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BMW F 800 GS vs. Yamaha Tracer: qual passa no teste de 1.000 km?

Arthur Caldeira

Da Infomoto

07/09/2016 10h00

Versáteis, confortáveis, recheadas de tecnologia e com boa autonomia, as motos aventureiras estão em alta, sendo as preferidas do consumidor que busca um modelo para longas viagens.

A popularidade do segmento e o aumento da demanda por modelos para uso predominantemente no asfalto fizeram com que os fabricantes criassem as “crossovers”: combinam desempenho e agilidade das nakeds esportivas com ciclística e posição de pilotagem das trails.

Kawasaki Versys 1000, Honda NC 750X, BMW S 1000XR e Triumph Tiger Sport 1050 são bons exemplos dessa mistura. O que o motociclista precisa saber antes de fechar negócio com uma dessas em vez de uma bigtrail é: "qual será meu perfil de uso"? 

Pensando nisso a Indomoto rodou mais de 1.000 km com representantes das duas derivações: BMW F 800 GS (bigtrail) e Yamaha MT-09 Tracer (crossover), para descobrir qual se sai melhor. Ambas têm preços próximos: R$ 45.900R$ 45.990, respectivamente. 

BMW F 800 GS 2016 vs. Yamaha MT-09 Tracer 2016 - Renato Durães/Infomoto - Renato Durães/Infomoto
Preços são semelhantes, mas perfis diferem: uma é crossover e outra, bigtrail
Imagem: Renato Durães/Infomoto

Conheça as concorrentes

Levemente reestilizada para a linha 2016 e dotada de controle de tração e ajuste elerônico das suspensões, a BMW F 800 GS é exemplo de motocicleta com vocação off-road: roda raiada aro 21 na dianteira, suspensões de longo curso e até mesmo o visual deixam isso muito claro.

Já a Yamaha MT-09 Tracer compartilha quadro e motor (tricilíndrico de 115 cv) com a irmã naked MT-09, de quem também herda as rodas de liga leve aro 17. Porém, possui tanque de combustível maior, banco mais amplo, carenagem frontal e uma posição de pilotagem ereta, típica das trail.

Não se trata de um simples comparativo para descobrir qual a melhor entre elas: ambas são excelentes opções para pegar a estrada. O objetivo é responder qual se dá melhor em viagens mais longas. Confira:

BMW F 800 GS 2016 - Renato Durães/Infomoto - Renato Durães/Infomoto
Para-brisa do modelo da BMW é menor e não protege muito o motociclista do vento; faróis são convencionais
Imagem: Renato Durães/Infomoto
F 800 GS em 5 tópicos

1) Equipada com um bicilíndrico de 800 cc e 85 cv (a 7.500 rpm), é suficiente para manter boas velocidades de cruzeiro e proporcionar uma viagem tranquila, mas vai te deixar na mão caso precise acelerar. A potência passa longe dos 115 cv da Trazer e, por sua configuração, o motor também vibra bastante e incomoda após longas horas pilotando.

2) Apesar de ter sido alargado e recebido mais espuma para a linha 2016, o banco continua deixando a desejar no quesito conforto. Só motociclistas mais experientes conseguirão se adaptar sem algum sofrimento. Outro detalhe é o para-brisa pequeno, que oferece pouca proteção aerodinâmica e cansa após trechos de 200 quilômetros.

3) Com capacidade para até 16 litros de combustível e consumo médio variando entre 17,6 e 21,1 km/l na avaliação de Infomoto, a autonomia da F 800 GS não consegue passar de 300 km por tanque. É pouco para quem pretende passar por regiões mais ermas (para isso a BMW oferece a versão Adventure da F 800 GS, com tanque de 24 litros).

4) O assento posicionado a 89,5 cm do solo representa um problema para quem tem menos de 1,80 m. É preciso ser alto ou ter bastante experiência para saber estacionar uma moto que pesa 214 kg em ordem de marcha sem passar perrengue.

5) Na terra o comparativo chega a ser covardia. Quem gosta de lama e chão batido não deve hesitar entre as duas, pois é justamente na terra que a bigtrail alemã se sobressai em relação à crossover japonesa. Com 23 cm de curso no garfo invertido na dianteira e 21,5 cm na balança traseira monoamortecida, a F 800 GS enfrenta qualquer terreno. O ajuste eletrônico de compressão e retorno da suspensão é bem-vindo, e tanto controle de tração quanto ABS podem ser desligados para melhorar a condução off-road.

Yamaha MT-09 Tracer 2016 - Renato Durães/Infomoto - Renato Durães/Infomoto
Para-brisa com altura ajustável e carenagem mais larga deixam Tracer mais confortável; farol duplo é de LED
Imagem: Renato Durães/Infomoto
MT-09 Tracer em 5 tópicos

1) É uma moto que gira alto. O motor 3-cilindros de 850 cc e virabrequim crossplane reúne bom torque em baixos regimes, potência de sobra em altos giros -- são 115 cv a 10.000 rpm -- e funcionamento bem liso, sem vibrações. Relação peso/potência é de mero 0,54 cv/kg, e os três modos de pilotagem se adaptam bem aos diferentes tipos de uso.

2) Oferece conforto de sobra para os dois ocupantes: banco largo e bipartido tem bastante espuma. Para-brisa alto -- e com altura regulável --, ampla carenagem e protetores de mão proporcionam excelente proteção aerodinâmica. Posição reta permite rodar por muitos e muitos quilômetros sem cansar. Em nossa jornada o piloto da Tracer sempre chegava mais “inteiro” ao destino. E não se preocupe com a altura: o banco pode ser ajustado em duas posições: 84,5 ou 86 cm.

3) Consumo é razoável (média variou entre 17,7 e 22 km/l), mas o tanque de 18 litros garante autonomia superior à da F 800 GS: 350 km.

4) Está mais preparada para estradas asfaltadas repletas de curvas, graças a uma roda dianteira com diâmetro mais adequado a essa situação, além dos pneus de perfil esportivo sem câmara. Não que a BMW seja ruim, mas pegar um trecho de serra com a Tracer é menos cansativo. O quadro de alumínio contribui para o conforto nessas situações.

5) Não vai tão bem na terra: suas suspensões até enfrentam estradas secundárias com asfalto ruim, mas o curso limitado -- 13,7 cm na frente e 13 cm atrás --, aliado às rodas em liga de alumínio aro 17 e aos pneus esportivos, dificulta a vida em um fora-de-estrada mais exigente.

Conclusão

Se você vai rodar 1.000 km apenas por vias pavimentadas, vá de Tracer: ela te dará muito mais conforto e versatilidade. Agora, se (e apenas se) houver um trecho off-road no caminho, então prefira a segurança e valentia da F 800 GS. Por ser uma trail, ela é bem mais preparada para passar por trechos adversos sem deixar o motociclista na mão.