Carro sem motorista: tecnologia que cresce nos EUA segue empacada no Brasil
As tecnologias ADAS, de assistência à condução, estão atingindo cada vez mais carros no mercado brasileiro. Há até modelos do segmento de compactos que trazem o semiautônomo de condução, que usa ACC e recurso de manutenção e centralização de faixa para frear, acelerar e fazer curvas em algumas situações. Entre os exemplos há Honda City e Hyundai Creta.
Porém, esse sistema evoluiu pouco no País. Há uma ou outra atualização, como a combinação com realidade aumentada nos carros mais luxuosos da BMW. A realidade é que os modelos com esse recurso fazem hoje o que já faziam há mais de dez anos.
E pelo mundo? Não muda tanto. Lá na Alemanha, volta e meia as marcas lançam carros equipados com sistemas semiautônomos mais avançados que os atuais, que estão no nível 2. Porém, a legislação não permite homologá-los para rodar nas ruas.
Assim, ficam no plano das experiências em locais fechados, como em uma iniciativa de estacionamento criada por Mercedes-Benz e Bosch no aeroporto de Stuttgart, em 2022. O carro podia ser retirado e entregue a seu proprietário de maneira autônoma, sem motorista.
Mas, em vias abertas, a maior evolução até agora é nos Estados Unidos, que vem permitindo alguns avanços à automação nos carros. Essa tecnologia foi "abraçada" por empresas do Vale do Silício, na Califórnia, como a Alphabet, dona do Google, que criou a Waymo para desenvolver recursos para carros autônomos.
Sistemas de automação também sempre fizeram parte do poder de atração da montadora do Vale do Silício, a Tesla, atual queridinha dos americanos. E, agora, também pode ser vista em produtos de empresas mais tradicionais, como Jeep, RAM e Chevrolet.
Waymo
Circular sem motorista já é uma realidade em alguns locais dos Estados Unidos. A Waymo conseguiu autorização para oferecer seus serviços em áreas de Estados como Califórnia e Arizona. É como um Uber, mas não há ninguém ao volante. O veículo que transporta o usuário é autônomo.
Dá para solicitar carros da empresa em toda a área central de São Francisco, na Califórnia, e em algumas regiões de Phoenix, Arizona. Os modelos da Waymo também já podiam ser vistos, nos últimos tempos, circulando em Venice Beach, em Los Angeles, em fase de testes.
Mas, recentemente, o serviço foi aberto ao público em uma grande área de Los Angeles, que inclui locais como Santa Mônica, Beverly Hills e West Hollywood. Para 2025, está prevista a estreia em outros locais, como Austin (Texas) e Atlanta (Georgia).
É fácil identificar um carro da Waymo, e não apenas pelo fato de todos serem Jaguar I-Pace (elétrico) na cor branca e com discreto adesivo. É que eles trazem diversos radares, câmeras 360 e o poderoso sistema de detecção Lidar (no teto).
Para usar o serviço, é preciso instalar o app Waymo One, que infelizmente ainda não está disponível para lojas de apps do Brasil. Porém, em Phoenix é possível solicitar um carro da Waymo via Uber desde 2023. E, como a parceria entre as duas empresas deu certo, vai ser expandida em breve para outros locais.
Na estrada
Os sistemas semiautônomos que conhecemos no Brasil exigem que o motorista mantenha as mãos no volante. Quando este o abandona, é solicitado reassumir o controle do carro imediatamente ou após alguns segundos - até 15 s.
Se isso não ocorrer, o sistema para de funcionar. Em alguns modelos, como Ranger e XC60, entende que o motorista está incapaz. Por isso, aciona pisca alerta e vai diminuindo a velocidade até colocar o veículo na imobilidade.
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Quero receberMas, nos EUA, o Auto Pilot, da Tesla, já vem se destacando há alguns anos por não exigir que o motorista mantenha as mãos no volante. Já houve problemas de legislação e, em alguns períodos, foi exigido que a montadora limitasse o uso por alguns segundos, como as demais.
Mas a verdade é que era fácil desativar o limitador. Então, o recurso acabou sendo liberado, e várias montadoras tradicionais aderiram. Agora, além da Tesla, modelos da Chevrolet e Stellantis (nos EUA, tem marcas Jeep e RAM) permitem que seus condutores tirem a mão do volante em tempo integral, na estrada.
Testei a tecnologia na RAM 1500 (versão topo de linha Tungsten), modelo em que o recurso é chamado de Hands-Free. Nos cerca de 400 km de Los Angeles a Las Vegas, pela rodovia Interstate 15, só precisei assumir o volante quando quis. Para mudar de faixa, basta acionar a seta, e o carro faz isso sozinho.
O sistema é confiável e ajuda bastante, especialmente em viagens longas. Mas há ressalvas. A responsabilidade continua sendo do motorista, que tem de ficar atento ao tráfego.
Caso desvie os olhos demais, ou use o smartphone, alertas sonoros (e vibratórios, no banco) avisam que o condutor deve retomar a atenção. Se ele não fizer isso, o sistema para de funcionar.
Além disso, o Hands-Free da Stellantis só funciona em vias mapeadas pela TomTom, parceria da montadora para sistemas de navegação. Segundo o site comercial da Jeep, cerca de 200 mil km estão cobertos, nos Estados Unidos.
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