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Kasinski Comet e Dafra Riva fazem duelo de motos emergentes

Em franco crescimento no mercado nacional, Dafra e Kasinski apresentam suas armas, Riva 150 e Comet 150, para disputar o maior e mais lucrativo segmento do mercado de duas rodas - Doni Castilho/Infomoto
Em franco crescimento no mercado nacional, Dafra e Kasinski apresentam suas armas, Riva 150 e Comet 150, para disputar o maior e mais lucrativo segmento do mercado de duas rodas Imagem: Doni Castilho/Infomoto

André Jordão

Da Infomoto

09/02/2012 13h14

Dafra e Kasinski têm muito em comum. Ambas contam com parcerias internacionais para ganhar mercado dentro no cenário nacional. Para isso, as duas precisaram buscar produtos com qualidade para desmistificar a imagem ruim deixada no início do século -- lembrando que a Kasinski foi comprada pela sino-brasileira CR Zongshen, junção da CR Motors de Claudio Rosa com a chinesa Zongshen. E parece que elas conseguiram.

Poderia citar alguns modelos que hoje já fazem sucesso entre os motociclistas, entretanto o foco é o duelo das duas 150cc: Dafra Riva 150 contra a Kasinski Comet 150. Nada mais justo do que colocar frente a frente duas motos novas no mercado e que chegam para disputar o segmento (street de baixa cilindrada) mais importante para as fabricantes -- além de representar mais de 90% do mercado de duas rodas ele é o nicho mais rentável para os fabricantes.

Enquanto a Comet 150 foi lançada no fim de 2010 com uma proposta inovadora, quando disponibilizava ao comprador um ano de seguro grátis e três anos de garantia, a Riva 150 chegou recentemente às revendas Dafra e ainda causa curiosidade nos motociclistas nas ruas e frentistas dos postos de gasolina. Isso porque a Riva foi lançada no Salão Duas Rodas 2011 em parceria com a Haojue, líder de vendas na China há oito anos. Já a Comet nasceu, digamos, de parto natural. Fabricada pela Zongshen na China, a Comet é vendida no Brasil pela CR Zongshen. Vale ressaltar que todas as motos provenientes de parcerias internacionais passam por inúmeros testes para chegar e se adequar ao nosso mercado.

ARQUITETURA MECÂNICA
Realizado os devidos testes, as duas motocicletas desembarcaram no Brasil com arquiteturas mecânicas semelhantes. Infelizmente, ainda dotadas de carburador, Comet 150 e Riva 150 forçam o piloto a descer à garagem mais cedo, tudo para esquentar a moto antes de partir para o trabalho. Em pleno verão perdem-se cinco minutos diários nesse ritual, tempo que deve aumentar no inverno. 

Além da alimentação (por carburador) obsoleta, o motor, no caso da Comet 150, mostra outro defeito: vibra muito. Pilotando por 10 quilômetros pode parecer exagero de minha parte, mas experimente rodar 50 km diários que comprovará. E a solução é simples, bastaria instalar um balanceador, como fez a Dafra na Riva 150. O nível de vibração diminui substancialmente.

A Riva 150 conta com motor monocilíndrico de 149,4 cm³, comando simples no cabeçote (OHC), quatro tempos e arrefecimento a ar. De mecânica simples, oferece potência de 12,1 cv a 8.250 rpm e torque máximo de 1,11 kgfm a 6.600 rpm. O monocilíndrico de 149 cm³ com comando simples no cabeçote (OHC) e refrigeração a ar da Comet 150 oferece 12,9 cavalos de potência máxima a 8.000 rpm e torque máximo de 1,24 kgfm a 6.000 rpm. Não notei muita diferença na cidade de um propulsor para o outro, mas foi só pegar a Rodovia Anchieta que apareceram as disparidades.

Ao engatar a quinta e última marcha em ambas às motos, fica nítida a relação de marchas mais longa da Riva 150, pensando em alcançar maior velocidade final. A Comet pede a inexistente sexta marcha na estrada, no entanto, permite que o piloto faça menos trocas de marchas dentro da cidade. E elogios para o câmbio de ambas: o encaixe de marchas é preciso nas duas motos, mesmo a unidade da Riva sendo zero quilômetro.

CONJUNTOS CICLÍSTICOS 
Montada sobre um quadro do tipo diamante, a Comet 150 traz suspensões telescópicas convencionais, na dianteira, e sistema de amortecimento bichoque, na traseira (o curso das suspensões não foi divulgado pela fabricante). E a nova Dafra está equipada com os mesmos sistemas tradicionais: na dianteira, garfo telescópico de 105 mm de curso. Na traseira, sistema bichoque com 77 mm de curso.

Os conjuntos de suspensões apresentaram funcionamento bastante macio, privilegiando o conforto ao invés da esportividade. Uma opção de acordo com a proposta urbana das duas motocicletas.

A diferença fica por conta do chassi tubular em aço da Riva. Mas nada que altere a pilotagem ou valha um comentário. O que realmente vale destacar são os pneus escolhidos pela Kasinski e Dafra para equipar os dois modelos. Ambas seguem a receita da líder no segmento e calçam suas rodas de liga leve de 18 polegadas com os pneus Pirelli City Demon, o mesmo da Honda CG 150. Dessa forma a Kasinski abandona os antigos pneus chineses Cheng Shin com diferentes desenhos na banda de rodagem mostrados no lançamento da Comet em 2010.

