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Picape Frontier sai-se bem na terra e na estrada

Luiza Dantas/Carta Z Notícias
Imagem: Luiza Dantas/Carta Z Notícias

Da Auto Press

Especial para o UOL

02/05/2008 20h47

A nova Nissan Frontier consegue ter um comportamento que muitas picapes médias tentam, mas quase nenhuma consegue. A picape da marca japonesa, chamada por aqui de SEL, encontrou um meio-termo entre a flexibilidade exigida no fora-de-estrada e uma grande estabilidade no asfalto. Além desse atrativo, o modelo também explicita uma mudança de estratégia da fabricante.

Precavida pelo fraco desempenho da Frontier nacional, a Nissan tratou de, inicialmente, trazer a nova geração do veículo da Tailândia e a posicionar no mercado em uma faixa de preço mais alta. A SEL só é importada na configuração cabine dupla, 4x4, com motor turbo-diesel e custa a partir de R$ 112.860 com câmbio manual. A futura versão brasileira deve surgir só no fim do segundo semestre e com derivações mais baratas, como cabine simples e estendida e tração 4x2.
 

O bom ímpeto off-road e o desenho moderno a credencia para brigar com outras picapes médias "top", como a Mitsubishi L200 Triton e versões mais completas da Toyota Hilux. Para reforçar essa posição, a Nissan dotou a Frontier SEL com o motor 2.5 litros turbo-diesel, com injeção direta do tipo common-rail, 16 válvulas e comando duplo de válvulas no cabeçote.
 

  • Impressões ao dirigir a Frontier SEL

    O propulsor gera uma potência de 172 cv a 4.000 giros e um descomunal torque de 41,1 kgfm disponível já aos 2.000 giros, o que confere força para o modelo em trechos pouco convidativos. O sistema de tração traseira conta com acoplamento elétrico para tração 4x4 e reduzida, com acionamento no painel.

    FICHA TÉCNICA
    Motor: Diesel com turbo de geometria variável, dianteiro, longitudinal, 2.488 cm³, quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro com comando duplo de válvulas. Injeção direta de combustível do tipo common-rail. Acelerador eletrônico.
    Transmissão: Câmbio automático com cinco velocidades à frente e uma a ré. Tração traseira com acoplamento elétrico de tração nas quatro rodas e de tração reduzida. Diferencial com escorregamento limitado. Não oferece controle eletrônico de tração.
    Potência máxima: 172 cv a 4.000 rpm.
    Torque máximo: 41,1 kgfm a 2.000 rpm.
    Diâmetro e curso: 89,0 mm x 100,0 mm. Taxa de compressão de 16,5:1.
    Suspensão: Dianteira independente do tipo Double Wishbone, com molas helicoidais, amortecedores hidráulicos telescópicos e barra estabilizadora. Traseira em eixo rígido, com feixes de molas e amortecedores hidráulicos telescópicos. Não oferece controle eletrônico de estabilidade.
    Freios: Discos ventilados na frente e tambores atrás. ABS e EBD de série.
    Carroceria: Picape média cabine dupla sobre longarinas com quatro portas e cinco lugares. Com 5,23 metros de comprimento, 1,85 metro de largura, 1,78 metro de altura e 3,20 metros de distância entre-eixos. Airbag duplo frontal de série.
    Peso: 2.005 kg em ordem de marcha. 1.015 kg de carga útil.
    Tanque: 80 litros.
    Capacidade off-road: Ângulo de ataque de 32º, ângulo de saída de 24º, capacidade de subida de rampa de 39º e altura livre do solo de 22 cm.
    Nissan Frontier SEL automática
    A disposição fora-de-estrada é ampliada pelo diferencial com escorregamento limitado e pela suspensão reforçada. Na frente, é independente do tipo double wishbone e barra estabilizadora. Atrás, eixo rígido com feixe de molas. Tem um bom curso para o sobe-e-desce de trechos esburacados; por outro lado, fica firme e estável em pistas planas, como as asfaltadas. Além disso, conta com uma boa capacidade de subida de rampa, de 39 graus (a altura livre do solo é apenas razoável, com 22 cm).

