Kawasaki Ninja 300 e Honda Falcon NX 400i custam quase o mesmo
Apesar de terem propostas distintas e visuais e motores com capacidade cúbica diferentes, a nova Kawasaki Ninja 300 e a Honda Falcon NX 400i acabam disputando a preferência do motociclista que busca uma moto com mais potência do que as 250 cc e 300 cc, mas não quer gastar além de R$ 20 mil. Isso justifica o comparativo. Com preço sugerido de R$ 17.990, a Ninja 300 "briga" diretamente com a Falcon, cotada a R$ 18.900.
A nova "Ninjinha" foi lançada no final do ano passado. Ganhou visual mais moderno e o motor bicilíndrico aumentou: passou dos antigos 249 cm³ para os atuais 296 cm³. Da nova capacidade cúbica vieram o codinome 300 e mais torque em uma ampla faixa de giros, tornando a Ninja 300 uma moto mais gostosa de pilotar, principalmente na cidade. Além disso, o modelo ganhou novo painel, embreagem deslizante e até mesmo uma opção com freios ABS.
Já a Falcon está mais para um "revival" do que para uma novidade propriamente dita. Aposentada em 2008 por conta do seu carburador que não atendia às leis de emissão de poluentes, a trail voltou com injeção eletrônica no ano passado. Entretanto, sua base mecânica continua a mesma e o design foi pouco alterado. Trata-se de uma veterana que ganhou uma "injeção" de ânimo para ser a única 400 cc do mercado.
COMPARATIVO
Rodamos com os dois modelos durante uma semana no trânsito da cidade de São Paulo. Também fizemos uma viagem pelo interior do Estado para avaliar cada modelo e poder ajudá-lo a escolher qual a melhor opção para cada tipo de motociclista.
O principal argumento a favor da Kawasaki Ninja 300 é seu design moderno baseado na família Ninja. O novo conjunto óptico com dois faróis e a carenagem redesenhada a fazem parecer uma Ninja ZX-10R, a poderosa superesportiva de 1.000 cc, em miniatura. A moto é facilmente confundida com uma esportiva de maior capacidade. Além de carregar o status de novidade.
Tem rodas de 17 polegadas de liga leve, pneus de desenho esportivo e um conjunto de suspensões que mesclam conforto (para ao asfalto) e pilotagem esportiva. Dotada de quadro do tipo berço semiduplo, a Ninja é bastante esguia: o piloto vai com os joelhos flexionados e as pernas bem juntas ao tanque. Porém, ainda é possível rodar com o tronco ereto, proporcionando conforto maior do as esportivas de puro sangue. Mas atenção, se você tiver mais de 1,80 m, poderá se sentir um pouco desconfortável na Ninja 300, com as pernas dobradas demais e as costas arqueada.
E A FALCON?
Por outro lado, a principal crítica contra a Falcon é exatamente em relação ao seu desenho. Lançada em 1999, ela pouco mudou desde então. Os fãs do modelo até notam os novos vincos na carenagem do farol e as tampas laterais do tanque adotados no relançamento da Falcon "injetada" em 2012. Porém, o que se percebe de novo mesmo é a traseira redesenhada, que lembra muito a da XRE 300, com uma única peça que integra as alças da garupa e um útil bagageiro.
Sua ciclística é típica de um moto de uso misto: suspensões de longo curso, rodas raiadas de 21 polegadas na frente e 17 atrás, ambas calçadas com pneus de uso misto, um conjunto adequado para enfrentar ruas esburacadas e estradas de terra. O guidão é largo e o piloto senta-se bem ereto e com as pernas pouco flexionadas, na posição de pilotagem típica das trails. O banco é largo e confortável.
Veja a ficha técnica das motos:
Kawasaki Ninja 300
+ Motor: Dois cilindros paralelos, 12 válvulas, DOHC, refrigeração líquida.
+ Potência: 39 cv a 11.000 rpm.
+ Torque: 2,8 kgfm a 10.000 rpm.
+ Câmbio: Seis marchas.
+ Alimentação: Injeção eletrônica.
+ Dimensões: 2.015 mm x 715 mm x 1.110 mm (CxLxA).
+ Peso: 172 kg em ordem de marcha.
+ Tanque: 17 litros.
Honda Falcon NX 400i
+ Motor: Um cilindro, OHC, quatro válvulas (RFVC), refrigeração a ar.
+ Potência: 28,7 cv a 6.500 rpm.
+ Torque: 3,27 kgfm a 6.000 rpm.
+ Câmbio: Cinco marchas.
+ Alimentação: Injeção eletrônica.
+ Dimensões: 2.157 mm x 789 mm x 1.222 mm (CxLxA).
+ Peso: 158 kg em ordem de marcha.
+ Tanque: 15,3 litros.