Os freios, disco dianteiro de série e freio tambor na traseira, são suficientes para parar com segurança os 134 kg (a seco) da Kasinski. Todavia, a Dafra superou com facilidade a sua concorrente neste quesito. Com cáliper de dois pistões no disco dianteiro, a Riva freia muito melhor do que a Comet, que tem cáliper simples. Já o tambor traseiro da Riva se assemelha ao da Comet, mas, mesmo assim, o conjunto de freios da Dafra está bem melhor que o da Kasinski.

FICHA TÉCNICA

Kasinski Comet 150
Motor: 149 cm³, monocilíndrico, OHC, quatro tempos e arrefecimento a ar
Potência máxima: 12,9 cv a 8.000 rpm
Torque máximo: 1,24 kgfm a 6.000 rpm
Câmbio: 5 velocidades
Diâmetro e curso: 62,0 x 49,5 mm
Alimentação: Carburador PZ 27
Quadro: Tipo diamante
Partida: elétrica ou a pedal
Suspensões: Dianteira por garfo telescópico. Traseira bichoque ajustável
Freios: Dianteiro a disco simples com pinça de único pistão. Traseiro a tambor
Pneus: Dianteiro 2.75/18. Traseiro 90-90/18 Comprimento: 2.060 mm
Altura: 1.120 mm
Largura: 780 mm
Entre-eixos: 1.320 mm
Altura mínima do solo: 170 mm
Tanque: 18,5 litros
Peso: 134 kg (a seco)
Pneus: Dianteiro: 2.75 R18; traseiro: 90/90 R18 Cores: Preta, Vermelha e Prata
Dafra Riva 150
Motor: Monocilíndrico, 149,4 cm³, quatro tempos, OHC, refrigerado a ar
Potência: 12,1 cv a 8.250 rpm
Torque: 1,11 kgfm a 6.600 rpm
Câmbio: 5 velocidades
Alimentação: Carburador
Quadro: Tubular em aço
Partida: elétrica ou a pedal
Suspensões: Dianteira por garfo telescópico com 105 mm de curso; traseira por sistema bichoque com curso de 77 mm
Freios: Dianteiro por disco simples com 240 mm de diâmetro; traseiro por tambor
Comprimento: 1.995 mm
Altura: 1.095 mm
Largura: 760 mm
Entre-eixos: 1.280 mm
Altura mínima do solo: 178 mm
Tanque: 13,3 litros
Peso: 136 kg (em ordem de marcha)
Pneus: Dianteiro 2.75 R18; traseiro 90/90 R18 Cores: Pérola, vermelha e preta

ERGONOMIA E PRATICIDADE
Quando o assunto é a posição de pilotagem, semelhanças voltam a aparecer. A posição das pedaleiras nos dois modelos é ideal para o dia a dia e não cansam o piloto. O que difere é o guidão. A Riva oferece guidão alto e curto, melhor para trafegar em meio aos carros, no entanto, um pouco estreito exigindo mais força para contornar curvas. Já o guidão da Comet 150 é mais largo, deixando a frente da moto mais leve, porém permite que os braços do piloto fiquem mais relaxados.

Vale destaque para o bagageiro de série da Comet 150, apto a receber a instalação de um baú -- item ausente da Riva. Já a Dafra mostrou preocupação com a garupa e equipou a Riva com um pino atrás da pedaleira traseira onde, além de apoiar o calcanhar, pode-se amarrar bagagens. A espuma dos bancos segue os mesmo padrões, sendo a Riva um pouco mais confortável. 

GOSTO É GOSTO
Retrovisores, comandos de punho e alças para a garupa também são muito parecidos, quase iguais. Trazem até mesmo lampejador de farol. E uma crítica à Dafra. A Riva 150 não tem botão corta corrente, o que causa estranheza ao montar. Em contraponto a nova motocicleta da Dafra apresenta um nível de acabamento superior ao da Comet 150. Na Riva, diversas peças, como os punhos, parafusos, soldas, enfim, mostram mais preocupação da fábrica com os detalhes. 

Ambos os painéis são completos e contam até com conta-giros, uma exceção no segmento. Trazem também um display digital com velocímetro, hodômetro e indicador de marcha. Na Riva, o marcador de combustível é digital, enquanto na Comet é analógico.

Para muitos o design é um fator determinante. Mas como gosto é gosto, deixo as fotos falarem por si só. A Comet 150, no fim de 2010, ganhou um conjunto óptico moderno, com a lanterna dianteira em LED e um visual bem harmônico com o modelo. Todavia, esqueceram de redesenhar a lanterna traseira, que destoa do conjunto.

Por outro lado, na Riva 150 o spoiler sob o motor e as duas carenagens que acompanham o tanque dão à nova Dafra um ar mais esportivo, ideal para também curtir essa moto nos finais de semana. 

CONCLUSÃO
Com preço agressivo de R$ 4.990, a nova street da Dafra entra na briga por uma fatia de mercado dominado pelas Honda CG 150 Fan (R$ 6.680, versão ESDi), Yamaha Factor YBR 125 ED (R$ 6.851) e Suzuki Yes SE (R$ 5.890). Já a Kasinski Comet 150 é vendida por R$ 5.390, com três anos de garantia, mas sem o seguro de um ano oferecido à época de seu lançamento.

O fato de ser um lançamento e o visual mais moderno -- com aletas no tanque e spoiler -- já dão de cara uma vantagem para a Dafra Riva 150. Além disso, a Riva apresenta um acabamento melhor, um conjunto de freios superior e um motor que vibra menos – características que a posicionam mais próxima das líderes do segmento. 

Mas, além desses fatores, o que pesa ainda mais a favor da nova street Dafra é o preço inferior. Afinal, com R$ 400 o motociclista pode investir em equipamento de segurança, como uma jaqueta ou um bom capacete.