    Para a cidade
    A faceta urbana ganha eco é no visual. O jeitão quadradão, a linha de cintura alta e os estribos contribuem para a impressão de o modelo ser mais baixo, assentado no chão, e bem parrudo. Há cromados na imponente grade dianteira, no pára-choques traseiro e nas carcaças dos retrovisores. Mas a estética jipeira é ressaltada pelos pára-barros fixos atrás das rodas, estribos laterais e robustez das linhas.

    O capô elevado tem dois vincos que se alinham às barras diagonais cromadas da grade, que avançam em relação aos grandes faróis de cortes poligonais. Nas laterais, desenho típico das picapes, como na traseira, com as lanternas verticais.

    Na parte de equipamentos, pouco além do que se espera de um modelo de R$ 119.900, preço da versão avaliada, automática de cinco velocidades. Controle de cruzeiro (cruise control) com comandos no volante e rádio/CD/MP3 com disqueteira para seis CDs são os poucos diferenciais. No mais, os previsíveis ar-condicionado, direção hidráulica, trio elétrico, ajustes de altura do banco do motorista e do volante, bancos de couro, alarme, faróis de neblina e abertura interna da tampa do reservatório de combustível.

    O veículo peca pela ausência de computador de bordo e pela inexplicável falta de trava elétrica central acionada pela chave ou por controle remoto. Uma pequena bússola digital no retrovisor e um porta-óculos podem até ser considerados mimos. Na segurança, apenas airbag duplo e freios com ABS (antitravamento) e EBD (distribuição eletrônica de frenagem).

    Em preço e equipamentos, a Forntier SEL se alinha às rivais mais modernas, mas ganha sutilmente na potência do motor e no torque. A L200 Triton automática tem motor turbo-diesel 3.2 de 165 cv e 38,1 kgfm e parte dos R$ 114.400. A Hilux SRV automática traz um propulsor turbo-diesel 3.0 de 163 cv e 35 kgfm e sai a R$ 122 mil. Nas vendas, a Nissan emplacou 1.613 unidades de janeiro a março. Bem mais que a versão nacional -- que está nos estertores e vendeu pífias 333 unidades no mesmo período. Mas se a SEL for um exemplo de como será a nova geração nacional, a Frontier tem chances reais de ter dias melhores no Brasil. Qualquer que seja o terreno. (por Fernando Miragaya)

