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Com DNA local, Sandero escala o top 10 brasileiro

Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias
Imagem: Pedro Paulo Figueiredo/Carta Z Notícias

Da Auto Press

Especial para o UOL

28/05/2008 20h16

O hatch compacto Sandero já pode ser considerado um fenômeno. E não só para a Renault, mas no mercado brasileiro. Desde o início do ano, o modelo vem ampliando suas vendas. Em março, já havia estourado a previsão de 3.000 unidades mensais, feita pela montadora no lançamento: foram 3.195 unidades. Em abril, os números bateram em 4.452, quase 50% a mais que as projeções iniciais. Em maio, ainda em aceleração nas vendas, fechou a primeira quinzena em 10º lugar no ranking e deixou para trás Ford Fiesta hatch, Chevrolet Prisma e Peugeot 206.

Ou seja: o Sandero, primeiro veículo desenvolvido no Centro de Engenharia da marca, em São José dos Pinhais, no Paraná, já disputa um lugar no top 10 brasileiro. Desde que se instalou no Brasil, em 1998, jamais um carro da Renault havia ido tão longe no ranking nacional.
 

COMPACTAS
De carona na avalanche hi-tech cada vez mais presente nos carros, a Renault lançou no mês passado o Sandero Nokia, versão equipada com o moderno celular Nokia N95, que tem sistema Bluetooth e navegador GPS via satélite.
De janeiro a abril, o Sandero somou 10.088 unidades, com 42,5% do volume, exatas 4.285 unidades, obtidas com a versão intermediária Expression, equipada com motor flex 1.6 8V Hi-Torque e vendida a partir de R$ 35.390.
O Sandero foi apresentado pela Renault na Europa durante o Salão do Automóvel de Genebra, no início de março. Lá, o hatch é vendido com a bandeira da Dacia, subsidiária romena do grupo francês.
O Sandero começou a ser vendido este mês na França, com a marca Dacia. Lá, o hatch é vendido nas versões Ambiance, Lauréate e Prestige, com motores 1.4 e 1.6 litro de 8 válvulas e preços entre 7.800 euros e 10.900 euros (R$ 20 mil e R$ 28 mil).
A moderna plataforma B0 (B zero), que o sedã Logan divide com o Sandero, ainda renderá um terceiro veículo da Renault no Brasil. A marca deve anunciar nos próximos meses a produção do utilitário MCV ou de uma picape compacta.

A trajetória é meteórica, mas o resultado não foi surpreendente. Afinal, o preço, sempre um forte motivador de compra, ajuda um bocado na ascensão do Sandero. E essa lógica vale desde as versões básicas e alcança até as mais completas. Apesar de ter tamanho próximo ao de modelos médios, o novo hatch da Renault é vendido a partir de R$ 29.990, na configuração Authentique 1.0 16V Hi-Flex. Essa estratégia empurrou o Clio hatch para brigar com modelos de entrada, como Volkswagen Gol, Chevrolet Celta e Fiat Palio Fire. Com isso, o Sandero rivaliza com Volkswagen Fox, Chevrolet Corsa, Ford Fiesta e Novo Fiat Palio.

Preços competitivos
Mas como vem "vazio", com raros equipamentos, o modelo de entrada tem apenas 5,9% do mix de vendas, com outros 4,5% para o Authentique 1.6 8V. As vendas fortes mesmo estão nas partes mais altas da gama. A intermediária Expression tem significativos 58,2% do total (42,5% com o motor 1.6 8V e 15,7% com o 1.0 16V). Já a versão topo de linha Privilège -- que estrela as propagandas do modelo -- tem consideráveis 31,4% do mix, sendo 15,8% com propulsor 1.6 8V e 15,6% com o 1.6 16V.
 

FICHA TÉCNICA
Motor: A gasolina e álcool, dianteiro, transversal, 1.598 cm³, com quatro cilindros em linha, quatro válvulas por cilindro e comando duplo no cabeçote. Acelerador eletrônico e injeção eletrônica multiponto seqüencial.
Transmissão: Câmbio manual de cinco marchas à frente e uma a ré. Tração dianteira. Não dispõe de controle de tração.
Potência: 107 cv com gasolina e 112 cv com álcool a 5.750 rpm.
Torque: 15,1 kgfm a 3.750 rpm com gasolina e 15,5 kgfm a 3.750 rpm com álcool.
Diâmetro e curso: 79,5 mm x 80,5 mm. Taxa de compressão: 10,0:1.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, com triângulo inferior, molas helicoidais e amortecedores telescópicos. Traseira semi-independente, com molas helicoidais, amortecedores telescópicos verticais e barra estabilizadora. Não oferece controle eletrônico de estabilidade ESP.
Freios: Dianteiro a discos ventilados e traseiro a tambor. ABS opcional.
Carroceria: Hatch compacto em monobloco com quatro portas e cinco lugares. Airbags frontais opcionais. Não possui airbags laterais ou de cabeça.
Medidas: 4,02 metros de comprimento, 1,74 m de largura, 1,53 m de altura e 2,59 m de distância entre-eixos.
Peso: 1.087 kg.
Porta-malas: 320 litros/1.200 litros com o banco traseiro rebatido.
Tanque: 50 litros.
Renault Sandero Privilège 1.6 16V Hi-Flex

Levando-se em conta que o Sandero Privilège parte de R$ 41.190, com motor 1.6 8V, e chega a R$ 47.540 completo, com a unidade de força 1.6 16V, a participação é expressiva. Principalmente porque nesta faixa estão os compactos "premium" Volkswagen Polo, Fiat Punto, Citroën C3 e Honda Fit. Todos integrantes de um segmento superior em luxo ao do hatch da Renault.
 

