Vale da Morte: como é rodar por um dos lugares mais quentes do mundo
Na hora de decidir quando visitar o Death Valley, há um impasse. Ir no verão do Hemisfério Norte (junho a setembro) vai gerar algumas limitações, por causa das altíssimas temperaturas. Por outro lado, o calor extremo também é uma atração no local cujo nome, em tradução literal, significa "Vale da Morte".
Afinal, quão alta pode ser a temperatura naquele que é um dos lugares mais quentes do mundo - e é o mais quente dos Estados Unidos? 50 graus Celsius em uma atmosfera extremamente seca. Esta foi a resposta que tive em minha visita ao Death Valley, na Califórnia.
Escolhi conferir a sensação do calor extremo. Portanto, fui no mês de agosto, auge do verão norte-americano. Minha escolha, porém, teve um custo: não consegui ficar tanto tempo fora do carro, exceto em um dos locais (Dante's View), mais alto que a média do parque nacional.
Aliás, carro é a única maneira de explorar o Death Valley que, calor à parte, é um dos locais mais belos, e com as paisagens mais diversificadas, que já visitei. Outra coisa que é muito variada é a altitude, já que o parque é repleto de montanhas, e tem também o ponto mais baixo dos EUA.
Como chegar
O Death Valley National Park (Parque Nacional do Vale da Morte) faz parte do circuito de parques da Califórnia, que inclui também locais como Joshua Tree, Sequoia e o mais famoso desse grupo, Yosemite. A partir de Las Vegas, é uma viagem de 175 km (duas horas). Por isso, muitos aproveitam a visita à cidade de Nevada para conhecer o parque.
De Los Angeles, a viagem leva de três horas e meia a quatro horas - são aproximadamente 350 km. Eu parti de Las Vegas, mas sem o tradicional bate-e-volta. A hospedagem no Death Valley é uma opção muito interessante, e há dois ótimos hotéis dentro do parque - que pertencem ao mesmo grupo, chamado de Oasis (leia mais abaixo).
A viagem a partir de Las Vegas é belíssima, passando por uma variação de montanhas e paisagens desérticas entre os Estados de Nevada e Califórnia. Há dois caminhos. O mais curto é pela estadual NV-160. Já a rota pela US-95 é um pouco mais longa (200 km), mas costuma ser também mais rápida.
Em ambos os trajetos, a viagem começa com vistas para o belo Red Rock Canyon, já na saída de Las Vegas. No caminho pela US-95, há uma curiosidade: o Area 51 Alien Center. A Área 51 é uma instalação confidencial no da Força Aérea dos EUA em um campo de testes do deserto de Nevada.
O local é alvo de várias teorias da conspiração. A mais famosa é relacionada ao aparecimento de extraterrestres, e também sobre o lugar abrigar uma nave espacial. Por isso, a Área 51 ficou famosa na cultura popular.
Area 51 Alien Center, uma lanchonete em um posto de combustível na US-95, está localizado no Amargosa Valley e se aproveita dessa popularidade do base militar. Isso porque a verdadeira Área 51 está um tanto distante dali, próxima à cidade de Rachel.
Vale destacar que esse posto de combustível é o último antes da chegada ao Death Valley. Porém, dentro do parque, também há opções para reabastecer o carro.
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Quero receberLogo após essa região está a divisa entre Califórnia e Nevada e, a seguir, o ponto conhecido como Death Valley Junction, na saída da NV-373 para a CA-190. Ali, as paisagens do Vale da Morte já começam a dominar o entorno.
O carro escolhido
Na chegada ao Death Valley, há um quiosque com banheiros e terminais de auto-atendimento para pagar a taxa de entrada, que é de US$ 30 por carro. O passe é válido por sete dias, e permite ao veículo percorrer livremente o parque.
Para rodar pelo Death Valley, escolhi uma RAM 1500 (versão Tungsten). E a escolha se mostrou muito adequada. Apesar de a maior parte das vias ser asfaltada, algumas atrações do parque exigem que se percorra trechos de estrada de terra.
Vi muitos exemplares de carros como Ford Mustang, por exemplo, fazendo esse trajeto, o que mostra que se trata de um off-road fácil. Porém, há muitas subidas e descidas "cegas", além de áreas com piso irregular.
Um veículo alto faz toda a diferença, nessas condições, para comodidade e conforto ao rodar. Se tiver sistema de tração nas quatro rodas, melhor. Quanto ao preço do combustível nos postos do Death Valley, fica em torno de US$ 5,50 por galão.
