentro do parque - que pertencem ao mesmo grupo, chamado de Oasis (leia mais abaixo).

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A viagem a partir de Las Vegas é belíssima, passando por uma variação de montanhas e paisagens desérticas entre os Estados de Nevada e Califórnia. Há dois caminhos. O mais curto é pela estadual NV-160. Já a rota pela US-95 é um pouco mais longa (200 km), mas costuma ser também mais rápida.

Caminho passa pelo Red Rock Canyon
Caminho passa pelo Red Rock Canyon Imagem: Rafaela Borges/UOL

Em ambos os trajetos, a viagem começa com vistas para o belo Red Rock Canyon, já na saída de Las Vegas. No caminho pela US-95, há uma curiosidade: o Area 51 Alien Center. A Área 51 é uma instalação confidencial no da Força Aérea dos EUA em um campo de testes do deserto de Nevada.

O local é alvo de várias teorias da conspiração. A mais famosa é relacionada ao aparecimento de extraterrestres, e também sobre o lugar abrigar uma nave espacial. Por isso, a Área 51 ficou famosa na cultura popular.

Area 51 Alien Center, uma lanchonete em um posto de combustível na US-95, está localizado no Amargosa Valley e se aproveita dessa popularidade do base militar. Isso porque a verdadeira Área 51 está um tanto distante dali, próxima à cidade de Rachel.

Vale destacar que esse posto de combustível é o último antes da chegada ao Death Valley. Porém, dentro do parque, também há opções para reabastecer o carro.

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Logo após essa região está a divisa entre Califórnia e Nevada e, a seguir, o ponto conhecido como Death Valley Junction, na saída da NV-373 para a CA-190. Ali, as paisagens do Vale da Morte já começam a dominar o entorno.

O carro escolhido

Na chegada ao Death Valley, há um quiosque com banheiros e terminais de auto-atendimento para pagar a taxa de entrada, que é de US$ 30 por carro. O passe é válido por sete dias, e permite ao veículo percorrer livremente o parque.

Para rodar pelo Death Valley, escolhi uma RAM 1500 (versão Tungsten). E a escolha se mostrou muito adequada. Apesar de a maior parte das vias ser asfaltada, algumas atrações do parque exigem que se percorra trechos de estrada de terra.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

Vi muitos exemplares de carros como Ford Mustang, por exemplo, fazendo esse trajeto, o que mostra que se trata de um off-road fácil. Porém, há muitas subidas e descidas "cegas", além de áreas com piso irregular.

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Um veículo alto faz toda a diferença, nessas condições, para comodidade e conforto ao rodar. Se tiver sistema de tração nas quatro rodas, melhor. Quanto ao preço do combustível nos postos do Death Valley, fica em torno de US$ 5,50 por galão.

Hotéis dentro do Death Valley

O The Ranch tem estilo velho oeste e até um saloon (música country ao vivo, dependendo do dia da semana), além de dois restaurantes (buffet e a la carte). Os quartos são simples, mas confortáveis. Têm ar-condicionado e uma pequena geladeira, essenciais para a hospedagem no Death Valley.

Além disso, no verão, a piscina fica aberta noite adentro, até 23h. E está sempre lotada de hóspedes tentando espantar o calor e observar o famoso céu estrelado do deserto.

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Imagem: Rafaela Borges/UOL

O The Ranch tem também um mercado que os visitantes do parque, mesmo aqueles que não estão hospedados, usam para comprar alimentos e bebidas. As diárias em novembro e dezembro ficam em torno de US$ 200 a US$ 300. Um dos postos de combustíveis do parque está ao lado deste hotel.

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O The Inn é mais sofisticado. Embora um pouco antigos, seus quartos e suítes investem mais no luxo, e o hotel é focado em experiências para o hóspede. Entre os destaques, há o restaurante com vista para um dos pontos mais famosos do Death Valley, o salar Bad Water. As diárias ficam entre US$ 330 e US$ 600 nos meses de novembro e dezembro.

