Imagine a cena: você pega seu smartphone, abre um aplicativo de táxi e, quando o carro chega, não há ninguém dirigindo. Você entraria em um carro do tipo? A pergunta é pertinente porque, nesse momento, transporte de passageiros e de cargas parece ser o máximo que veículos autônomos têm a oferecer. E a iniciativa mais recente do tipo acontece na China. Quem usa a Internet com frequência há alguns anos associa o nome Baidu ao serviço de busca aos moldes do Google, mas assim como ocorre com a empresa ocidental, a chinesa é um verdadeiro gigante do setor da tecnologia. As semelhanças não param aí, porém: a Baidu também tem investido no desenvolvimento de tecnologias para direção autônoma, da mesma forma que a Waymo - que é uma empresa "irmã" do Google, sendo ambas parte do conglomerado Alphabet. A iniciativa mais recente dos chineses é uma nova versão do Apollo Go Robotaxi. O serviço já estava disponível desde o ano passado em Pequim, com uma frota inicial de 40 carros autônomos que funcionavam como táxi. A questão é que, por força de lei, era preciso ter um responsável da empresa no banco do carona acompanhando todo o trajeto. Já a nova versão do serviço lançado no domingo (2) dispensa essa supervisão mais próxima e é totalmente autônomo - em caso de emergência, o carro pode ser guiado a partir de uma central via conexão 5G. Por ora, vai circular na área de Shougang Park, um dos pontos de Pequim que servirá de sede para as Olimpíadas de Inverno de 2022. É algo fantástico, sem dúvidas, mas não é uma iniciativa pioneira. O Waymo foi citado aqui acima e, no momento, é a empresa que está mais à frente em iniciativas do tipo. Em 2018, a empresa já atuava no transporte de passageiros com veículos autônomos, ainda com o chamado "safety driver", um funcionário da empresa que ficava dentro do veículo pronto a atuar em caso de emergência. Já em outubro de 2020, a empresa passou a manter o serviço, chamado de Waymo One, sem a presença de motorista dentro do carro. O funcionamento é similar ao de aplicativos de transporte como o Uber ou o 99 Táxi: basta usar o smartphone para pedir o veículo, que seguirá pelo trajeto definido. No momento, o Waymo One funciona na região metropolitana de Phoenix, no Arizona. É a 12ª mais populosa dos Estados Unidos e compreende uma área de mais de 37 mil km². Além desse serviço, a empresa norte-americana também oferece o Waymo Via, que atua com transporte de cargas e objetos. As iniciativas de Baidu e Waymo podem parecer tímidas diante da alta expectativa que os carros autônomos provocam, especialmente em situações nas quais dirigir não é um ato prazeroso, mas sim uma obrigação. Ainda assim, são passos importantes para que, um dia, essa tecnologia esteja disponível em carros vendidos ao público. Ter carros do tipo circulando em ambientes reais não apenas ajuda a parte técnica dos modelos a evoluir, mas permite formatar um cenário no qual esses veículos sejam parte do cotidiano das cidades. Ter um mundo que saiba lidar com carros capazes de se guiar por conta, aliás, tende a ser o maior desafio desses veículos - a tecnologia, ao que parece, é o menor dos problemas. Isso porque, ao mesmo tempo que a solução apresentada por carros do tipo - a eliminação do fator humano e o consequente aumento na segurança viária - é também um dos seus pontos mais controversos. Não há sistema infalível e, vez ou outra, acidentes aconteceriam. Nestes casos, seria preciso uma legislação robusta que desse respaldo não apenas às vítimas desses possíveis acidentes, como também às fabricantes. PUBLICIDADE | | |