Veja quais carros foram os campeões de mercado em 2018
O ano de 2018 ensaiou boa retomada nas vendas do mercado automotivo brasileiro, que teve lideranças consolidadas e poucas, porém boas, surpresas. Finalmente, porque a instabilidade na economia prejudicou muitos investimentos e mudou estratégias das fabricantes -- fazendo com que os resultados fossem muitas vezes surpreendentes, para cima ou para baixo.
Depois de saltar de menos de um milhão de unidades por ano, na década de 1980, para quase quatro milhões em 2012, o mercado despencou para 1.986.186 em 2016 e só agora iniciou outra retomada, devendo fechar este ano em mais de 2,5 milhões de carros -- crescimento de 14,5%.
E como será 2019?
Na previsão "curiosa" do presidente da Anfavea, Antonio Megale, teremos crescimento de dois dígitos -- curiosa porque pode ser entre 10% e 99%.
Mas algumas coisas não devem mudar. O Onix, por exemplo, vai continuar vendendo mais que barrinha de cereal em trem.
Em outra esfera, o SUV mais vendido não é um compacto e está bem longe da faixa de preço mais barata da categoria.
O hatch da GM, voltando a falar no grande líder de mercado, continua nadando de braçadas entre os compactos de entrada. Isso apesar de ser um projeto datado e ter um dos motores mais antigos do pedaço.
O Corolla é outro que não perde a majestade: continua a reinar entre os sedãs médios, mesmo com a nova geração batendo às portas -- ela será lançada em 2019 -- e rivais com design mais arrojado e opções de motores turbo.
Entre os SUVs, o Jeep Compass liderou os emplacamentos e até novembro era o 9° carro mais vendido do país, segundo dados da Fenabrave no acumulado dos 11 meses. Sim, o utilitário esportivo de tamanho médio ficou bem à frente de SUVs compactos, mesmo custando mais de R$ 100 mil -- conectividade, reputação da marca e bom custo-benefício são apontados como principais fatores para essas peculiaridades do mercado. Mas 2019 promete ser agitado.
Os grandes líderes de 2018
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Compactos: Chevrolet Onix (190.816 unidades de janeiro a novembro)
O Chevrolet Onix foi novamente o líder do mercado brasileiro. Põe líder nisso: nestes 11 meses de 2018 (janeiro a novembro), ele teve mais de 190 mil unidades comercializadas. Sim, o Onix sequer vê o HB20 no retrovisor -- o hatch da Hyundai vendeu menos da metade no mesmo período, totalizando pouco mais de 90 mil emplacamentos.
Tudo bem que quase 80 mil dessas unidades do Onix, ou 42%, foram vendas diretas -- em sua maioria, para empresas locadoras de veículos. Bem, aí isso já é um problema das demais marcas por não trabalharem melhor com suas vendas para PJ, né? E detalhe: mesmo sem esse tipo de venda, o carro da Chevrolet ainda ficaria à frente de todos.
O mais curioso disso tudo é que ele tem projeto de quase sete anos de vida -- com um face-lift de meia vida --, com desenho que não empolga e motores baseados em projetos antigos, como o 1.0 da Família I da GM.
Para UOL Carros, a razão do sucesso estaria justamente na robustez que o Onix sugere (para muitos, ele parece maior do que realmente é), aliado ao custo-benefício interessante. "Carros que passam sensação de robustez e oferta maior de equipamentos tendem a atrair o cliente final. O Onix foi ganhando detalhes ao longo dos anos e aprimorando seu custo-benefício, principalmente com itens que favorecem na questão de conectividade", observa o coordenador do MBA de Cadeia Automotiva da FGV-SP, Antonio Jorge Martins.
Conectividade, para o especialista, vai ser ponto chave para quem quer vender bem em nosso mercado. No caso do Onix, a oferta da boa central multimídia MyLink passou a ser de série desde a versão LT 1.0 -- ela só não é equipamento de série na versão Joy, a única da gama que não adotou a reestilização de 2016.
"É uma demonstração que o Onix não parou no tempo, ampliando seu conteúdo tecnológico, se destacando em conectividade, renovando o design e mantendo o melhor preço de revenda", defende Hermann Mahnke, diretor de Marketing da Chevrolet.
Aliado a tudo isso, vem a boa liquidez e baixa depreciação do carro -- mais uma vez, o Onix ganhou o selo "Melhor Valor de Revenda" na edição 2018 do prêmio da Agência Autoinforme, na categoria "hatch compacto" -- a premiação contempla carros que têm a menor desvalorização após um ano de uso e, para a avaliação, foram analisados 110 modelos de 24 marcas diferentes.
"Em tese o valor de revenda se dá pela liquidez: o carro que tem liquidez maior é o que tem grande volume de venda, pois reflete também no setor de usados. A expectativa do cliente que compra carro zero km também faz considerar o consumidor que tem R$ 30 mil ou R$ 40 mil e deseja comprar o mesmo modelo usado com dois ou três anos de uso", observa o jornalista Joel Leite, fundador e diretor da Autoinforme e colunista de UOL Carros.
