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Encontro de motos de Tiradentes (MG) é o mais charmoso do Brasil

23ª edição da Tiradentes Bikefest atraiu centenas de motociclistas de todo o país - Aldo Tizzani/Infomoto
23ª edição da Tiradentes Bikefest atraiu centenas de motociclistas de todo o país Imagem: Aldo Tizzani/Infomoto

Aldo Tizzani

Da Infomoto, em Tiradentes (MG)

03/07/2015 16h40

O artesão Silas Belotti tem 29 anos e o sonho de "ganhar o mundo" sobre uma moto de alta cilindrada. Por ora, se aventura com a pequena Honda CG Titan de 150 cc: já percorreu mais de 100 mil quilômetros e conheceu Argentina, Uruguai, Chile, Paraguai, além de boa parte do Brasil. Numa rua lateral ao Largo das Forras, praça central da cidade de Tiradentes (MG), ele faz miniaturas de instrumentos musicais e de motos custom e off-road, enquanto busca inspiração para concretizar o sonho. 

Silas Belotti, artesão presente no Tiradentes Bikefest 2015 - Aldo Tizzani/Infomoto - Aldo Tizzani/Infomoto
Artesão Silas Belotti já viajou mais de 100 mil quilômetros, por quase toda a América do Sul, a bordo de uma CG Titan; para a Tiradentes Bikefest 2015, preparou miniaturas de instrumentos musicais e de motos custom
Imagem: Aldo Tizzani/Infomoto
Além de Belotti, milhares de viajantes participam do 23º Tiradentes Bikefest, evento que desta vez foi realizado entre 24 e 28 de junho, na histórica cidade mineira. Com tantas motos, "causos" de diversos motociclistas, hotéis, pousadas e gastronomia de alto nível, além do clima de serra, com temperaturas abaixo dos 10º C, pode-se dizer que este é o mais charmoso dos encontros de moto do país.

Tudo começou em 1992, quando um grupo de amigos do Rio de Janeiro resolveu marcar um encontro para falar sobre motos. Após 23 anos, a essência é a mesma, mas tudo ganhou corpo. Atualmente, Tiradentes atrai mototuristas do Brasil, da América Latina, e até dos Estados Unidos e da Europa -- e chega a reunir mais turistas que o Carnaval. "É um encontro de proprietários de motos de alta cilindrada, de cultura elevada, que querem aproveitar em grande estilo”, explica Guilherme Berg, organizador do evento.

Segundo Josenilton da Silva Jr, da Pousada Tiradentes, o encontro ocupa 100% dos leitos e movimenta também cidades vizinhas. "Temos aqui 220 estabelecimentos entre grandes hotéis e pequenas pousadas. É tanta gente que participa do Bikefest que os visitantes precisam buscar opções nas cidades vizinhas", afirma, apontando que muitos participantes fazem reserva já para o ano seguinte. 

Motocicletas invadem interior de MG para o Tiradentes Bikefest - Aldo Tizzani/Infomoto - Aldo Tizzani/Infomoto
Pousada Tiradentes fica lotada de pessoas e de motocicletas durante o evento
Imagem: Aldo Tizzani/Infomoto

Tem iniciante...

Carioca, o empresário Leonardo Araújo de Souza, 44 anos, costumava pilotar uma Honda CB 500 pelas ruas e avenidas do Rio, na juventude. Depois do casamento e a chegada dos gêmeos, deixou a moto de lado por 13 anos. Com os filhos crescidos e a ascensão profissional, voltou a viajar sobre duas rodas e foi ao encontro de Tiradentes pela primeira vez.

"Com certeza é o evento mais charmoso do Brasil. Tudo leva a isso, o clima, a gastronomia, estrutura e, é claro, a educação, a cordialidade e a alegria do mineiro em receber os turistas", afirmou Souza.

Depois de 1.700 quilômetros, um grupo de mototuristas de Cuiabá (MT) chegou pela primeira vez ao berço dos Inconfidentes em 13 motos: 12 bigtrails e uma custom. Médico, Aécio Moreira encantou-se com a arquitetura preservada e com a recepção. “Aqui tudo é bom: hotel, comida e o povo hospitaleiro”, destacou. 

Após 13 anos parado, empresário carioca Leonardo Araújo de Souza voltou a viajar de moto e foi a Tiradentes (MG) pela primeira vez - Aldo Tizzani/Infomoto - Aldo Tizzani/Infomoto
Após 13 anos parado, empresário carioca Leonardo Araújo de Souza voltou a viajar de moto e foi a Tiradentes (MG) pela primeira vez
Imagem: Aldo Tizzani/Infomoto

... e experientes

Além dos viajantes solitários e dos amigos que rodam em grupos, há centenas de integrantes de motoclubes que navegam até Tiradentes. Integrantes do "V2", de Macaé (RJ), o comerciante Nelson Ramos e o mecânico de aviação Marcos Tinoco viajaram pouco mais de 500 quilômetros até a cidade histórica mineira.

