Unir visual retrô com tecnologia virou moda nas duas rodas; veja exemplos
Aliar visual clássico a mecânica moderna é uma moda que voltou com força total no mundo do motociclismo. E a receita não tem muito segredo. Basta criar um desenho vintage e embarcar nele tecnologias das mais recentes no mercado. A inspiração pode vir dos mais variados segmentos e épocas: das bobbers da década de 1950 até as nakeds dos anos 1960 e 1970.
Difícil dizer quem começou essa onda, mas a Triumph certamente está entre as pioneiras. Em 2000, a montadora do Reino Unido fez renascer a lendária Bonneville e, desde então, passou a investir cada vez mais em modelos retrô, usando sabiamente a alcunha “Clássicas Modernas" para descrever suas criações no segmento.
Em suma, todas elas contam com motores, suspensões e freios mais eficientes, e até assistências eletrônicas como o ABS (sistema antitravamento dos freios), sem deixar de resguardar o estilo e a "alma" de suas antecessoras. Selecionamos 12 desses modelos para mostrar como unir passado e presente pode ser uma tática de sucesso nas duas rodas. Confira:
TRIUMPH BONNEVILLE T100
Lançada em 1959, a Bonneville é uma máquina de ciclística ágil e desenho inconfundível, predicados que a fizeram se tornar ícone dos anos de ouro para o motociclismo britânico. A Triumph conseguiu manter todas essas características ao relançá-la, em 2000, incluindo o motor bicilíndrico.
A partir de 2008, contudo, a Bonneville ganhou injeção eletrônica -- para não tirar o visual retrô, a fabricante "escondeu" os bicos injetores dentro de dois corpos de aceleradores, que emulam carburadores, mas não deixou de ter desempenho somente modesto dentro de sua proposta: são 68 cavalos de potência e 6,9 kgfm de torque.
No Brasil, a Bonneville T100 atual é vendida a partir de R$ 29.900 e conta com um visual ainda mais fiel ao original: rodas raiadas com aro de 19 polegadas na dianteira, guidão estreitado e recuado, garfo telescópico e dois amortecedores na suspensão traseira fazem parte do pacote.
HONDA CB 1100
Pensando em unir elementos mecânicos e visuais em um desenho harmonioso, o projetista Mitsuyoshi Kohama criou a Honda CB 1100, lançada há dois anos no Japão e Austrália e, posteriormente, levada para a Europa. Os traços arredondados são inconfundíveis, com linhas limpas e detalhes (como as peças cromadas) que ecoam o passado da CB 750 Four.
O motor de quatro cilindros tem duplo comando de válvulas no cabeçote e radiador a óleo, que o ajuda a render os 90 cv e 9,5 kgfm, mas a refrigeração é a ar, para manter aquele “barulho de metal batendo”, nas palavras do próprio Kohama. As rodas são de liga de alumínio e trazem freios a disco.
Na parte ciclística, mais elementos tradicionais: garfo telescópico convencional na dianteira e sistema bichoque na traseira. Para a tristeza dos fãs das clássicas japonesas, a CB 1100 não está à venda no Brasil. HARLEY-DAVIDSON FORTY-EIGHT
Harley-Davidson é uma marca clássica por definição, e a família Sportster, surgida em 1957, é um dos ícones dessa tradição. Dela faz parte a Forty-Eight, um modelo inspirado nos hot-rods das décadas de 30 e 40. Mostrada no Salão Duas Rodas 2013, em São Paulo (SP), ela está equipada com pneus bem largos (130 mm na dianteira e 150 mm na traseira) e paralamas encurtados, para aumentar a sensação de uma máquina vinda do passado.
Outra referência ao passado está no tanque estilo "amendoim", muito usado nos modelos mais antigos da família. A altura do banco (66 cm), a posição invertida dos espelhos retrovisores e o paralama "limpo" -- lanterna e luz de freio são incorporados às luzes de seta -- completam o visual de uma motocicleta essencialmente urbana.
