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Serras gaúchas formam roteiro perfeito para viagem sobre moto

Passeio pelas serras gaúchas atrai motociclistas e moto-romarias - Cézar Fuchs/Infomoto
Passeio pelas serras gaúchas atrai motociclistas e moto-romarias Imagem: Cézar Fuchs/Infomoto

Da Infomoto, em Farroupilha (RS)

20/04/2016 16h49

Uma placa minúscula exige atenção redobrada de quem segue a Nova Milano. Ali, é preciso cruzar a rodovia e pegar a saída à esquerda na RS-122 para acessar o quarto distrito de Farroupilha (RS), distante 110 quilômetros de Porto Alegre. 

Quando a Harley-Davidson Softail Heritage Classic 2016 vence uma pequena subida e engata a quarta marcha, a principal rua do lugarejo acabou. Mas lá há um tesouro que pouca gente conhece, mesmo entre os moradores da região: uma gôndola veneziana.

A embarcação, com 11 metros de comprimento e mais de 1 tonelada, fica na praça da Imigração Italiana, junto à igreja de Santa Cruz, uma das primeiras edificações religiosas da região serrana. Foi enviada como presente do governo italiano ao município nas festividades do centenário da imigração italiana, em 1975.

Tudo começou em maio de 1875 com a chegada de três famílias italianas (Crippa, Radaelli e Sperafico) ao Rio Grande do Sul. Deixaram seu país de origem, cruzaram o Atlântico e desembarcaram em um pequeno porto, no rio Taquari, na atual cidade de Santa Tereza (RS). 

Agora, este roteiro serve de base para um belo trajeto pelas serras gaúchas. É uma longa viagem para quem sai da região Sudeste, mas o cansaço é recompensado pela viagem prazerosa e que atrai cada vez mais motociclistas -- inclusive uma importante moto-romaria, em maio.

O roteiro passa por Bento Gonçalves, Santa Tereza, Monte Belo do Sul, Farroupilha e seu pequeno distrito de Nova Milano, num total de pouco mais de 400 quilômetros pela região serrana do Rio Grande do Sul.

"Aqui no Sul, o mototurismo vem ganhando cada dia mais adeptos. Contamos com uma boa infraestrutura, um turismo eno-gastronômico bastante forte, além de um clima adequado para se pilotar uma moto, isso sem falar nas belas paisagens”, afirma Alexandre Sampaio, engenheiro mecânico de profissão, moto-aventureiro  e nosso guia pela região.

No rastro dos colonos italianos

  • Cézar Fuchs/Infomoto

    A máquina

    Infomoto rodou mais de 2.700 quilômetros -- entre ida e volta de São Paulo ao Rio Grande do Sul -- com a Harley-Davidson Softail Heritage 2016. Renovada, a Heritage oferece conforto e boa ergonomia para encarar longas viagens. O motor ficou maior (de 1585 cm³ para 1690 cm³) e tem mais torque. Após os três mil giros, a sexta marcha (overdrive) é acionada e a moto fica sempre na mão. Para facilitar a vida do motociclista, a Heritage 2016 ganhou piloto automático de série. Simples e fácil de acionar, é um item de conforto para jornadas mais longas. Esta também é a função da boa proteção aerodinâmica, com escudo frontal destacável, e dos alforjes laterais para bagagem e equipamentos. O assento em forma de sela, a apenas 690 mm do solo, também ajuda nas manobras em baixa velocidade. O consumo de combustível foi de 18 km/l (estrada), com velocidade variando entre 90 km/h e 120 km/h. A autonomia permite rodar cerca 250 km de uma tacada só. No melhor estilo "classic custom", esta integrante da família Softail desperta olhares curiosos a cada parada -- muitos duvidam se tratar de uma Harley feita em 2016.

  • Cézar Fuchs/Infomoto

    Cuidados na viagem

    Ao guidão, o importante é chegar sem pressa, curtindo a moto, a estrada e também a paisagem, que muda muito ao longo do caminho. Em toda a viagem, fizemos uma parada a cada 220 km para abastecer, esticar as pernas, comer algo e fazer a hidratação necessária. Em cada perna, são cerca de cinco paradas. É um roteiro longo, cansativo, porém prazeroso.

  • Cézar Fuchs/Infomoto

    Caindo na aventura

    Para reviver e entender a aventura dos colonos, o Parque Temático Epopeia Italiana, em Bento Gonçalves, é fundamental por sua encenação teatral repleta de cenários, cores e luzes a história real de um casal de imigrantes italianos. Além disso, a boa infraestrutura agrada, com turismo eno-gastronômico bastante forte, belas paisagens e muita história.