USO URBANO
Se nas especificações as diferenças entre a Ninja 300 e a Falcon NX 400i são grandes, na prática, elas ficam ainda mais evidentes e aparecem logo. O assento da trail da Honda fica a 85 cm do solo. Como seu banco é largo, essa altura parece ser ainda maior. Os mais baixos, que não estão acostumados com motos trail, certamente irão estranhar.
Já na Ninjinha, o banco fica a 78 cm do chão, além do banco ser mais estreito. Com isso, pilotos de menor estatura -- e muitas mulheres -- irão se sentir mais seguros com os dois pés no chão, principalmente para manobras em baixa velocidade.
Mas quando se enfrenta o trânsito pesado da capital paulista, a Falcon mostra mais desenvoltura, já que têm maior ângulo de esterço e mais torque em baixas rotações -- mesmo que o câmbio de cinco marchas não tenha mudado, a nova injeção eletrônica melhorou o funcionamento do monocilíndrico refrigerado a ar, que tem 397,2 cm³.
A nova Ninjinha também conta com mais "força" em baixos giros, mas sente alguma dificuldade para rodar entre os carros: exige mais trocas de marchas e seu esterço é reduzido. Em resumo, cansa mais pilotar a Ninja 300 em um engarrafamento. Como trânsito pesado é quase sinônimo da cidade de São Paulo, esse é um ponto a ser levado em consideração. Se trânsito não é rotina para você, a nova Ninja 300 é uma ótima companheira para a cidade também.
NA ESTRADA
Bastou entrar na estrada para a vantagem passar a ser da Ninja 300. Os 39 cv vindos do motor bicilíndrico de 296 cm³ e refrigeração líquida entram em ação e a pequena esportiva mostra um desempenho superior ao dos 28,7 cv da Falcon. A Ninjinha larga na frente, acelera mais e tem maior velocidade final: em pista fechada, atingiu 172 km/h, contra 154 km/h da Falcon.
Outro detalhe é que a carenagem da Ninja 300 proporciona uma boa proteção aerodinâmica e mais conforto, enquanto que na trail da Honda o piloto vai de peito aberto. No início do trajeto, o piloto da Kawasaki segue mais tranqüilo sem ter que acelerar muito para rodar a 120 km/h. Nessa velocidade, na Falcon o motor já vibra e o vento atrapalha.
Com o passar dos quilômetros, porém, o banco mais macio da Falcon ganha pontos, enquanto a pouca espuma da Ninjinha começa a incomodar. Além disso, a posição de pilotagem mais esportiva começa a cansar os joelhos.
Se a viagem for longa, mais vantagens para a trail da Honda: o consumo foi de 26,8 km/litro -- a Ninja 300 rodou 23,8 km/l nas mesmas condições. A autonomia total na estrada é próxima, já que a Ninja 300 tem tanque maior (17 litros) que a Honda (15,3 litros). Na cidade, a Falcon também foi mais econômica e fez 24,2 km/l contra 21,9 km/l da Ninja.
A Ninja 300 tem posição de pilotagem mais esportiva, enquanto a Falcon 400 tem posição ereta
RAZÃO OU EMOÇÃO|
Com preços semelhantes, é impossível concluir qual é a melhor motocicleta. Neste comparativo, vale a máxima de qual é a melhor opção para cada motociclista, levando-se em conta o uso que se fará do modelo.
Para citar um exemplo: um jovem de 1,65 m que use a motocicleta apenas para ir e voltar do trabalho talvez opte pela nova Kawasaki Ninja 300. Primeiro, por que seu assento é mais baixo. Segundo, porque seu desenho é mais atual e faz sucesso por onde passa. Ou ainda pelo desempenho superior.
Mas suponha que outro motociclista, mais alto e pesado, rode cerca de 100 km em estradas para ir e voltar do sítio. Nesse caso, a Falcon é a mais indicada, pois é mais confortável e econômica. Além de já vir de fábrica com um bagageiro pronto para receber um baú para levar bagagem.
CARONA
Outro ponto a levar em consideração é o transporte de passageiros. Na Falcon, a garupa conta com mais conforto por conta do banco largo e alças de apoio. E as pernas ainda ficam mais esticadas por conta da posição das pedaleiras.
Já na Kawasaki, a garupa tem que ter disposição, já que a posição esportiva, com pernas mais dobradas e poucos pontos de apoio, obriga a pessoa a abraçar o piloto para se segurar. Pela emoção, a Ninja 300 é a melhor opção.
Por outro lado, mesmo que a nova Falcon não seja assim tão "nova", a razão leva o cliente a compra-la. Principalmente, por ser mais confortável para viajar. Além disso, a Honda é mais versátil: pode-se arriscar até mesmo uma aventura em estradas de terra, terreno impraticável para a Ninja 300.
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