Ducati Scrambler Icon tem essência da motocicleta clássica, mas é cara
A felicidade está nas coisas simples da vida. Isso também vale no mundo das motos: simples como arroz e feijão, a Ducati Scrambler Icon tem proposta de ser minimalista para resgatar a essência e a pureza do motociclismo.
Inspirada nas linhas do ícone italiano dos anos 1960 e 1970, ela se resume ao básico: rodas, pneus, suspensão, freios e um motor aparente. De quebra, é fácil de pilotar e divertida para contornar curvas, mas traz somente o essencial em termos de tecnologia: freios ABS. Custa R$ 36.900.
Estilo retrô
A moto impressiona pelo estilo retrô revigorado. Traz pneus de uso misto, tanque de combustível em forma de gota -- cujo bocal ostenta os dizeres "Born in 1962" ("nascida em 1962", em inglês, em referência à primeira Scrambler) -- e tampas laterais em alumínio escovado. Escape curto, banco reto, guidão largo.
O apelo tecnológico fica por conta do farol redondo, que conta um aro de LED como iluminação diurna, e painel digital. Na traseira, a lanterna também é de LED.
Na prática
O motor ecoa um som grave instigante. Trata-se de um Desmodue, de dois cilindros em "L", derivado da antiga Monster 796, com 803 cc, comando de válvula desmodrômico e arrefecimento a ar e óleo. Nela, porém, ele foi retrabalhado para oferecer mais torque em baixos e médios regimes de rotação: são 6,9 kgfm a apenas 5.750 giros, bastante força para largar na frente de carros nos faróis.
Só que é na retomada de velocidade que o motor gosta de despejar torque. Ele "enche" de forma gradual, sem trancos, e tem fôlego em várias faixas de giros. Comportamento bem diferente da descontinuada Monster 796, que exigia que o piloto rodasse sempre em giros altos.
A Scrambler é agradável para se rodar na cidade e no dia-a-dia. Seu câmbio de seis marchas é bem escalonado: mesmo com garupa, é possível rodar em terceira ou quarta marcha em giros mais baixos. O calor nas pernas, característica dos motores arrefecidos a ar, ainda incomoda.
Em trechos urbanos, a Scrambler rodou 15,26 km/l. Vale ressaltar que a unidade testada era zero km -- com o motor "amaciado", o consumo deve melhorar e chegar perto dos 20 km/l, como a moto já demonstrou em testes no exterior. Com tanque de combustível de 13,5 litros, a autonomia pode se aproximar de 200 quilômetros.
Ficha técnica - Ducati Scrambler Icon 2016
+ Preço: R$ 36.900
+ Motor: 803 cc, dois cilindros, arrefecimento a ar
+ Potência: 75 cv (8.250 rpm)
+ Torque: 6,9 kgfm (5.750 rpm)
+ Câmbio: seis marchas
+ Dimensões: 2.100 mm (c) x 845 mm (l) x 1.150 mm (a)
+ Peso: 170 kg (ordem de marchas)
+ Tanque de combustível: 13,5 litros
Ciclística eficiente
Robusta, a Scrambler Icon é construída sobre um quadro de aço tubular em treliça. No trem dianteiro há um garfo telescópico invertido com tubos de 41 mm da Kayaba e disco de 330 mm, com pinça radial da Brembo de quatro pistões.
Na traseira, há uma balança em alumínio monoamortecida e um disco de 245 mm de diâmetro, com pinça de um pistão da Brembo. Os freios têm sistema ABS e as suspensões contam com curso de 150 mm e ajuste na pré-carga da mola.
As suspensões absorvem bem os impactos e isola o piloto. Mesmo acertadas para oferecer conforto, transmitem segurança em curvas. O sistema de freio também é eficiente, mesmo em situações mais nervosas.
A Scrambler está calçada com pneus Pirelli MT60 RS, sendo 110/80 R18 na dianteira e 180/55 R17 na traseira. Pneu que oferece bom desempenho no asfalto e na terra e, em função de sua geometria e espessura, ajuda ainda a absorver ondulações do terreno.
Em meio aos carros, porém, o ângulo de esterço mostrou-se limitado, atrapalhando em manobras de baixa velocidade. Além disso, o guidão largo enrosca nos retrovisores dos carros em corredores apertados. A ergonomia é muito semelhante à adotada pelas motos trail da década de 1970: braços abertos, costas eretas e pernas pouco flexionadas.
Ou seja...
A Scrambler não é o modelo mais potente ou forte da Ducati, mas é divertida, gostosa de se pilotar e bonita. Seu estilo retrô é um diferencial que tem atraído pessoas porque suas linhas chamam a atenção.
É uma moto para desfilar, não pela ostentação de cromados e adereços, mas pela simplicidade estética e boa mecânica. Pena custar tão caro.
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