Honda VFR 1200X Crosstourer enfrenta 4.000 km até o Acre
Uma moto aventureira como a Honda VFR 1200X Crosstourer precisa oferecer conforto, bom desempenho e segurança em diferentes tipos de terreno. E tudo isso também em longas viagens.
Para verificar se a japonesa cumpre todos os requisitos, Infomoto testou o modelo em uma jornada de 4.000 km entre São Paulo (SP) e Rio Branco, no Acre.
A Crosstourer é vendida na mercado brasileiro por R$ 79.900. O valor é justificado por um pacote a altura do desafio. O motor é um V4 de 1.297 cm³, capaz de entregar 129 cv (a 7.500 rpm) e 12,8 kgfm de torque (6.500 rpm).
FORÇA NA ESTRADA
A potência elevada mostrou-se necessária para viajar com segurança nas estradas do Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e Rondônia. Por lá, as enormes carretas trafegavam acima de 120 km/h e, muitas vezes, foi necessário superar 150 km/h para ultrapassá-las, no menor espaço e tempo possível. Neste tipo de manobra o torque também é exigido ao máximo, principalmente nas retomadas de velocidade.
Como a viagem aconteceu durante a época de safra de algodão, as estradas pareciam avenidas com longas filas de carretas. Momento em que o câmbio com trocas automáticas, que chegou a ser criticado pelos puristas, apresentou-se como um útil diferencial da Crosstourer.
A moto é a única aventureira a oferecer o sistema que dispensa tanto o pedal de câmbio, como o manete de embreagem. Ela usa câmbio automatizado DCT (Dual Clutch Transmition), que têm seis marchas e oferece a opção D (Drive) ou S (Sport). O modo "D" torna a Crosstourer mansa, quase pacata. No "S" o piloto tem a disposição uma tocada esportiva que permite ganhos rápidos de giros e velocidade. No manete esquerdo existem botões para subir ou reduzir as marchas manualmente.
Na prática, o piloto não percebe as mudanças do câmbio, já que as trocas são suaves e precisas, feitas de modo eletrônico e de acordo com o giro do motor. Um sistema que aos poucos se torna divertido e não cansa em longas viagens.
Vias esburacadas do Brasil ressaltaram o conforto e facilidade de pilotagem da Crosstourer
CONTROLE
Equipada com dois discos de 310 mm dianteira (ABS) e um disco de 276 mm na traseira (Combined ABS), o conjunto transmite segurança. As frenagens são rápidas, quase que instantâneas, e o piloto não perde o controle. Por falar em controle, o de tração foi eficiente em terrenos irregulares ou pistas sujas. Em caso de derrapagem da roda traseira, o sistema corta o giro do motor.
Com tanque com capacidade para 21,5 litros, a autonomia não é um dos pontos fortes da Crosstourer: sua pior medição foi 12,8 km/l de gasolina, o que exige reabastecimento a cada 250 quilômetros. Se o piloto for mais comedido na aceleração, é possível melhorar para 18 km/l (autonomia de 400 km).
CONFORTO
Os terrenos irregulares ou escorregadios podem ser armadilha para os pilotos de menor estatura. O banco largo dificulta o apoio dos pés no chão e exige certa dose de malabarismo. O peso da moto (260 kg) faz dela um veículo para pilotos experientes.
O banco bipartido traz uma generosa camada de espuma e permite ficar longas horas sobre a moto. A proteção aerodinâmica foi melhorada graças ao para-brisa maior, protetores de mão e a carenagem, que desvia o vento e permite ao piloto relaxar em posição ereta -- com o tempo, insetos começam a grudar na bolha, em vez de colar na viseira do capacete, mostrando a eficiência do conjunto.
Com tanque de 21,5 litros, a autonomia não é um dos seus pontos fortes: perto de 400 km
MEIO DO CAMINHO
As curvas na região da Chapada dos Guimarães, pouco antes de Cuiabá (MT), permitiram conhecer o lado esportivo da moto. Enquanto as marchas são reduzidas manualmente, a suspensão cumpre seu papel. O duplo garfo invertido na dianteira e o monobraço na traseira (ambos reguláveis) garantem estabilidade necessária para atacar as curvas de alta velocidade sem medo.
Os limites ficam por conta da pedaleira e da habilidade do piloto. Para completar, os pneus Bridgestone Battle Wing oferecem esportividade e muita aderência na maioria dos pisos. Em alguns trechos da viagem, principalmente no estado de Rondônia, as estradas exigem muita experiência.
Asfalto ruim e buracos estão por todo o trajeto, mas o longo curso da suspensão (165 mm na suspensão dianteira e 146 mm na traseira) ajudou a superar os obstáculos com relativa tranquilidade.
RIVAIS
O para-brisa maior e o prático conjunto de malas laterais e top-case são bons para viagens, mas o pacote é opcional e custa R$ 12 mil. Com a Crosstourer, a Honda pretende acirrar a disputa no segmento de motos aventureiras, hoje dominado pela BMW com a R 1200 GS (R$ 84 mil). Uma tarefa bem difícil. Apesar da eficiência e conforto que a eletrônica oferece na japonesa, a alemã também conta com um bom conjunto e tem a seu lado a tradição. Há ainda Triumph Explorer 1200 (R$ 62.900) e Yamaha XT 1200Z Super Ténéré (R$ 61.000).
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