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Com origem nas bikes, marcas de moto veem "magrelas" como mercado do futuro

Cicero Lima

Colunista do UOL

06/03/2015 21h21

Se você é do tipo de motociclista que não suporta dividir as ruas com ciclistas, saiba que os fabricantes de motos enxergam nas magrelas um ótimo negócio, apesar da polêmica. Na última Semana da Mobilidade, em setembro de 2014, o pessoal do UOL publicou um vídeo bem interessante a respeito. Foram ouvidos motociclistas, pedestres, motoristas e ciclistas, cada um mostrando sua visão a respeito da convivência nas ruas da cidade de São Paulo.

Claro que as opiniões estavam divididas: cada um puxava a sardinha para o seu lado e acusava o outro de ser espaçoso, sem educação, etc... Os motociclistas foram os que mais reclamaram das bicicletas. Um deles chegou a condenar a perda de espaços exclusivos, como os bolsões e motofaixas, para ciclovias e ciclofaixas.

Indiferente a tantas polêmicas, a bicicleta está na mídia e ganhou espaço no cotidiano de São Paulo. Assim, a maior capital do hemisfério sul segue os mesmos caminhos de cidades da Europa e Ásia. Por lá, as bicicletas são parte da paisagem: seu uso é incentivado e o ciclista, protegido pelo poder público. 

Os fabricantes de motos sempre mantiveram os olhos abertos para essa tendência, associando seus nomes ao movimento mundial em prol do uso da bicicleta. A Kawasaki, por exemplo, já autorizou o uso de sua marca em bicicletas no Brasil. Basta procurar em classificados que é possível comprar uma "magrela" da marca japonesa. Outras, embora mais raras em nossas ruas, também tentam desbravar esse nicho, como a austríaca KTM e a alemã BMW, que produzem bicicletas recheadas de tecnologia.

MOTOS E BIKES: HISTÓRIA INTERLIGADA

Na história de grandes marcas, vide Honda e Suzuki, a bicicleta sempre teve muita importância.  Com o modelo A-Type, uma bicicleta que recebeu um motor 2-tempos, Soichiro Honda deu início à maior indústria de motos do mundo. O mesmo caminho foi trilhado pela Suzuki nos anos 1950. Entre as europeias, a história se repetiu com a Triumph e BSA -- esta última se especializou em fabricar bicicletas "aéreas" (dobráveis e que podiam ser despachadas de aviões com para-quedas, por isso o apelido) para uso militar.

Clássica cicicleta com motor 2-tempos da Honda - Divulgação - Divulgação
A-Type, uma bicicleta com motor 2-tempos, foi porta de entrada da Honda à indústria de motos
Imagem: Divulgação
Bem longe dos campos de batalha, a japonesa Yamaha também passeou de bicicleta nos Estados Unidos. Por lá, no início dos anos 1970, a fabricante comercializava a Moto-Bike, uma bicicleta para a prática de manobras de bicicross, na ensolarada Califórnia. O mais interessante era a história em quadrinhos que mostrava as manobras e peripécias do personagem Mike, um herói que usava uma Moto-Mike.

Mais recentemente, em 2004, a Honda mostrou uma bicicleta específica para downhill, com tecnologia revolucionária de troca de marchas e transmissão.

FUNDAMENTAIS PARA O TRÂNSITO

Não faltam exemplos para mostrar como a bicicleta sempre teve (e terá) papel importante para mobilidade urbana, lazer e até saúde dos cidadãos. Por isso interessam tanto às fabricantes de motos, que enxergam nela um mercado promissor para o futuro. 

Com novos espaços exclusivos para circulação de bicicletas, paulistanos aos pouos aceitam tirar suas "magrelas" de casa para usá-las também no dia-a-dia - Ricardo Matsukawa/Folha Imagem - Ricardo Matsukawa/Folha Imagem
Com novos espaços exclusivos para circulação de bicicletas, paulistanos aos pouos aceitam tirar suas "magrelas" de casa para usá-las também no dia-a-dia
Imagem: Ricardo Matsukawa/Folha Imagem
Em São Paulo, com as novas ciclovias, a tendência é que seus dias de “patinho feio”, espremia em meio a motos e automóveis no trânsito, fique para trás, e que as “magrelas” sejam elemento cada vez mais populares nas ruas. 

Potanto, se você é motociclista radical, por que não abrir a cabeça e descobrir como é passear de bicicleta desfrutando das faixas exclusivas? Você pode até não mudar de opinião, mas com certeza conseguirá enxergar a cidade de outra forma ao se locomover sem barulho de motor nos ouvidos e sem fumaça de escapamento nos retrovisores.