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Túnel do tempo

    Nova Milano, distrito de Farroupilha, Santa Tereza e Monte Belo do Sul formam uma espécie de berço da imigração italiana no Rio Grande do Sul. A pequena Nova Milano abrigou as famílias dos pioneiros Stefano Crippa, Tommaso Radaelli e Luigi Sperafico, vindos de Milão (Itália). Em pouco tempo, se adaptaram à agricultura e, posteriormente, abriram um armazém que vendia desde tecidos até querosene.

  • Cézar Fuchs/Infomoto

    Paralelepípedos e casario

    Em função da importância de seu conjunto arquitetônico, o Iphan (Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) instituiu Santa Tereza como patrimônio histórico nacional, em 2010. Rodar em suas ruas de paralelepípedos e casario bem conservados é voltar no tempo e imaginar como era a vida dos primeiros imigrantes.

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Ontem e hoje

    Monte Belo do Sul é uma típica vila, que guarda o cotidiano das décadas de 1940 e 1950. Ruas de paralelepípedo, gente simples e simpática. Para quem gosta de comida caseira, não deixe de visitar o Ristaurante Nonna Metilde: o ambiente rústico, com muita pedra e madeira, é acolhedor e o carro-chefe é a tradicional pasta italiana

Os roteiros

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Caminhos de Pedra

    Partindo de Bento Gonçalves com destino ao Santuário de Caravaggio, em Farroupilha, este roteiro turístico é um museu a céu aberto que retrata a cultura camponesa dos primeiros imigrantes. Por meio da arquitetura, dos ofícios e dos costumes, percebe-se a importância do cultivo do tomate e da erva-mate para a região. É possível até experimentar o sorvete de erva-mate, delícia local. Na rota, há ainda vinícolas, casa de doces e massas, restaurantes e pousadas.

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Vale dos Vinhedos

    Neste roteiro eno-gastronômico, o motociclista terá que conter seus ânimos. São dezenas de opções de vinícolas e restaurantes que transportam o turista para a região da Toscana (Itália). Além de cursos rápidos, degustação de vinhos, há a possibilidade de apreciar jantares típicos regados com música italiana. Muitas vinícolas oferecem também hospedagem, detalhe útil para quem está ao guidão, mas quer experimentar experimentar as bebidas produzidas localmente. Atenção: algumas vinícolas só abrem suas portas para visitação nos finais de semana.

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Linha São Pedro

    Nesta pequena estrada vicinal, há diversas vinícolas menores que trabalham de forma artesanal. Como acontece em outros países, em função da qualidade e personalidade dos vinhos, a região ganhou a "Denominação de Origem" e é a primeira região local a ser reconhecida com Indicação Geográfica.

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Monumento ao Centenário da Imigração Italiana

    Fica às margens da rodovia RS-122, no distrito de Nova Milano. Construída em 1975 e passando por reformas, a estrutura metálica com gôndola estilizada é inspirada nas três primeiras famílias de imigrantes italianos que chegaram a Farroupilha.

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Casa de Pedra/Museu Histórico

    Foi construída entre 1890 e 1896 e utilizada como moradia e casa comercial da família Fin. No seu acervo estão utensílios, móveis e ferramentas domésticas que retratam a colonização italiana. Fica na rua Domênico Fin, no bairro Nova Vicenza, em Farroupilha

  • Cézar Fuchs/Infomoto

    Parque Temático Epopeia Italiana

    No centro de Bento Gonçalves, traz uma representação lúdica da chegada de um casal italiano ao Brasil. Os ingressos custam R$ 21 e R$ 25

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio

    Ponto turístico-religioso encravado no topo da serra, é local de peregrinação e cenário de uma das moto-romarias mais tradicionais do Brasil, que acontece em maio e no ano passado reuniu mais de 20 mil pessoas. Destaque para a velha matriz, ou Capela dos Ex-Votos, inaugurada em 1890 pelos imigrantes. Mais informações no site oficial (www.caravaggio.org.br).

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Maria-fumaça

    Percurso de 23 quilômetros, com duas horas de duração, entre Carlos Barbosa e Garibaldi. Dentro da locomotiva do século 19, os turistas acompanham performances e shows musicais. No desembarque, a festa se completa com a degustação de espumante moscatel e suco de uva. Custa entre R$ 98 (baixa temporada) e R$ 107 (alta temporada) por pessoa.

  • Aldo Tizzani/Infomoto

    Cantinas históricas

    Seis cantinas com receitas históricas integram o roteiro, em Bento Gonçalves. Nelas, é possível saborear a comida típica italiana, provar um bom vinho e, de quebra, visitar locais carregados de história. Saiba mais no site oficial (www.cantinashistoricas.com.br)