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Versão XE-i automática mostra as armas do Corolla

Fotos: Murilo Góes/UOL
Imagem: Fotos: Murilo Góes/UOL

Claudio de Souza

Do UOL, em São Paulo (SP)

17/06/2008 12h59

Os efeitos dos cinco anos de domínio do Toyota Corolla no segmento dos sedãs médios são visíveis. Em ruas de algumas áreas de São Paulo, o modelo fabricado entre 2003 e 2007 (ano da derrota para o Honda Civic) é quase tão comum quanto um Gol ou um Palio. A nova geração do carro chegou às lojas há três meses -- e, embora seja mais parecida com a 03-07 do que esta com a encerrada em 2002 (quando o Corolla era, a rigor, um sedã pequeno-médio), claramente pretende situar-se num patamar mais alto em termos de imagem, tecnologia e conforto. Não só ficou mais caro, como também buscou no andar de cima da Toyota, onde está o sedã grande Camry, a referência para seu novo visual.

Deu certo. Nas vendas, o Corolla já voltou a incomodar o Civic (placar em maio: 5.305 a 3.867 para o carro da Honda), derrubando o Chevrolet Vectra para o terceiro lugar no segmento. Quanto ao produto em si: UOL Carros já havia se impressionando bem com o novo Corolla na versão top de linha SE-G, no (curto) test-drive de lançamento, realizado no litoral de São Paulo. Agora, pôde avaliar com calma a versão XE-i dotada de transmissão automática, a mais vendida do modelo, segundo a Toyota.

A principal constatação a partir de um contato prolongado é a de que o Corolla ficou mais imponente por fora e mais "chique" por dentro. O aumento em tamanho foi irrisório: apenas 1 cm no comprimento e 5,5 cm na largura. Mas essa percepção de que o carro ficou maior vem dos volumes eficazmente criados pelo desenho externo -- por exemplo, a linha de cintura mais alta e o pára-choque traseiro com saliências visíveis de acordo com a luz. Neste, os dois refletores nas extremidades também servem para "encher" o visual. Na dianteira, a grade copia... ops, inspirada no Camry é arrematada por um conjunto óptico mais afilado, bem menos pacífico que o da geração anterior (arredondado e com olhar de "tiozão").

Por dentro, o acabamento em metal, plástico e veludo é agradável. O painel entrega o que precisamos: velocidade, rotações, combustível, temperatura e dois LCDs mostrando informações como a marcha engatada, temperatura externa, consumo imediato e médio, autonomia e velocidade média. No console há os comandos do ar-condicionado digital (de apenas uma zona de temperatura) e do sistema de som -- cujo maior pecado é não ter entrada USB. Os retrovisores são rebatíveis por meio de uma tecla à esquerda do volante, o que é ótimo para estacionar e ajuda a evitar a "interação" com motociclistas quando o trânsito pára. E os porta-objetos, uma tradição no Corolla, estão por toda parte.
 

Outros detalhes interessantes são os dois porta-luvas (ambos com tampa) e os apoios de braço dianteiro, que desliza para se aproximar dos usuários, e traseiro, que possui dois porta-copos. Isso, aliás, faz com que o Corolla seja mais adequado para levar quatro pessoas, apesar de o assoalho atrás agora ser plano, eliminado o túnel que afasta as pernas do passageiro do meio.

TREM DE FORÇA
Rodando, vê-se como o motor 1.8 16V VVT-i bicombustível é absolutamente correto. Não está sob o capô para provocar grandes emoções no motorista, mas também não tem nada de frouxo. Mesmo tendo perdido um naco de potência (4 cavalos com gasolina) para receber um novo catalisador, é incisivo nas retomadas e chega muito rapidamente a velocidades de cruzeiro significativas, entre 120 km/h e 130 km/h. Se quiséssemos, iria bem além disso sem nenhum esforço. Os 132/136 cavalos (gasolina/álcool) a 6.000 giros e o torque de 17,5 kgfm (álcool) a 4.200 giros são gerenciados por uma transmissão automática de quatro velocidades que -- diz a Toyota -- é mais "inteligente" do que a média desse equipamento. De fato, há um casamento afinado (alguns dirão "monótono") entre motor e câmbio. Caso o motorista queira imprimir seu estilo pessoal de condução, pode trocar as marchas entre a 1ª (L) e a 3ª. Bem usado, esse recurso ajuda a gastar menos combustível. E a alavanca é suave, podendo ser deslocada com a ponta de um dedo.
 

OS PREÇOS
Sugeridos pelas fábricas
Versão testada:
XEi automático
R$ 71.590 (pintura metálica acrescenta R$ 910)
Outras opções de Corolla
XLi: R$ 61.090
XLi automático: R$ 65.090
XEi manual: R$ 67.590
SE-G: R$ 86.390
Principal opcional
Bancos de couro: mais R$ 2.000 no XEi automático e R$ 1.900 no manual
O rival
Honda Civic LXS automático:
R$ 70.520
TABELA FIPE

O Corolla se apóia sobre suspensões McPherson na dianteira e com eixo de torção na traseira, ambas com barra estabilizadora. Alguns apontam essa característica como uma das provas de que o Civic -- que possui suspensão independente nas quatro rodas -- é um carro superior tecnologicamente. Pode ser, mas o Corolla roda com muito respeito a quem vai dentro, sem aborrecer-nos com saltos (de suspensão muito dura) ou chacoalhões (muito mole).

As rodas de 16 polegadas são calçadas por pneus largos e de perfil relativamente baixo (205/55), o que colabora com a sensação geral de estabilidade, mas também corta um pouco o -- de resto, impressionante -- silêncio no habitáculo, já que o ruído da borracha sobre o asfalto é forte. Quanto à segurança, a versão XEi vem com airbag frontal duplo e airbag lateral, e os freios (a disco, ventilado) possuem sistema ABS (antritravamento) e EBD (distribuição de frenagem). Sensor de estacionamento, nem como opcional nessa versão.

GOSTO É GOSTO
Todas as publicações especializadas em carros que fizeram a esperada comparação do novo Corolla com o Honda Civic apontaram este como melhor que aquele. Não houve exceção: foi um veredicto unânime. Mas aqui em UOL Carros faremos coro a vários leitores dessas mesmas publicações, que depois escreveram a elas para reclamar do resultado e apoiar o carro da Toyota.

Nós também gostamos mais do Corolla. Basta fazer a lista dos pontos que julgamos fracos no produto da Honda: porta-malas pequeno, acesso ao habitáculo prejudicado pela baixa altura, posição de dirigir apertada, painel de gosto duvidoso e desprovido de itens básicos (como computador de bordo), design externo cansativo (que fica datado mais rapidamente). Em cada um desses quesitos o Corolla entrega mais praticidade e/ou sobriedade (seu porta-malas, por exemplo, é rebatível, algo nem sempre disponível em sedãs). E, se os motores dele e do Civic são equivalentes no desempenho, os impressionantes 10 km/l obtidos com o carro da Toyota rodando apenas na cidade de São Paulo (com gasolina), a nosso ver, encerram a discussão: quando testamos o rival da Honda não obtivemos mais que 7,9 km/l. E com álcool no tanque o Corolla fez ótimos 7,5 km/l -- infelizmente, não testamos o Civic com o combustível vegetal.