Ducati divide Scrambler em quatro versões para cativar público jovem
Famosa pelas motos esportivas, potentes e recheadas de tecnologia, a Ducati resolveu se enveredar em um novo segmento com a linha Scrambler.
Inspirada em um modelo de sucesso das décadas de 1960 e 1970, a marca decidiu resgatar a simplicidade mecânica e do design do passado para oferecer uma motocicleta que tem como único propósito ser divertida. Foi a forma que a empresa italiana encontrou de embarcar na onda de motos com visual retrô, que tem feito sucesso na Europa, Estados Unidos e no Brasil.
Apresentada lá fora em 2014, a família Scrambler desembarcou no Brasil no final do ano passado representada pelo modelo base, a Icon. Ao longo de 2016, outras três integrantes da linha chegaram: Classic, Urban Enduro e Full Throttle.
As quatro buscam fisgar um público jovem e urbano, mais preocupado com estilo do que com a força do motor. Conheça cada uma delas:
+ Icon: R$ 38.900
A Ducati não gosta que o modelo base da linha Scrambler seja chamado de retrô. Segundo a marca, trata-se de uma releitura contemporânea do modelo original -- mais ou menos como seria se a Scrambler de 1962 fosse fabricada até hoje. Ela tem guidão largo, rodas de liga-leve, tampas laterais em alumínio e só é vendida na cor amarela.
+ Classic: R$ 41.900
Bastante semelhante à Icon, mas com exageros nas referências vintage: as rodas são raiadas, os para-lamas são feitos em alumínio e o banco de couro marrom tem costuras e detalhes em alto relevo. A Ducati garante que sua cor laranja -- chamada Orange Sunshine -- é do mesmo tom que a Scrambler de 1962. O logotipo no tanque também tem visual retrô.
+ Urban Enduro: R$ 41.900
O tom de verde reforça a imagem mais aventureira dessa versão, mas é o guidão com crossbar, a grelha no farol, o paralama mais alto e o protetor de cárter que convidam a um passeio por estradas de terra. As rodas também são raiadas e o banco tem costuras que formam listras. Tem também um logo diferenciado, que traz um "X" em vermelho.
+ Full Throttle: R$ 41.900
Inspirada nas motos que disputavam as corridas de flat-track, a Full Throttle tem proposta mais esportiva. Seu guidão é mais baixo e estreito, o que facilita na hora de circular em corredores, e suas rodas são de liga-leve. Banco com tecido anti-derrapante em duas cores, para-lamas curtos e pintura fosca (preta) com faixas amarelas reforçam o design mais agressivo.
No que se igualam
O toque de modernidade aparece timidamente na lanterna traseira com LED e no aro que contorna o farol (DRL). O painel, simples como a moto, é digital e mostra velocímetro e conta-giros na parte inferior, fazendo referência à Scrambler original.
Apesar dos visuais diferentes, as quatro são equipadas com o mesmo motor, o Desmodue de dois cilindros em "L", com 803 cc e arrefecimento a ar e óleo-- um dos mais simples da Ducati atualmente.
Derivado da aposentada Monster 796, ele foi retrabalhado para se adequar à proposta da Scrambler, por isso é menos potente -- são 75 cv a 8.250 rpm, contra 87 cv da naked. Ele, porém, oferece mais torque já a partir dos baixos giros, atingindo 6,9 kgfm a 5.750 rpm.
Embora a marca insista em dizer que o motor é suave, basta dar a partida e ouvir o ronco compassado para ter certeza que se trata de um bicilíndrico com o bravo comando de válvulas desmodrômico. Na prática, em 2.000 giros já é possível ter arrancadas empolgantes, mesmo com seus 186 kg (em ordem de marcha) -- de qualquer uma das quatro versões. A embreagem com discos em banho de óleo tem acionamento mecânico, mas é macia e não lembra as Ducati mais antigas.
O consumo médio foi de 19,1 km/l. Como todas têm tanque para 13,5 litros, a autonomia pode superar 200 quilômetros.
Posição
Em função do assento baixo, a apenas 790 mm do chão, monta-se com facilidade em qualquer uma das versões. As pedaleiras posicionadas bem abaixo do tronco fazem com que o piloto tenha de flexionar os joelhos levemente, mas proporciona uma postura natural. O guidão varia conforme a versão escolhida, mas em geral deixam os braços em posições confortáveis e os cotovelos mais abertos -- sem atrapalhar tanto no corredor.
O assento é confortável, com boa espuma e um espaço razoável para a garupa. Apesar disso, a posição faz o piloto escorregar um pouco para frente, e isso cansa após certo tempo -- nada legal para uma viagem mais longa, embora essa não seja a proposta da Scrambler.
Ciclística
Todas trazem o motor "amarrado" a um quadro tubular em aço do tipo treliça, assinatura da Ducati. O conjunto -- quadro, rodas e suspensões -- até suportaria um motor mais potente, mas os 75 cv parecem ideias para garantir estabilidade em velocidades mais altas e boa inclinação nas curvas sem comprometer a segurança. Nem mesmo os pneus de uso misto (Pirelli MT60 RS), feitos exclusivamente para a moto com cravos menos salientes, atrapalham a aderência.
As suspensões são simples: garfo telescópico Kayaba, na frente, com tubos de 41 mm e 150 mm de curso, mas sem ajustes; monoamortecedor traseiro, fixado à balança de alumínio, com regulagem na pré-carga da mola. O acerto mescla uma pitada de rigidez e uma de conforto: absorvem sem problemas as imperfeições do asfalto e estradas secundárias, mas não é adequado para o fora-de-estrada.
Os freios merecem capítulo à parte: na dianteira, um disco único de 330 mm de diâmetro com pinça radial de quatro pistões da grife Brembo; atrás, um disco mais modesto, de 245 mm, com pinça de um pistão. O conjunto conta com sistema ABS, que pode ser desligado e às vezes é até um exagero -- acredite, mesmo com disco simples na frente, o conjunto é suficiente para estancar a Scrambler. Em alguns casos, a mordida na dianteira chega a ser brusca demais...
Na estrada
Embora a Ducati tenha exagerado na divulgação do lema "Land of Joy" (terra da alegria) no lançamento, o conceito não é puro marketing: é realmente divertido pegar estrada com a Scrambler.
O visual retrô e a aparência de moto custom de cada uma das versões despertam simpatia e contribuem. Ela não é a mais prática, potente, ou moderna entre modelos dessa faixa de preço, mas a posição de pilotagem descompromissada, o guidão mais largo e o motor torcudo funcionam como a cereja de um bolo...
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