Hotéis dentro do Death Valley
O The Ranch tem estilo velho oeste e até um saloon (música country ao vivo, dependendo do dia da semana), além de dois restaurantes (buffet e a la carte). Os quartos são simples, mas confortáveis. Têm ar-condicionado e uma pequena geladeira, essenciais para a hospedagem no Death Valley.
Além disso, no verão, a piscina fica aberta noite adentro, até 23h. E está sempre lotada de hóspedes tentando espantar o calor e observar o famoso céu estrelado do deserto.
O The Ranch tem também um mercado que os visitantes do parque, mesmo aqueles que não estão hospedados, usam para comprar alimentos e bebidas. As diárias em novembro e dezembro ficam em torno de US$ 200 a US$ 300. Um dos postos de combustíveis do parque está ao lado deste hotel.
O The Inn é mais sofisticado. Embora um pouco antigos, seus quartos e suítes investem mais no luxo, e o hotel é focado em experiências para o hóspede. Entre os destaques, há o restaurante com vista para um dos pontos mais famosos do Death Valley, o salar Bad Water. As diárias ficam entre US$ 330 e US$ 600 nos meses de novembro e dezembro.
Para economizar, há uma outra região no Death Valley chamada de Stovepipe Wells. Menos central, traz no entanto hotéis mais simples, e mais baratos. O parque também tem diversos campings com boa infraestrutura.
O que fazer no Death Valley
O local em que estão os dois hotéis, chamado de Furnace Creek, é o epicentro do Death Valley, e tem também um centro de visitantes nas imediações. A partir de lá, as atrações são próximas - ficam entre 10 minutos e meia hora, de carro.
O salar Bad Water é o ponto mais baixo dos Estados Unidos, e fica 86 metros abaixo do nível do mar. Em algumas regiões do ano, formam-se pequenos lagos de água salgada no local, deixando a paisagem ainda mais impressionante.
No salar, há o Devils Golf Course (campo de golfe dos demônios, em português). São formações de cristal de sal no solo do deserto. Deixam a paisagem bem interessante, formando contraste com as montanhas coloridas logo em frente.
Essas montanhas, que mudam de cor no decorrer do dia (conforme a incidência de luz), podem ser mais bem observadas em uma rota de 15 km de estrada que passa no meio delas. A atração é chamada de Artist Drive.
Também próximo ao salar está o Natural Bridge, um lindo cânion entre duas montanhas. Quem quiser percorrer toda a trilha, que tem cerca de 1,6 km, encontrará uma cachoeira ao final dela.
Também vale a visita o ponto conhecido como Dante's View, que tem a vista mais bela do Death Valley. Para chegar, há uma estrada estreita e cheia de curvas. Veículos de maior porte, como vans, são vetados nesse caminho, mas minha RAM 1500 o venceu sem problemas.
Lá do alto dá para ver todo o salar Bad Water e as estradas que contornam a região. O mais curioso é que, além do ponto mais baixo dos EUA, também avistamos o mais alto. Trata-se do Monte Whitney, de 4.400 metros.
Twenty Mules Team Canyon, por sua vez, é uma paisagem bem exuberante. A trilha em estrada de terra de cerca de 3,5 km é por montanhas formadas por areia - de variadas texturas.
Dicas
Optar pela visita no verão tem seus contratempos. Recomenda-se, por exemplo, evitar trilhas mais pesadas. Porém, se quiser mesmo fazê-las, vá antes das 10h. Placas alertam que, depois disso, há risco de morte, por causa do extremo calor.
Aliás, o ideal é fazer a maior parte dos passeios antes das 10h ou depois das 17h. Caso contrário você vai conseguir descer do carro rapidamente, e logo retornar em busca do ar-condicionado do veículo. É quase impossível ficar sob o sol.
Entre as 10h e 17h, muitos aproveitam as facilidades dos hotéis dentro do Death Valley. Por isso, a visita no verão requer mais dias - pelo menos três completos, para aproveitar tudo o que o parque oferece.
Já o inverno é a alta temporada no Death Valley, com hotéis e campings lotados. Nessa época, dá para aproveitar as atrações do parque sem restrições. Prepare-se, no entanto: pode haver dias de muito frio, principalmente por causa do vento.
Para circular no parque, coloque o nome do ponto que deseja visitar no GPS. Se o carro não estiver equipado com esse dispositivo, baixe os mapas no Google Maps antes de começar o passeio. Isso porque não há sinal de internet em muitas partes do Death Valley.
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