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França não extraditará Ghosn se ele for ao país; Líbano nega que o recebeu

Kyodo/via REUTERS
Imagem: Kyodo/via REUTERS

02/01/2020 07h00Atualizada em 02/01/2020 10h44

A França não vai extraditar Carlos Ghosn se o ex-CEO da aliança Renault-Nissan chegar ao país, afirmou hoje a secretária de Estado francesa da Economia, Agnès Pannier-Runacher.

"Se o senhor Ghosn chegar à França, não extraditaremos o senhor Ghosn porque a França nunca extradita seus cidadãos", disse Pannier-Runacher ao canal BFMTV.

Ghosn, que tem tripla cidadania francesa, brasileira e libanesa, fugiu na segunda-feira do Japão, onde estava em prisão domiciliar, para o Líbano. Ele tinha dois passaportes franceses, incluindo um que sempre levava em uma mala trancada.

O governo francês considera que Ghosn "não deveria ter escapado do sistema de justiça japonês". "Ninguém está acima da lei", declarou a ministra.

Ghosn também era o CEO da Renault antes de ser demitido após sua prisão, em novembro de 2018, no Japão, onde é acusado de fraude financeira.

Ele também está sendo investigado na França, mas nenhuma acusação foi apresentada até o momento.

Líbano nega ter recebido executivo

Ainda hoje, o governo do Líbano negou que o executivo brasileiro foi recebido no país pelo presidente Michel Aoun. "Ele não foi recebido na presidência e não se encontrou com o presidente da República", disse uma autoridade à AFP.

Suspeita-se que Ghosn tenha voado em um jato particular de Istambul para Beirute, onde entrou legalmente de acordo com as autoridades locais e onde encontrou sua família.

Ghosn é alvo de quatro acusações no Japão: duas por renda diferida não declarada pela Nissan às autoridades financeiras e duas outras por quebra de confiança com agravante. Preso em novembro de 2018, o magnata sempre negou as acusações, alegando ter fugido de um "sistema judicial japonês tendencioso".

Foram abertas investigações no Japão e na Turquia sobre as circunstâncias de sua fuga. Alguns libaneses o veem como um símbolo de sucesso dentro da grande diáspora libanesa.

Mas seu possível retorno ao Líbano, palco de um vasto movimento de protesto desde outubro contra uma classe política considerada corrupta, é visto pelos manifestantes como uma demonstração da impunidade e dos privilégios dos mais ricos.