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Impressões ao dirigir: Corolla faz sentido quando tem mais luxo

Claudio de Souza

Do UOL, no Guarujá (SP)

26/03/2008 16h48

Atualizada às 20h16 de 27/3

Durante o test-drive da nova geração do Toyota Corolla, realizado nesta quarta-feira (26) no Guarujá (litoral paulista), várias vezes os exemplares do novo modelo, guiados pelos jornalistas, misturaram-se a Corollas antigos nas ruas e estradas da região.

Foi uma boa chance para ver como o carro da marca japonesa evoluiu no visual. Ficou muito mais expressivo, com vincos e ressaltos inesperados (como no pára-choque traseiro) e uma grade frontal em forma de escudo que cita diretamente o sedã grande Camry -- só que com duas barras transversais, em vez de três. Mesmo inspirada num carro bem mais caro, a nova dianteira do Corolla é imune ao tédio causado pela anterior.

Vistas de fora, as três versões do carro (XLi, XEi e SE-G, em ordem de equipamentos e preço) são quase idênticas, a não ser para o observador atento. Por exemplo, a mais barata tem calotas (que até enganam bem) e um arremate de plástico no lugar do farol de milha. Mas por dentro a diferença de classe é notável.

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A versão SE-G do novo Corolla entrega o que o visual promete
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UOL Carros rodou com um XEi manual com bancos de tecido (provavelmente a versão/configuração que venderá mais) e um SE-G, que é automático de série. O abismo nos preços (R$ 68,5 mil e R$ 87,5 mil, respectivamente) tem reflexos na prática.

O acabamento do XEi é convencional, e bastou procurar um pouco (dentro do porta-luvas) para achar rebarbas. Há fartura de equipamentos e bom espaço (o assoalho traseiro foi rebaixado), além das múltiplas regulagens para atingir uma posição de dirigir ideal. Mas, como o motor funcionando, o Corolla trouxe para dentro da cabine mais ruído do que o esperado.

O propulsor 1.8, abastecido com álcool, mostrou confiabilidade nas acelerações e retomadas, mas não espere dele um show de desempenho: o Corolla é assumidamente um sedã "sênior". Aliás, o câmbio manual simplesmente não combina com o carro -- embora seja um bom câmbio, bem fácil de trabalhar. No final do percurso, UOL Carros estacionou o Corolla XEi meio decepcionado. O mundo não havia entardecido diferente (parodiando a pretensiosa publicidade da Toyota).

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O interior da versão SE-G tem insertos em imitação de madeira
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FICHA TÉCNICA COMPLETA (EM .XLS)


A sensação negativa durou apenas até entrar no Corolla SE-G. A versão top do modelo acolhe o motorista com muito mais carinho: bancos de couro claro, insertos imitando madeira no acabamento, forração no volante e na manopla do câmbio, comandos elétricos no banco do motorista etc. O descanso de braço pode ser projetado à frente, tornando-se mais que um mero "apóia-cotovelo" (a versão XEi também possui esse mimo). Um carro que não faria feio num salão de automóveis europeu, por exemplo.

Alô, câmbio
Rodando, o SE-G pareceu muito mais silencioso que o XEi, provavelmente devido a alguma diferença na vedação acústica. Mas o claro salto em qualidade na experiência de guiar a versão mais "nobre" é dado pela transmissão automática com o sistema Super ECT, que promete mais precisão e inteligência na troca das marchas (e que está disponível como opcional nas outras versões).

Pois esse câmbio mostrou-se muito bem integrado ao trem de força do novo Corolla; apesar de ter apenas quatro marchas, não esticou demais a segunda e nem chegou a pedir uma velocidade extra. Importante: o sistema mostrou-se esperto nas retomadas, não hesitando em buscar a segunda marcha durante uma ultrapassagem mais exigente. Não há modo seqüencial, mas até a terceira é possível fazer a troca manualmente -- o que permite controlar suavemente o carro (e sem exigir nada da perna esquerda) no trânsito pesado.

O Corolla pareceu um tanto pesado nas curvas -- a direção eletroassistida fica mais rígida à medida que a velocidade aumenta, mas não veio disso a impressão de que foi preciso mais braço para segurar o carro nos traçados sinuosos. A suspensão trabalhou bem, absorvendo as (poucas) irregularidades do solo sem transmiti-las ao habitáculo, o que ajudou a garantir o conforto geral dentro dessa versão.

Resumindo: o Corolla recebeu um "upgrade" pelo lado de fora, ficando com cara de carro de luxo e contrastando de modo gritante com o "arrojado" rival Honda Civic. Sob essa cobertura, fica melhor e mais gostoso um recheio com ingredientes de luxo, conforto e tecnologia. Por isso, é na versão SE-G que o novo Corolla traz a receita ideal -- pelo menos para o gosto de UOL Carros.

É a versão mais cara? É. Mas não estamos falando de um carro popular, certo?

*Viagem a convite da Toyota, que cedeu os carros para teste