Carro autônomo pode salvar 35 mil vidas e Trump não vai impedir isso
Congressistas e críticos pensam em atrasar testes nos EUA, mas equipe do presidente quer ajudar indústria a obter resultados
A morte de uma mulher que foi atropelada por um Uber autônomo no Arizona, no domingo, levou defensores da segurança automotiva a exigir que reguladores e legisladores dos EUA diminuam a pressa para colocar os veículos autônomos nas vias daquele país.
Não conte com isso.
Esforços para agilizar regulamentações que abarquem a nova tecnologia estão em andamento desde o governo de Obama, com forte apoio de ambos os partidos. E a aversão do governo Trump a restrições e regulamentações torna ainda mais improvável que o acidente resulte em novos obstáculos, segundo ex-autoridades dos EUA e alguns defensores da segurança.
"Honestamente, a última coisa com que fabricantes e desenvolvedores de veículos autônomos precisam se preocupar neste governo é uma regulamentação pesada", disse David Friedman, que foi diretor da Administração Nacional de Segurança Rodoviária (NHTSA, na sigla em inglês) durante o governo Obama. Atualmente, ele é diretor de política de carros e produtos da Consumers Union.
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Sugestões
Em janeiro, a NHTSA começou a solicitar sugestões do setor e da população sobre como reescrever as regras de segurança para automóveis -- muitas de décadas atrás -- para receber os veículos autônomos.
Os defensores da tecnologia afirmam que ela poderia ajudar a reduzir as 35 mil mortes em rodovias nos EUA a cada ano porque, segundo pesquisas, a grande maioria é provocada por erro humano. Os defensores da segurança criticaram a abordagem por ser leve demais e pela falta de supervisão para uma tecnologia que ainda está em desenvolvimento.
"Eles decidiram não se envolver com isso e deixar que o setor desenvolva a tecnologia como quiser", disse Peter Kurdock, diretor de assuntos regulatórios da Advocates for Highway and Auto Safety. "Por causa da inexistência de supervisão federal, infelizmente, receamos que haverá mais mortes como resultado de que esta tecnologia seja colocada nas ruas antes de ter sido devidamente testada e verificada."
Afeta a política?
Em um comunicado, a NHTSA se recusou a discutir o acidente da Uber e como isso poderia afetar a política. A agência afirmou que sua equipe especial de investigação de acidentes foi enviada para o local. O Conselho Nacional de Segurança dos Transportes (NTSB, na sigla em inglês) também enviou uma equipe para investigar.
Emil Frankel, ex-secretário assistente do Departamento de Transportes, disse que o acidente não deve mudar o debate político do governo. No entanto, a fatalidade destaca o risco mais amplo de abalar a aceitação popular dos veículos autônomos, particularmente se os investigadores encontrarem falhas na tecnologia.
Pelo menos parte da resposta do governo depende do resultado das várias investigações em andamento.
Se, como o chefe de polícia de Tempe sugeriu em uma entrevista, a pedestre, Elaine Herzberg, entrou subitamente na frente do carro e uma colisão não poderia ser evitada, isso facilitaria o avanço do carro autônomo. Agora, se surgirem falhas nos sensores do carro ou na lógica computacional, isso poderia mudar o debate -- neste caso, o NTSB, que é independente de outras agências reguladoras dos EUA, poderia realizar uma audiência pública ou tomar outras medidas para ressaltar as deficiências de segurança.
Isso e um clamor público poderiam aumentar a pressão por mais regulamentação e por uma abordagem mais cautelosa.
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