De pneu careca a alarme barulhento, saiba o que faz moto ser apreendida
Para o pizzaiolo David R. Silva a visão de uma blitz traz más recordações. No final do ano passado, mesmo acompanhado da esposa -- grávida de sete meses --, teve sua Honda CG 150 2011 apreendida. A moto foi guinchada para o pátio da rodovia Castello Branco, que liga a cidade de São Paulo ao Oeste do Estado, por estar com o pneu dianteiro desgastado além do limite permitido.
David gastou cerca de R$ 600 para liberar sua moto. O valor se refere a guincho, diária de pátio, custo do pneu, transporte e mão de obra para trocá-lo. Além disso, teve que arcar com a multa de R$ 127. "O que revolta é que estava vindo da consulta e com minha mulher grávida, e lá [no pátio] só tinha moto de trabalhador", lembrou Silva.
Essa história confunde-se com a de milhares de paulistanos que têm seus veículos apreendidos. Prova disso está no pátio da Barra Funda, na zona Oeste da capital. Lá estão cerca de 10 mil motos, e a cada dia os guinchos trazem mais motos irregulares. A cena se repete em outros locais da cidade.
Mas os motivos mais comuns que levam à apreensão não são arbitrários e quase sempre estão ligados à documentação irregular -- o principal é o atraso no licenciamento, seguido pela falta da carteira de habilitação (CNH com categoria "A").
NÃO CORRA O RISCO
Não faltam motivos para manter a documentação e a moto em dia. Além do risco à vida e segurança pessoal (no caso de quem roda com equipamentos fora de ordem), a remoção para o pátio representa uma grande dor de cabeça e dinheiro jogado fora.
No caso do pizzaiolo, ele poderia ter comprado dois pneus para sua Honda CG e ainda ter feito uma boa revisão com o dinheiro gasto para recuperar a moto. Fazendo as contas, correr o risco nunca vale a pena.
Saiba quando o pneu dá moto está gasto
O OLHAR DA BLITZ
Existem outros motivos que podem levar a moto para o pátio de apreensões. O estado de conservação geral da motocicleta é um deles. Muitas vezes, a documentação está regularizada, mas o pneu gasto demais será o bastante para sua moto "andar na prancha", como demonstra a história de Silva. Para tirar qualquer dúvida veja a indicação chamada T.W.I., que mostra se está na hora de trocá-lo.
Além dos pneus, outras falhas do equipamento também podem condenar a moto, caso de lâmpadas queimadas e a ausência de retrovisor.
A Polícia Militar do Estado de São Paulo está intensificando, ainda, a fiscalização dos veículos de duas rodas para avaliar com mais atenção equipamentos vencidos ou fora das especificações. Também são verificados o estado de placas, do lacre e também a possibilidade de adulteração de numeração de chassis ou do motor, como forma de evitar assaltos. Qualquer irregularidade ocasiona a apreensão da moto.
- SAIBA QUANDO LICENCIAR SUA MOTO:
O pagamento deve ser feito até o último dia útil de cada mês, seguindo o dígito final da placa:
- FINAL 1: abril
- FINAL 2: até maio
- FINAL 3: até junho
- FINAL 4: até julho
- FINAL 5 e 6: até agosto
- FINAL 7: até setembro
- FINAL 8: até outubro
- FINAL 9: até novembro
- FINAL 0: até dezembro
Fonte: Detran/SP
É INCOMUM, MAS TE DEIXA A PÉ
Há ainda motivos curiosos que podem levar à apreensão da moto. Um alarme sonoro que quebre o sossego público é motivo para guinchar a moto. O mesmo pode ser dito do escapamento esportivo. Embora os fabricantes do equipamento afirmem -- e até apresentem laudos atestando -- que tais equipamentos obedecem à legislação, algumas ponteiras podem causar problemas em blitze, já que algumas autoridades interpretam de forma diferente, dependendo da região.
A multa é de R$ 127,69, com cinco pontos na CNH, nestes casos. E o agente de trânsito pode pedir a substituição do equipamento no próprio local ou apenas reter o documento até que a moto tenha o escapamento ou alarme substituído.
Outro motivo para ter a moto apreendida é o exibicionismo. Manobras como empinar a roda dianteira ou fazer o RL (levantar a traseira em frenagens bruscas) e cavalo de pau podem levar a moto ao pátio.
NA LAMA OU NO PÁTIO?
As motos destinadas à prática de esportes off-road também correm risco de ir para o pátio, se não andarem na trilha. A maioria não usa placa, farol, setas e retrovisores e por isso não podem circular em vias públicas. Porém, muitos pilotos acabam rodando em estradas secundárias de asfalto ou de terra para chegar até a trilha. Nesse caso a motocicleta também pode ser guinchada.
Quem pratica esse esporte tem de se programar para percorrer somente trilhas ou áreas particulares. Nada de rodar pela cidade ou trechos rurais públicos.
E SE A MOTO SUMIR?
Infelizmente, no Brasil, há o risco da moto sumir dentro do pátio de apreensões. Na última semana, a TV Globo exibiu reportagem relatando os roubos de carros e motos em um pátio de recolhimento de veículos em São José do Rio Preto (SP). Ao que parece, não são casos isolados: basta uma busca na internet para verificar que as ocorrências se repetem pelo país.
Um caso notório ocorreu no final do ano na Fazenda Botafogo, zona Norte do Rio, quando 193 motos foram levadas de um pátio -- apenas 50 foram recuperadas depois.
Nestes casos, é preciso fazer o B.O. (Boletim de ocorrência) na Delegacia e procurar a Justiça para ser ressarcido comprovando o desaparecimento no pátio -- há casos de reparação por danos materiais e até morais.
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