O motor Evolution -- um V2 refrigerado a ar -- é o mesmo usado pelas demais Sportster, porém pintado de preto. Já os freios incluem ABS. Por aqui, a Forty-Eight parte de R$ 38.000. YAMAHA SR 400
A SR 400 chegou ao mercado há mais de 30 anos, e encantou motociclistas do mundo todo com sua ciclística ágil e seu baixo peso. Em 2014, a Yamaha aproveitou a onda retrô para fazê-la renascer, (ainda mais) vocada para personalização.
O estilo clássico foi mantido, evidenciado pelo tanque "gota" de 12 litros, o farol redondo e as sanfonas no garfo telescópico dianteiro. Na traseira, o bom e velho amortecedor bichoque é fiel à primeira SR 400. Porém, as rodas raiadas são de alumínio e o freio, na dianteira pelo menos, é a disco, já que na traseira a Yamaha manteve o obsoleto tambor.
Tradicionalmente monocilíndrico, o propulsor continua a ter comando simples no cabeçote e refrigeração a ar. E o desempenho não chega a emplgar: 23,2 cv de potência. Dois mostradores analógicos redondos colaboram com o estilão antigo. Não há previsão de que esse modelo seja comercializado no Brasil.
BMW R NINE T
Feita para celebrar os 90 anos da BMW Motorrad, a R nine T resgata o visual simples e sem carenagem das primeiras motos fabricadas pela marca alemã, incluindo a tradicional cor preta. Ela deixa de lado até os aparatos tecnológicos de motos mais modernas da marca, trazendo de volta a essência simplista do motociclismo.
Embora a BMW já use motor com arrefecimento líquido, a R nine T foi propositalmente equipada com um boxer refrigerado a ar/óleo. Ele pode gerar até 110 cv de potência e 12,13 kgfm. Toques de modernidade existem só nos freios, munidos de discos flutuantes e auxílio do sistema antiblocante.
A fabricante de Munique também oferece diversas opções de customização para a R nine T, que vão de uma capa para banco com ares café racer até escapamento alto com visual Scrambler. A nine T já está disponível no Brasil por R$ 61.500. TRIUMPH THRUXTON
Uma "café racer de fábrica", a Triumph Thruxton já pode ser encontrada em solo nacional, onde é vendida por R$ 31.900. Inspirada em variações da Bonneville feitas nos anos 60, carrega o mesmo motor bicilíndrico da clássica naked, porém preparada para gerar um pouco mais de potência (69 cv) e torque (7 kgfm).
A fabricante britânica cuidou para que os semi-guidões da Thruxton deixassem o piloto em posição de ataque, com direito a um estiloso par de espelhos retrovisores quadrados nas pontas. O assento também ganhou o tradicional “capuz” sobre a garupa, marca registrada do segmento. Para manter a atmosfera retrô, conta-giros e velocímetro são analógicos.
Discos de 320 mm nos freios dianteiros e 255 mm nos traseiros formam o elo da Thruxton com os tempos atuais, embora sem auxílio do sistema ABS. A café racer também conta com suspensões de garfo tradicional na frente e balança traseira bichoque. PIAGGIO VESPA PRIMAVERA
Lançada há 45 anos, a Vespa Primavera se transformou em um dos maiores sucessos da fabricante italiana Piaggio. Para homenagear o simpático scooter, a montadora relançou o modelo este ano, já munido com boa dose de modernidade.
As alterações começam pelo motor monocilíndrico de três válvulas, que diminui a vibração e promete consumo de 50 km/l. Corpo de aço, suspensão dianteira e dimensões também mudaram, melhorando a ergonomia e o espaço para as pernas. O sistema de freios, agora com discos na parte dianteira, oferece maior segurança.
Esteticamente, a Vespinha manteve a elegância de sempre, porém com itens tecnológicos como lanternas e setas indicativas em LED. Tudo temperado com boa dose de classicismo, já que o farol circular recupera o anel cromado oriundo da Primavera original. Como a Vespa não está presente no Brasil, o scooter não é comercializado por aqui. NORTON COMMANDO
A Norton Motorcycles é uma marca britânica que fez muito sucesso na primeira metade do século 20, mas, assim como diversas conterrâneas, não resistiu à competitividade das montadoras japonesas e faliu em meados da década de 1970.