Cesar Coelho dos Santos, Marcos Tinoco e Nelson Ramos são veteranos no Tiradentes Bikefest - Aldo Tizzani/Infomoto - Aldo Tizzani/Infomoto
Cesar Coelho dos Santos, Marcos Tinoco e Nelson Ramos, todos do Estado do Rio de Janeiro, são veteranos no Tiradentes Bikefest
Imagem: Aldo Tizzani/Infomoto
"Sou do tempo que só havia apenas a concentração em torno da praça", conta Ramos, que já esteve em seis edições do encontro.

Tinoco lembra do grande crescimento da estrutura e do espaço dedicado à exposição de motos, venda de acessórios, shows e foodtrucks.

Um dos fundadores do "Águias de Ouro MC", de Niterói (RJ), Cesar Coelho dos Santos pode ser considerado um privilegiado. Participou de todas as edições desde 1992. "Tudo em Tiradentes evoluiu. O evento, a infraestrutura, rever os antigos amigos, trocar experiências, e, claro, as motos nos fazem voltar todo ano", enumerou.

Como é a festa

O Bikefest acontece em duas áreas na região central da histórica Tiradentes. A primeira fica no Largo das Forras: lá estão os principais bares e restaurantes. No meio da praça os expositores vendem peças e acessórios, lembranças, camisetas oficiais do evento e personalização para os tradicionais coletes de couro.

Na Praça da Rodoviária são montados estandes de fabricantes e importadores, marcas de pneus, praça de alimentação e o palco para shows -- como o Festival de Blues e Jazz de Tiradentes, neste ano em sua quarta edição. 

Um dos serviços mais utilizados no Tiradentes Bikefest é o da troca de pneus - Aldo Tizzani/Infomoto - Aldo Tizzani/Infomoto
Participantes aproveitam evento para fazer serviços de manutenção como troca de pneus
Imagem: Aldo Tizzani/Infomoto

Como chegar

Para um encontro deste tipo, nada melhor que viajar de primeira classe.  A Infomoto foi até Tiradentes a bordo da Honda GL 1800 Gold Wing, modelo topo de linha da marca japonesa no Brasil. Optamos pelo caminho mais tradicional.

Honda GL 1800 Gold Wing - Aldo Tizzani/Infomoto - Aldo Tizzani/Infomoto
De São Paulo a Tiradentes são quase 1.000 km por estradas de todos os tipos
Imagem: Aldo Tizzani/Infomoto
Saindo de São Paulo (SP), seguimos até Lavras (MG) pela rodovia Fernão Dias (BR-381), sempre em pista dupla. A partir daí, até Tiradentes, usamos a BR-265, em pista simples, por pouco mais de 100 quilômetros.  No total, quase 1.000 quilômetros entre longas retas, trechos sinuosos, subidas, descidas e belas paisagens.

Para quem gosta de contornar curvas, há a opção da Serra da Mantiqueira. A sugestão é sair da Via Dutra (BR-116) no trevo de Cruzeiro (SP), na altura do km 34, e seguir rumo às cidades mineiras de São Lourenço, Minduri e São João del Rei até chegar em Tiradentes. Rodando por estradas de pista simples (BR 383, 354 e 494), o motoaventureiro terá belas paisagens e muitas, muitas curvas -- mas é preciso ter paciência com o trafego de caminhões.

Quem vem do Rio, deve pegar a BR-040 no sentido de Belo Horizonte até a cidade de Barbacena, onde entrará à esquerda na BR-265 em direção a São João del Rei e Lavras. Dali até Tiradentes são pouco mais de 50 quilômetros.

Quem parte de de Belo Horizonte (197 quilômetros), pode seguir pela BR-040 em direção ao Rio de Janeiro e entrar no trevo de Murtinho, poucos quilômetros após a cidade de Congonhas, terra do artista Aleijadinho, que deixou seu legado em estátuas esculpidas em pedra-sabão, e dirigir até São João del Rei. Depois, é só pegar a BR-265 por menos de 20 quilômetros até cair na histórica cidade mineira.

Gold Wing é boa companheira

Esbanjando conforto e tecnologia, o que impressiona na Gold Wing é o motor com seis cilindros opostos, 12 válvulas e 1.832 cm³ de capacidade, que gera 118 cv a 5.500 rpm. Ele trabalha de forma linear,mas se tranforma quando o motociclista gira o acelerador. A potência e torque empurram os 387 quilos com vontade e a média de consumo girou em torno de 15 km/l.
 
Três soluções fazem deste modelo um ícone também de segurança: piloto automático, suspensão dianteira com sistema anti-mergulho, freios ABS (Antilock Brake System) e DCBS (Dual Combined Brake System), que evitam o travamento das rodas e distribuem eletronicamente a carga de acionamento dos freios. Além, é claro, do airbag: a Gold Wing foi a primeira motocicleta da história a receber o sistema que evita que o motociclista seja impulsionado sobre a moto.