Para economizar, há uma outra região no Death Valley chamada de Stovepipe Wells. Menos central, traz no entanto hotéis mais simples, e mais baratos. O parque também tem diversos campings com boa infraestrutura.

Salar Bad Water
Salar Bad Water Imagem: Rafaela Borges/UOL

O que fazer no Death Valley

O local em que estão os dois hotéis, chamado de Furnace Creek, é o epicentro do Death Valley, e tem também um centro de visitantes nas imediações. A partir de lá, as atrações são próximas - ficam entre 10 minutos e meia hora, de carro.

O salar Bad Water é o ponto mais baixo dos Estados Unidos, e fica 86 metros abaixo do nível do mar. Em algumas regiões do ano, formam-se pequenos lagos de água salgada no local, deixando a paisagem ainda mais impressionante.

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Devil's Golf Course
Devil's Golf Course Imagem: Rafaela Borges/UOL

No salar, há o Devils Golf Course (campo de golfe dos demônios, em português). São formações de cristal de sal no solo do deserto. Deixam a paisagem bem interessante, formando contraste com as montanhas coloridas logo em frente.

Essas montanhas, que mudam de cor no decorrer do dia (conforme a incidência de luz), podem ser mais bem observadas em uma rota de 15 km de estrada que passa no meio delas. A atração é chamada de Artist Drive.

Também próximo ao salar está o Natural Bridge, um lindo cânion entre duas montanhas. Quem quiser percorrer toda a trilha, que tem cerca de 1,6 km, encontrará uma cachoeira ao final dela.

Natural Bridge
Natural Bridge Imagem: Rafaela Borges/UOL

Também vale a visita o ponto conhecido como Dante's View, que tem a vista mais bela do Death Valley. Para chegar, há uma estrada estreita e cheia de curvas. Veículos de maior porte, como vans, são vetados nesse caminho, mas minha RAM 1500 o venceu sem problemas.

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Lá do alto dá para ver todo o salar Bad Water e as estradas que contornam a região. O mais curioso é que, além do ponto mais baixo dos EUA, também avistamos o mais alto. Trata-se do Monte Whitney, de 4.400 metros.

Twenty Mules Team Canyon, por sua vez, é uma paisagem bem exuberante. A trilha em estrada de terra de cerca de 3,5 km é por montanhas formadas por areia - de variadas texturas.

Twenty Mules Team Canyon
Twenty Mules Team Canyon Imagem: Rafaela Borges/UOL

Dicas

Optar pela visita no verão tem seus contratempos. Recomenda-se, por exemplo, evitar trilhas mais pesadas. Porém, se quiser mesmo fazê-las, vá antes das 10h. Placas alertam que, depois disso, há risco de morte, por causa do extremo calor.

Aliás, o ideal é fazer a maior parte dos passeios antes das 10h ou depois das 17h. Caso contrário você vai conseguir descer do carro rapidamente, e logo retornar em busca do ar-condicionado do veículo. É quase impossível ficar sob o sol.

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Dante's View
Dante's View Imagem: Rafaela Borges/UOL

Entre as 10h e 17h, muitos aproveitam as facilidades dos hotéis dentro do Death Valley. Por isso, a visita no verão requer mais dias - pelo menos três completos, para aproveitar tudo o que o parque oferece.

Já o inverno é a alta temporada no Death Valley, com hotéis e campings lotados. Nessa época, dá para aproveitar as atrações do parque sem restrições. Prepare-se, no entanto: pode haver dias de muito frio, principalmente por causa do vento.

Para circular no parque, coloque o nome do ponto que deseja visitar no GPS. Se o carro não estiver equipado com esse dispositivo, baixe os mapas no Google Maps antes de começar o passeio. Isso porque não há sinal de internet em muitas partes do Death Valley.

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** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

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