Carta Z Notícias
O design, concebido no Brasil, é um dos principais trunfos do Sandero

A sustentação do Sandero, principalmente da versão topo de linha Privilège, se explica por alguns atributos do modelo, como estilo e, principalmente, tamanho. O hatch compacto tem espaço interno equivalente ao de carros médios, com 2,59 metros de entre-eixos -- bem maior, por exemplo, que os 2,46 metros de entre-eixos do Fox e os 2,50 m do Fiesta. Na mala, cabem 320 litros, enquanto Fox e Corsa levam 260 litros.

Sob o capô
Na parte mecânica, o Sandero tem três opções de motores, todas com sistema bicombustível. A mais tímida é a 1.0 16V, com potência máxima entre 76 cv e 77cv, com gasolina e álcool. Há ainda duas unidades de força 1.6 litro. Uma com oito válvulas, chamada de Hi-Torque, gera entre 92 cv e 95 cv. A outra, a mais forte, é a 1.6 16V, batizada de Hi-Flex. Ela é exclusiva da versão top Privilège e produz interessantes 107 cv ou 112 cv, com gasolina ou álcool. O torque máximo fica entre 15,1 kgfm e 15,5 kgfm.

O recheio de série é mais um ponto positivo da versão Privilège. Estão embarcados ar-condicionado, direção, trio, rodas de liga leve aro 15, rádio/CD/MP3, faróis de neblina, computador de bordo, volante em couro, travas com controle remoto na chave, alarme e ajuste de altura no banco do motorista. A segurança, no entanto, é opcional. Menos mal que o pacote com ABS para os freios e airbags frontais é acessível e custa R$ 2.900 -- política parecida com a que praticam Fiat e Volkswagen.

Mas o Sandero ainda guarda dois trunfos. Independentemente da versão, seu desenho é arrojado e seu porte é típico de modelos de categoria superior. Criado por designers brasileiros em parceria com o centro de estilo da Renault em Paris, o hatch tem formas musculosas e transmite a idéia de robustez -- inclusive pela boa altura, de 1,53 m, apenas 1 cm a menos que o Fox. Um conjunto pensado para os brasileiros, sempre ligados em custo e aparência. (por Diogo de Oliveira)
 

IMPRESSÕES AO DIRIGIR: SANDERO É UM CARRO VERSÁTIL
O Renault Sandero explicita uma pouco menos a proposta de racionalidade herdada do sedã compacto Logan. Trata-se de um carro compacto e básico, porém com dimensões bem servidas, um conjunto acertado e, embora não seja um veículo caro, tem bom nível de conforto e boa dirigibilidade. Mas mais que tudo isso, tem um tempero bem brasileiro: é atraente por fora. E, como o mercado cansa de mostrar, estética é fundamental para o consumidor tupiniquim. Não por acaso, foi criado por designers locais.
Na versão topo de linha Privilège, o Sandero tem quase tudo o que costuma se exigir de um carro compacto intermediário com preço em torno de R$ 40 mil. Há boa quantidade de equipamentos de conforto, qualidade de materiais compatível com a encontrada nos rivais e motor capaz de empurrar o modelo com boa virilidade. No trânsito pesado da cidade, a unidade de força 1.6 16V Hi-Flex mostra-se sempre solícita, de acordo com a intensidade com que se pisa no acelerador. Seus 15,5 kgfm de torque com álcool disponíveis aos 3.750 giros mostram-se fortes nas acelerações, quando o Sandero responde bem, e vai de zero a 100 km/h em 10,4 segundos.
Nas retomadas, o hatch também esbanja vigor: recupera o fôlego dos 60 km/h aos 100 km/h em 7 segundos, em quarta marcha. Também agrada sua postura no asfalto. O Sandero fez curvas com segurança, mesmo as mais fechadas. A carroceria torce pouco, deixa o modelo firme e com bom equilíbrio, principalmente nas retas. Durante as frenagens, o hatch também demonstra firmeza. Não embica a frente nem fica instável. No caso da versão Privilège, os freios ABS deixam as frenagens ainda mais seguras, mas são opcionais, assim como os airbags dianteiros.
Já na parte de conforto, o Sandero é bem recheado. Vem de fábrica com ar, direção, trio, computador de bordo e rádio/CD/MP3. Mas o destaque é o espaço interno generoso para pernas, cabeças e bagagens -- no porta-malas cabem 320 litros, ou 1.200 litros com o banco traseiro rebatido. O Sandero Privilège conta ainda com um acabamento interno aceitável para a categoria, mas que poderia ser um pouquinho melhor. Em compensação, tem uma boa relação custo/benefício. Na versão top Privilège 1.6 16V, completa, sai a R$ 47.540. Mas outro dado econômico que impressiona no hatch da Renault é na hora de abastecer: cumpriu a excelente média de 10,8 km com um litro de álcool.