Can-Am Commander 1000X é fera para encarar até rali

À primeira vista, pode até parecer um "jipinho", mas o Can-Am Commander 1000XT pertence à outra categoria de veículos: os side-by-side (em tradução literal, lado a lado, pela disposição dos ocupantes). Dotado de chassi tubular, rodas de 12 polegadas e suspensões independentes, os veículos side-by-side, ou SSV, aproximam-se mais de um quadriciclo do que de um jipe fora-de-estrada, em função de sua construção e também da distância entre-eixos e de sua largura, mais estreita do que a de um jipe. No caso do Commander 1000XT até a motorização vem dos quadriciclos da marca canadense: dois cilindros em “V” (V2) dispostos a 80° da Rotax com 1.000cc e 85 cv.

Populares em países da América do Norte, os SSV chegaram há poucos anos no Brasil e fazem sucesso entre os amantes do fora-de-estrada. Tanto que na 20ª edição do Rali dos Sertões, maior prova da modalidade no país, que começou no último sábado, haverá a categoria UTV, de Utility Terrain Vehicles, nomenclatura também dada aos side-by-side. Cerca de 11 competidores vão participar da categoria, entre eles o piloto Carlos Collet, que já venceu o rali cinco vezes na categoria quadriciclos. Ele vai pilotar um Can-Am Commander X preparado para a prova (veja box ao lado).

Apesar do visual de jipinho, do cinto de segurança, faróis e luzes de freio, o Commander 1000, assim como outros side-by-side, não é homologado para rodar em vias públicas. Ou seja, só poderá rodar em trilhas fechadas ou propriedades particulares.

VOLANTE EM VEZ DE GUIDÃO
Apesar das semelhanças estruturais, os SSV diferem bastante dos quadriciclos. A começar pela posição de pilotagem: o piloto vai sentado e é obrigado a utilizar um cinto de segurança -- além de uma rede contentora na lateral do veículo, no caso dos modelos da Can-Am. E no lugar de um guidão existe um volante como nos carros. Outra diferença, evidenciada pelo nome side-by-side, é que, além do piloto, também vai um passageiro. Ambos devem usar capacete já que não existe uma cabine, apenas uma estrutura protetora, espécie de gaiola.

Para facilitar a tarefa, nos modelos 2013 do Commander a Can-Am adotou a tecnologia DPS (Dynamic Power Steering), ou direção assistida, para facilitar manobras em trilhas fechadas e em baixa velocidade. A assistência diminui conforme a velocidade aumenta, funcionando por meio de sensores magnéticos que melhoram a resposta da direção e ajudam a ter mais controle do veículo. Outra novidade do novo modelo é o sistema visco-lock, um diferencial autoblocante automático.

O Commander XT conta com pedal de acelerador e freio. Não há embreagem, já que, assim como os quadriciclos, o Commander traz transmissão continuamente variável (CVT). Para parar, a Can-Am o equipou com freios a disco na dianteira e na traseira: discos com 214 mm de diâmetro com pinça de dois pistões.

IMPRESSÕES
Devido ao baixo peso do veículo, de 585 kg, a aceleração é vigorosa e em poucos segundos se alcança 80 km/h -- o que, nas estreitas trilhas da floresta de coníferas canadenses é sinônimo de adrenalina suficiente.

A estabilidade do conjunto é garantida pelo conjunto de suspensões: braços duplos em “A” na dianteira com geometria anti-mergulho e suspensões independentes com braços transversais na traseira. O conjunto funciona bem para absorver as imperfeições do piso e outros obstáculos, principalmente pela grande distância livre do solo, de 35 cm.

Entretanto, é nas curvas que o piloto precisa de um pouco mais de habilidade: em função de sua largura reduzida e do alto centro de gravidade, o Commander, assim como um quadriciclo, pode capotar com facilidade. O ideal é fazer curvas reduzindo a velocidade ou acelerando para “sair” de traseira. O bom sistema de freios para o Commander com segurança.

Já em obstáculos, o bom ângulo de entrada do Commander permite encarar subidas íngremes -- afinal, o “brinquedinho” foi feito para fazer trilhas fechadas também -- e o câmbio CVT dá conta do recado e parece sempre haver torque à disposição. Já a potência, que aparece em giros mais altos, é capaz de levar o SSV a velocidades altas nas trilhas – podendo chegar até 130 km/h o que, convenhamos, é mais que suficiente em um veículo estritamente off-road. Outra característica que ajuda em trechos complicados e locais com lama é a tração nas quatro rodas. Um botão no painel seleciona a opção 4x2 ou 4x4.

CARO
Em países como Estados Unidos e Canadá, com territórios enormes e vastas áreas selvagens, é bastante utilizado para a caça esportiva ou mesmo para aventuras outdoor. Os SSVs também são usados na manutenção de torres de transmissão de energia, mineradoras, entre outros locais de difícil acesso por enfrentarem bem terrenos acidentados e serem menores do que jipes ou picapes.

Mesmo com essa proposta aventureira ou utilitária, a Can-Am não economizou no conforto dos ocupantes na linha 2013 do Commander 1000. A começar pelos bancos, facilmente ajustáveis, e que ainda podem ser retirados (para uma fogueira no meio da floresta, por exemplo). A coluna de direção pode ter sua altura regulada e há até mesmo dois suportes “off-road” para copos.

Disponível em quatro versões -- Standard, XT, X e Limited --, que diferem entre si pela pintura e acessórios instalados, o Commander 1000 2013 deve desembarcar em breve no Brasil, segundo a Bombardier Recreational Products, importadora oficial da Can-Am. Os modelos 2012 à venda no País têm preço sugerido a partir de R$ 60 mil. Os modelos novos serão ainda mais salgados. Mas se você tem cacife para levar um para casa e, principalmente, onde brincar com um desses, não desperdice a oportunidade.