Kawasaki Ninja 300 fica maior, melhor... e mais cara
"Sem muito esforço, mantenho o ponteiro do conta-giros, que domina o belo painel, entre 9.000 e 11.000 rotações, para aproveitar todo o torque e a potência do motor enquanto contorno inúmeras curvas numa estrada sinuosa no interior de São Paulo. Para entrar em uma curva mais fechada, inclino meu corpo com facilidade, reduzo uma marcha e, sem trancos na roda traseira, a motocicleta responde aos meus comandos e mantém-se na trajetória sem oscilações".
A descrição acima soaria como um clichê para uma esportiva de 1.000 cc, mas surpreende justamente por descrever a nova Kawasaki Ninja 300. Notadamente melhor que a antecessora (a 250), a nova caçula da família Ninja faz por merecer o título de "miniesportiva", pois se comporta como tal.
NOVIDADES
Seu motor ficou maior e mais potente. O quadro foi reforçado; os freios, melhorados, inclusive com a opção do sistema ABS. O desenho foi completamente atualizado -- a nova Ninjinha realmente parece uma ZX-10R em miniatura. Conta até mesmo com a embreagem deslizante, que evita trancos na roda traseira em reduções de marchas mais bruscas. Em resumo, a Ninja 300 mudou tanto em relação a 250, que podemos chamá-la de uma nova moto.
Mas a Kawasaki cobra um preço por toda essa "novidade": enquanto a antiga versão de 250 cc era vendida por cerca de R$ 15.000, a Ninja 300 tem preço sugerido de R$ 17.990 (versão sem ABS) e R$ 19.990 (versão com ABS). Lembrando que esses preços são para o estado de São Paulo, sem frete e seguro. Ou seja, na concessionária, ela vai ser ainda mais cara.
MAIS TORQUE
Com a honra de ter inaugurado o segmento de esportivas de baixa capacidade cúbica com a Ninja 250 R -- e ter reinado por anos solitária neste segmento --, a Kawasaki sentiu-se ameaçada com o lançamento da Honda CBR 25 0R em 2011, no Salão de Milão (ITA). E resolveu contra-atacar com uma receita simples: fazer da Ninja uma moto com motor maior.
Para atingir os 296 cm³ de capacidade do novo motor bicilíndrico, o curso dos pistões, agora feitos em alumínio, foi aumentado de 41,5 mm para 49 mm (o diâmetro permanece o mesmo, de 62 mm). Porém essa alteração exigiu que a marca realizasse outras mudanças internas no propulsor: novas bielas, um duto de admissão redimensionado, além de novos virabrequim e eixo balanceiro. De acordo com a Kawasaki, 45% dos componentes internos do motor são novos. O que explica o comportamento totalmente diferente da Ninja 300.
Exatamente da capacidade cúbica mais elevada é que vem a maior potência: agora a Kawasaki declara 39 cv a 11.000 rpm (contra 32 cv da versão anterior). Um número impressionante para uma motocicleta da sua categoria.
O sistema de refrigeração líquida foi redimensionado para manter o motor na temperatura certa e, de quebra, ainda ganhou nova tecnologia para desviar o ar quente do piloto, batizada de KAMS (Kawasaki Air Management System).
Também para aproveitar a potência do motor, o câmbio de seis marchas foi reajustado, enquanto o sistema de injeção eletrônica passou a contar com duas válvulas de aceleração. Dessa mudança veio o maior benefício do novo propulsor: o torque, além de maior (2,8 kgfm), está disponível em outra faixa de giros.
Nova Ninjinha 300 ganhou desenho completamente novo e frente inspirada na esportiva ZX-10R
NA PRÁTICA
Seja rodando na cidade ou na estrada, logo nota-se que a nova Ninja 300 tem mais torque e força em médios regimes. O modelo anterior de 250 cc não tinha quase força abaixo de 8.000 giros, e exigia que se pilotasse "esgoelando" a moto para ter uma aceleração decente. Já no motor de 300 cc, a 4.000 rpm parece haver força suficiente para acelerações ou mesmo para rodar com mais tranquilidade no trânsito urbano, sem ter de "torcer" o cabo do acelerador.
