Honda NC 750X vale R$ 36.500? Rodamos 1.000 km para responder

A Honda NC 750X chega à sua terceira geração com mudanças significativas. O modelo deixou de ser uma crossover racional e agora apela para o lado emocional dos motociclistas ao oferecer design mais atraente, farol e lanternas e LED, painel multifuncional e novas suspensões, entre outras novidades.

O problema é o preço. A Honda subiu a etiqueta de R$ 32.000 para R$ 36.500 na versão única, já com freios ABS (antitravamento). Concessionários de São Paulo, porém, estão pedindo ainda mais: R$ 38.590.

Três anos de garantia e assistência em toda a América do Sul são alguns incentivos extras para fechar negócio.

O que mudou

Infomoto rodou com o modelo por  1.000 quilômetros, a fim de descobrir se as modificações justificam o preço salgado.

À primeira vista a nova NC 750 X se mostra muito mais interessante: as linhas cativam quem busca uma moto imponente e que transmite status. Aletas laterais, paralama dianteiro e um descolado suporte para mala sobre o falso tanque são algumas das novidades.

Capacidade de bagagem do compartimento que ocupa o falso tanque aumentou para 22 litros, o que permite encaixar vários pequenos objetos, ou mesmo um capacete fechado.

A principal mudança, porém, só será sentida quando o piloto ligar a moto. O escape ganhou ponteira esportiva e deixou de lado o aspecto comportado. Além da esportividade, ajuda a gerar um ronco mais agradável e instigante.

O propulsor segue com 54,5 cv de potência (a 6.250 rpm) e 6,94 kgfm de torque (a 4.750 giros), mas ganhou novo mapeamento da injeção eletrônica. Com ele é possível manter a velocidade de 120 km/h na casa das 3.500 rotações sem sofrimento.

Suspensão dianteira recebeu novos componentes e acerto mais rígido, mas ainda não oferece opção de regulagem. O único ajuste possível é o da pré-carga da mola na suspensão traseira. O conjunto se mostrou eficiente, contudo, principalmente em curvas de alta velocidade.

Nas longas retas o para-brisa maior de 38 centímetros -- 5 cm a mais alto --, fez bem o trabalho de desviar o vento frontal.

No asfalto

Durante o teste o consumo variou entre 24 (em tocadas mais esportiva) e 30 km/l, o que em teoria conferiria autonomia de pelo menos 300 quilômetros para o tanque de 14,1 litros. Entretanto, sempre após 200 km a luz da reserva acendia e, para não ficar pelo caminho, o jeito era parar para reabastecer.

Foi até bom: como conforto não é bem o ponto forte da NC, paradas constantes para esticar as pernas se mostraram necessárias.

O painel se mostrou uma evolução. Repleto de informações via computador de bordo, permite acompanhar de forma instantânea informações como rotação, autonomia e consumo. O painel até muda de cor de acordo com a tocada do piloto. No começo é divertido, mas o balé colorido entre vermelho, amarelo, azul e verde acaba perturbando, principalmente à noite. Ainda bem que é possível desligar a função.

O farol em LED proporciona um brilhante facho branco que, no escuro, ilumina bem e facilita a visualização de placas, sinais ou obstáculos na estrada. Ajuda, inclusive, motoristas de outros veículos a verem a moto. A luz alta praticamente não foi usada.

Ao fim do teste, foi possível perceber que a NC 750X realmente virou outra moto. Tem mais “pegada” na aceleração e gosta de contornar curvas de forma mais esportiva. Oferece diversão, sem dúvidas, mas cobra um bocado caro por isso. Por R$ 37.990 é possível levar uma Triumph Tiger 800 XR com controle de tração. Vale para quem se liga ao estilo da crossover japonesa.