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Impressões ao dirigir: 207 com motor 1.4 surge como melhor opção

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Imagem: Divulgação

Claudio de Souza

Do UOL, em Búzios (RJ)

28/06/2008 19h11

UOL Carros participou do test-drive do 207 hatch dirigindo as versões XS, com motor 1.6, que vem bem recheada de equipamentos, embora a segurança tenha sido negligenciada (como ainda é regra no Brasil, aliás), deixando de fora os importantes airbags dianteiros e ABS (antitravamento) nos freios, e a XR, com o propulsor 1.4 e menos mimos que a outra -- como ar-condicionado convencional, em vez do sistema digital da XS.

As unidades foram experimentadas em trechos do trajeto entre o aeroporto do Galeão e Búzios, no litoral fluminense (quase 300 km alternando estradas boas e péssimas, além de vias urbanas). Especialmente a XS, mas também a XR, transmitem com competência a sensação de se estar num carro premium, com acabamento correto, materiais de bom gosto (à exceção de um detalhe em plástico imitando metal no painel), instrumentos completos (inclusive computador de bordo na XS) e boa posição de dirigir. Ou seja: dentro delas, basta fazer uma forcinha e já podemos acreditar que são veículos R$ 10 mil mais caros.
 

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    Para dissipar tal fantasia, porém, é suficiente notar a posição das teclas dos vidros dianteiros, do controle dos retrovisores e da trava das portas: ficam entre os bancos, perto da alavanca do freio de estacionamento, em vez de estarem no devido lugar: portas e painel. São totalmente anti-ergonômicas, e pode ser até perigoso manuseá-las com o 207 em movimento.

    Também notamos no carro 1.6 um desagradável ranger dos bancos dianteiros a cada curva e balanço dos corpos de motorista e passageiro -- e isso numa unidade com menos de 1.500 km rodados. No 1.4 isso não foi observado. Quanto ao ruído do motor no habitáculo, pareceu normal em ambos os carros -- nem exagerado, nem excepcionalmente baixo. Já o espaço interno é exatamente o mesmo do 206. Ou seja, escasso, especialmente nos exemplares de duas portas, como o 1.6 que dirigimos.

    MOTORES COM DISPOSIÇÃO
    Mas a tocada do 207 é agradável. Os dois propulsores mostraram disposição nas arrancadas e retomadas, e fizeram o carro atingir sem muito esforço velocidades de cruzeiro interessantes, como 110 km/h e 120 km/h. Na verdade, é difícil notar diferenças de performance entre o 1.4 e o 1.6, o que nos faz recomendar aos eventuais compradores que considerem a opção pelo propulsor menor, que tem a crucial vantagem de custar menos.

    Na estrada e a velocidades mais elevadas, o 207 nos pareceu suscetível aos ventos lateral e dianteiro, talvez apenas por ser um carro pequeno e leve. Mas é fato que uma sensação de oscilação "recomendou" afrouxar o pé direito. O câmbio manual, por sua vez, foi uma grata surpresa nos dois carros: leve, de curso justo e boa empunhadura (com um agressivo pomo de metal na versão 1.6 XS), ele é conjugado a um pedal de embreagem que não cansa a perna mesmo em situação de trocas constantes. E os assentos dianteiros têm uma qualidade ainda rara na maioria dos carros menores: "abraçam" bem o corpo, inclusive nas laterais, segurando-nos mesmo nas curvas mais abusadas.

    O conjunto direção/suspensão também agradou. O volante é leve, mas preciso, uma característica dos carros do grupo PSA Peugeot Citroën; e o 207 enfrentou alguns trechos de absurda buraqueira no caminho até Búzios sem permitir agressões aos viajantes, neste caso comportando-se como um carro mais pesado. A versão XS conta com rodas de liga leve aro 15 (aro 14 na XR), que ajudam no bom resultado geral da relação com pista.

    Por fim, é inegável que o 207 é esteticamente intrigante. A dianteira buscada no 207 europeu, e que no Brasil tem como referência o primo maior 307, transmite robustez com a enorme "grade-boca" e também gera o desejado efeito de imagem de carro superior. Os faróis saltados, formando uma espécie de bolha, são esquisitos quando vistos de cima -- a Peugeot fala em visual "felino", mas a nós (e a muitos outros jornalistas) pareceu "anfíbio", lembrando um (simpático) sapo. Já a traseira herdada do 206 ficou melhor ao expelir a luz de neblina centralizada, trocando-a por duas, posicionadas nas extremidades do pára-choques. São credenciais suficientes para gerar um interesse especial pelo 207 dentro do segmento, que tem modelos estagnados há anos. Mas é bom lembrar que o novo Gol também quer ser "premium".

    *Viagem e test-drive a convite da Peugeot