Além disso, outra estratégia da GM para manter o Onix Joy na ponta é manter "duas carrocerias" para o modelo -- o Joy com desenho antigo começa em R$ 44.990 e só pode ter motor 1.0, fazendo com que custe R$ 4 mil a menos que a versão LT remodelada. "O mesmo carro que atinge dois segmentos. Isso também é fator de valorização e mostra a força da marca", destaca. Leia mais -
Sedãs médios: Toyota Corolla (53.880 unidades de janeiro a novembro)
No caso do Corolla, a reputação da marca faz toda a diferença para que ele possa manter a liderança de um segmento com ótimos concorrentes. Detalhe: trata-se de uma categoria onde os consumidores costumam estar mais bem informados e, mesmo com a nova geração já tendo sido noticiada aos quatro ventos para 2019, o modelo continuou líder e com folgas.
Foram quase 54 mil emplacamentos de janeiro a novembro, mais que o dobro do Civic -- vale dizer que o arquirrival da Honda ganhou nova geração recentemente, com desenho bem mais ousado, e ainda passou a dispor de versão com motor turbo. Outro turbinado desse nicho é o Chevrolet Cruze, que vai terminar na terceira colocação.
Aqui, a força da marca é diferencial: a Toyota construiu imagem e fama de carro que não quebra nem dá problema -- além de ter um pós-venda considerado um dos melhores do país, o que leva a marca a ter um índice de fidelização acima da média.
A vice-liderança do Civic pode até ser justificada pelo fato de o SUV HR-V, companheiro de vitrine do sedã, meio que canibalizar as vendas e dividir as atenções. Mas o diretor da AutoInforme rechaça essa teoria e credita o sucesso do Corolla também à boa reputação. "Antes da existência do HR-V, Corolla e Civic disputavam o mesmo consumidor e o Corolla sempre esteve à frente, salvo exceções pontuais. A história de carro que não quebra e de marca que tem bom atendimento é insuperável e o consumidor dá valor a isso", garante Joel Leite. Leia mais -
SUVs: Jeep Compass (55.522 unidades de janeiro a novembro)
O tipo de carroceria que é sonho de consumo de 11 entre 10 brasileiros contrariou a lógica do mercado brasileiro, onde nem sempre os mais baratos são os que mais vendem. O Jeep Compass, SUV médio com preços que começam acima dos R$ 100 mil, foi o SUV mais vendido do país no ano passado e entre janeiro e novembro deste ano -- mesma posição que deve terminar a temporada.
Desbancou, com margem boa, exemplares compactos como Honda HR-V, Hyundai Creta e outros. Custo-benefício e produto de nicho são alguns dos pontos a favor para este sucesso do Jeep feito em Goiana, Pernambuco. "O Compass está dentro desse espectro de valorização do SUV que é um negócio absolutamente crescente no Brasil e no mundo. E nós estamos vivendo um momento de volume de mercado bem menor. A compra está mais seletiva, quem tem dinheiro é o cliente de maior poder aquisitivo que busca esse tipo de carro, com maior valor agregado", pondera Joel Leite.
Martins, da FGV-SP, também destaca a estratégia de varejo da marca. Ele lembra que o Compass teve políticas agressivas de financiamento e de taxas de juros ao longo do ano. "As marcas não gostam de variar preço, então facilitam condições de pagamento. É uma forma de atrair um grupo mais seleto de consumidores que tem condições de absorver esse 'plus' de preço", avalia. Leia mais -
Feliz ano velho?
Alguns modelos podem não ter a mesma vida fácil nos próximos anos. O Chevrolet Onix provavelmente manterá a liderança, mas deve ficar de olho no fator HB20, que deve ganhar remodelação em breve, baseada no conceito SAGA EV mostrado no Salão de São Paulo.
"O desempenho do segmento vai depender de como vai entrar o novo HB20. A questão de preço e de conectividade do Hyundai pode ter impacto. Acho que a marca vai procurar se diferenciar com um volume bem grande de conectividade", acredita Antonio Jorge Martins, da FGV-SP.
Outro que deve causar é o T-Cross (foto), o novo SUV da Volkswagen para a categoria de compactos. Em 2018, Honda HR-V, Nissan Kicks, Hyundai Creta e Jeep Renegade se estapearam pelo primeiro lugar, com vendas muito próximas entre si. "A Volkswagen estava fora e vai entrar para guerrear. Pode estar certo que qualquer melhoria de mercado tende a caminhar para SUVs. E o modelo gera expectativa porque a Volkswagen meio que 'abandonou' o mercado e agora está renovando toda sua frota em busca de recuperar a imagem de robustez que sempre teve", conclui Martins. Leia mais
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