Em 2009, o empresário inglês Stuart Garner recolocou a fabricante no mercado. Apostar na tradição foi a estratégia de retorno e, por isso, a Norton reiniciou suas atividades produzindo três versões da clássica naked Commando. A 361 Sport é a mais próxima da Commando original: possui farol único arredondado e garfo telescópico convencional na dianteira. Sua proposta é ser uma moto confortável para o uso diário.
Sem perder o ar vintage, o propulsor bicilíndrico com comando de válvulas por varetas e refrigeração a ar confere esportividade ao modelo, gerando 80 cv de potência. Embora já esteja atuando em vários países da Europa e nos Estados Unidos, a Norton ainda não aportou no Brasil. KAWASAKI W800
Simples e bela, a Kawasaki W800 combina linhas e motor de uma clássica japonesa dos anos 70 com vários elementos tecnológicos, incluindo injeção eletrônica por duas borboletas de aceleração. Capaz de produzir 48 cv, o propulsor bicilíndrico refrigerado a ar transmite ótimo torque em baixas rotações, chegando a 6,1 kgfm.
A ciclística é formada por rodas raiadas e freio a disco na dianteira, mas não dispensa o velho tambor no freio traseiro. O banco único em couro e as duas saídas laterais de escapamento acentuam o ar retrô da naked, que não está à venda no Brasil.
Pintura em dois tons no tanque, apoios de borracha para os joelhos, painel de instrumentos com dois mostradores redondos e distintivo complementam o estilo vintage. SUZUKI VAN VAN
A Suzuki Van Van recria as famosas Suzuki RV da década de 70: uma moto pequena, baixa e com pneus balão, para rodar fora do asfalto e atrair um público jovem que, à época, buscava um modelo barato e fácil de pilotar.
Lançada no início dos anos 2000, a Van Van é munida de motor monicilíndrico com refrigeração a ar e capacidade para gerar apenas 16 cv. Seu visual espartano e robusto é reforçado pelos pneus largos e pelo escapamento alto, no melhor estilo Scrambler. O guidão é largo como o de uma trail e o painel de instrumentos, bastante simples.
Vendida na Europa e no Japão em versões de 125cc e 200cc, essa divertida moto nipônica não deve vir ao Brasil. INDIAN CHIEF VINTAGE
Pertencente à Polaris desde 2011, a Indian Motorcycles ressurgiu do ostracismo com o relançamento da famosa família Chief, "nova-velha" linha que concorre diretamente com a Harley-Davidson Heritage. Em seu renascimento, a Indian Chief vem equipada com malas laterais e banco com “franjinhas“ em couro marrom, além de para-brisa frontal. O grande paralama dianteiro, que cobre quase 50% da roda, é marca registrada da família.
O motor é o novo V-Twin de 1.819 cm³, montado sobre chassi de alumínio fundido, na qual a caixa de ar é incorporada ao próprio quadro. Apesar da aparência antiga, a tecnologia se faz presente no uso de freios com ABS, ignição sem chave, lanterna traseira em LED, suspensão progressiva e vários instrumentos eletrônicos. MOTO GUZZI V7 RACER
A Moto Guzzi V7 Racer relembra, como o próprio nome diz, o passado da fábrica italiana nas pistas de corrida. Essa versão especial incorpora todos os elementos clássicos de sua família, incluindo placas numeradas que protegem a parte superior do farol e também a lateral da moto. Destaque para o acabamento cromado e pintura vermelha no chassi e na balança.
Esportividade é o foco da V7 Racer, que conta com câmbio de cinco marchas e propulsor capaz de gerar até 48 cv de potência e 5,5 kgfm de torque, com arrefecimento a ar. Na parte ciclística, freios a disco e suspensões com garfo telescópico de 130 mm na dianteira, e balança com duplo amortecedor de 118 mm na traseira.
O motor da Moto Guzzi merece uma menção à parte: a primeira V7 foi também a primeira motocicleta a adotar uma unidade V2 de 90° montada transversalmente, arquitetura que se tornou a assinatura da marca.
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