Com muita facilidade os giros crescem e a velocidade atinge 120 km/h sem esforço (o motor girando a 8.000 rotações). Se for necessário ultrapassar ou tiver mais pressa, basta reduzir uma marcha e acelerar: o ronco do motor cresce e a velocidade no painel aumenta com empolgação. EM local fechado, a nova Ninjinha chegou a 172 km/h no velocímetro.
ÁGIL E PRECISA
O motor mais potente demandou também um novo quadro: continua sendo um berço semiduplo, porém mais reforçado e firme, feito em aço. Além disso, a fixação do motor ganhou novos coxins de borracha que praticamente isolaram o piloto das vibrações características dos motores de dois cilindros paralelos -- tanto que as pedaleiras perderam os suportes de borracha e, agora em alumínio, ficaram mais bonitas e esportivas.
As suspensões foram recalibradas: o garfo telescópico dianteiro com tubos de 37 mm agora tem mais óleo, mas estão mais macios. Já o monoamortecedor traseiro está um pouco mais firme. Mudanças que não alteraram o comportamento dinâmico da moto em curvas nem prejudicou sua esportividade. Durante a sessão de fotos, em curvas mais rápidas, as pedaleiras chegaram a raspar o chão, tamanha a inclinação da nova Ninja 300. Veja a ficha técnica do modelo:
Kawasaki Ninja 300
+ Motor: Dois cilindros paralelos, 12 válvulas, DOHC, refrigeração líquida.
+ Potência: 39 cv a 11.000 rpm.
+ Torque: 2,8 kgfm a 10.000 rpm.
+ Câmbio: Seis marchas.
+ Alimentação: Injeção eletrônica.
+ Dimensões: 2.015 mm x 715 mm x 1.110 mm (CxLxA).
+ Peso: 172 kg em ordem de marcha.
+ Tanque: 17 litros.
+ Preço: R$ 17.990 (sem frete, freios ABS e seguro).
NA CIDADE
Em ruas esburacadas, o pequeno curso da suspensão prejudica um pouco a absorção de impactos, mas em nenhum momento chega a dar fim de curso. O novo conjunto ciclístico parece transmitir mais segurança ao piloto, principalmente para um uso mais radical. A agilidade em mudanças de direção não foi diminuída pelo maior pneu traseiro -- agora um 140/70 R17, contra o anterior de 130 mm.
Os freios mantiveram-se bons, como na versão anterior. É o mesmo disco de 290 mm em formato de margarida com pinça de pistão duplo, na dianteira, e um disco de 220 mm com pinça dupla na traseira. Super dimensionados para a Ninja 250, o conjunto de freios parece nem sentir o peso extra: agora são 172 kg contra os 169 kg anteriores. A versão com ABS pesa 174 kg.
OUTRA MOTO
Após cerca de 400 km com o modelo, a conclusão óbvia é que esta é outra moto, não somente uma versão atualizada da Ninja 250 R. Enquanto a antiga cansava demais (ter de andar com os giros lá em cima pode ser irritante no trânsito urbano), a nova Ninjinha é capaz de rodar na cidade e na estrada com torque disponível em médias rotações e menos vibrações.
Outro ponto positivo é a injeção, que melhorou um pouco o consumo. O modelo de 250 cc fazia entre 18km/l e 21 km/l, dependendo da tocada. A nova de 300 cc teve médias entre 22km/l e 24 km/l.
Ainda há incômodos, como a limitação do ângulo de esterço para achar um caminho em avenidas congestionadas; sem falar na buraqueira da cidade de São Paulo que castiga a carenagem, fazendo até mesmo os parafusos de fixação de um dos espelhos retrovisores se soltarem. Além disso, pilotos mais altos talvez sintam desconforto com a posição das pedaleiras recuadas e certamente sua garupa irá reclamar do espaço. A Ninja 300, porém, está melhor.
Justamente o preço é o grande ponto negativo da nova Ninja 300. É uma verdadeira miniesportiva, mas o preço praticado nas concessionárias é realmente elevado. Afinal, trata-se de uma moto que pode até parecer uma esportiva, mas não tem o desempenho real de uma. Quem dará o veredicto final será o consumidor: o motociclista estaria disposto a pagar tal quantia a mais por uma moto de 300 cc?
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