    DE ZERO A 100 PONTOS, A NISSAN FRONTIER SEL
    Desempenho - O motor turbo-diesel empresta vigor para a Nissan SEL encarar tanto os trechos civilizados como um off-road de dificuldade média. As respostas às acelerações são quase imediatas, mas o melhor do motor está mesmo nas retomadas. Com um colossal torque de 41,1 kgfm, com 90% já disponível a partir de 1.500 giros e atingindo o clímax em 2.000 rpm, o motor enche rápido para fazer ultrapassagens e encarar trechos de subida. No fora-de-estrada, esta força é muito bem-vinda. Ao engatar o 4x4, a picape desbrava bem trechos de lama e esburacados sem vacilar. Um aliado desse bom desempenho é o bem escalonado câmbio automático. Com cinco velocidades, os delays e buracos entre uma marcha e outra são mínimos e pouco perceptíveis. No asfalto, o modelo avaliado saiu da inércia e alcançou os 100 km/h em bons 12,4 segundos. Já a máxima, de 165 km/h, é uma questão de bom senso. Nota 9
    Estabilidade - A SEL tem um comportamento dinâmico que impressiona. Somente nas freadas bruscas e nas curvas mais fechadas a carroceria se desequilibra um pouco. Normal para uma picape de 2 toneladas. De qualquer forma, para o off-road é preciso mesmo que haja alguma flexibilidade. Ela se mostrou à vontade em trechos desnivelados, onde "copiou" as irregularidades do terreno sem quicar. Na lama pesada, a reduzida e o câmbio em segunda marcha seguram bem o veículo. De volta ao asfalto, a postura em altas velocidades é exemplar. Mesmo acima de 140 km/h, a comunicação entre volante e rodas se mantém precisa e não surge qualquer sensação de flutuação. Nota 8
    Interatividade - É gritante a evolução da picape média tailandesa em relação à geração anterior ainda feita no Brasil. Ela oferece uma boa posição de dirigir, facilitada pelas regulagens de altura do volante e do banco. Mas um ajuste de profundidade da coluna da direção seria bem-vindo, até porque a parte da frente da cabine é bem espaçosa, o que, aliás, obriga o motorista a se deslocar para acionar alguns comandos, como do ar e do rádio. De qualquer maneira, o motorista se sente bem mais à vontade que na Frontier antiga. A ergonomia é mais eficiente no que diz respeito aos botões do vidro elétrico e dos faróis. Não é fácil manobrar uma picape, ainda mais na cidade grande. Mas a direção suave e precisa, os avantajados retrovisores e as largas janelas minimizam os problemas. O modelo peca por não contar com computador de bordo. Mas o pior é que a chave só destrava a porta do motorista e não há abertura por controle remoto. Ou seja: é preciso abrir a porta do motorista com a chave, como antigamente, e depois acionar um botão no interior para que um carona possa ter acesso ao habitáculo. Nota 7
    Consumo - A picape é potente, mas nada econômica. Fez a média de 6,4 km/l de diesel com 1/3 na estrada e 2/3 entre cidade e off-road de dificuldade média. Nota 6
    Conforto - Como qualquer picape com pretensões de encarar off-road ou de carga, a SEL tem amortecedores com curso longo. Vazio, o modelo sacoleja bastante nas irregularidades da pista asfaltada, mas no off-road esse molejo se torna uma vantagem para enfrentar terrenos muito desnivelados. O espaço interno é bom de uma forma geral, sendo que na frente os ocupantes contam com um melhor vão para as pernas do que os de trás. O isolamento acústico é satisfatório. Nota 7
    Tecnologia - A picape usa elementos do Pathfinder, mas é montada sobre uma plataforma de longarinas. O motor diesel com turbo de geometria variável e injeção common-rail é eficiente e a suspensão bem adequada tanto para o fora-de-estrada quanto para o asfalto. Além disso, tem diferencial com escorregamento limitado e uma transmissão de cinco velocidades que merece ser destacada. Só que, para um veículo que começa em R$ 112.900, a lista de equipamentos peca por ser enxuta demais. No quesito segurança, só oferece airbag duplo e freios com ABS. A concorrência, porém, não oferece nada a mais. Nota 6
    Habitabilidade - O interior da Frontier SEL traz uma boa quantidade de porta-objetos, principalmente no console central. A iluminação interna também é eficiente e o espaço na caçamba condiz com o segmento. Os acessos à fileira da frente da cabine são bons, mas as portas estreitas de trás dificultam a entrada. Nota 7
    Acabamento - Mais um upgrade visível em relação à antiga geração. O revestimento em couro sempre empresta um ar de requinte a qualquer habitáculo. Na Frontier asiática, o tom mais claro do painel também dá um ar de sofisticação. Além, disso, há um cuidado aparente com encaixes e forrações. Os materiais também aparentam qualidade ao toque e aos olhos, ao contrário da Frontier nacional, com muitos materiais de gosto e qualidade duvidosos. Nota 8
    Design - O desenho não a distingue, mas a generosa grade frontal com diversos cromados e o capô elevado conferem, ao mesmo tempo, robustez e arrojo. Isso sem falar no visual lameiro reforçado pelos pára-barros e estribos. Trata-se de mesma Frontier vendida na Europa, Ásia e América do Norte. Nota 8
    Custo/benefício - A versão automática avaliada custa R$ 119.900 e não oferece opcionais. Fica alinhada com outras picapes médias modernas, como Hilux e L200 Triton. Mas, como elas, traz uma lista tímida demais, principalmente em relação a itens de conforto e de segurança. Nota 7
    Total - A Nissan Frontier SEL automática somou 73 pontos em 100. NOTA FINAL: 7,3