'Concorrência justa': União Europeia planeja 'tarifaço' para carro chinês

A União Europeia anunciou nesta quarta-feira (12) planos para aumentar as tarifas sobre as importações de carros elétricos da China a partir de julho se o diálogo com as autoridades chinesas sobre os subsídios ao setor não prosperar.

A Comissão Europeia, que abriu uma investigação no ano passado sobre o impacto dos subsídios estatais, concluiu que a cadeia de produção de carros elétricos na China se beneficia de subsídios "injustos".

Segundo a Comissão, estes subsídios ao setor dos veículos elétricos na China representam uma "ameaça de danos econômicos aos produtores" de veículos elétricos na UE.

Diante da situação, a Comissão definiu tarifas pesadas para os fabricantes chineses de veículos elétricos, que para o gigante produtor SAIC poderiam atingir os 38,1%.

Para o fabricante chinês BYD, a Comissão Europeia determinou uma tarifa provisória de 17,4%, enquanto para o fabricante Geely esta tarifa chegaria a 20%.

Outros fabricantes na China "que cooperaram na investigação, mas não foram incluídos na amostra, estariam sujeitos a uma tarifa média de 21%", disse a Comissão.

"A Comissão entrou em contato com as autoridades chinesas para discutir estas conclusões e explorar possíveis formas de resolver os problemas identificados, de forma compatível com a Organização Mundial do Comércio (OMC)", diz o comunicado.

"Caso as negociações com as autoridades chinesas não levem a uma solução eficaz, esses direitos compensatórios provisórios serão introduzidos a partir de 4 de julho", anunciou a Comissão.

Garantir a 'concorrência justa'

O vice-presidente executivo da Comissão, Valdis Dombrovskis, afirmou na rede X que "o nosso objetivo não é fechar o mercado da UE aos carros elétricos chineses, mas garantir que a concorrência seja justa".

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Estas tarifas seriam aplicadas provisoriamente até novembro, a menos que uma maioria qualificada na UE - o voto de 15 países que representam pelo menos 65% do bloco - decida contra a medida.

Pouco antes deste anúncio, o governo chinês alertou que um eventual aumento das tarifas ou a adoção de medidas adicionais "prejudicaria os interesses da UE" e condenou o "protecionismo" do bloco.

"Instamos a UE a cumprir o seu compromisso de apoiar o livre comércio e opor-se ao protecionismo e trabalhar com a China para defender os interesses gerais da cooperação econômica e comercial entre China e UE", disse o porta-voz do governo chinês, Lin Jian.

A China, advertiu o porta-voz, "tomará todas as medidas necessárias para preservar firmemente os seus direitos e interesses legítimos".

O ministro alemão de Transportes, Volker Wissing, alertou na rede X que as altas tarifas europeias aos carros elétricos chineses poderiam abrir a porta para uma "guerra comercial".

"Os automóveis devem ser barateados por meio de uma maior concorrência, de mercados abertos e de condições comerciais significativamente melhores na UE, e não por meio de uma guerra comercial e do isolamento do mercado", disse o ministro.

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Por outro lado, o porta-voz do governo alemão elogiou a Comissão por buscar resolver a controvérsia mediante o diálogo com as autoridades chinesas.

"Do nosso ponto de vista, seria desejável que pudéssemos chegar a uma solução amigável", disse à imprensa o porta-voz Steffen Hebestreit.

A China é um parceiro comercial fundamental da UE e o terceiro principal destino das exportações agrícolas do bloco europeu, depois do Reino Unido e dos Estados Unidos.

As importações de carros elétricos chineses para a UE passaram de cerca de 57 mil unidades em 2020 para nada menos que 437 mil unidades em 2023.

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