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Novo Focus sedã quer brigar a sério com Civic e Corolla

Da AutoPress

Especial para o UOL

29/08/2008 20h56

A Ford jamais deu no Brasil a atenção merecida pelo Focus. Médio com virtudes reconhecidas, o modelo produzido na Argentina nunca emplacou por aqui e sempre manteve vendas mensais que dificilmente ultrapassavam 1.500 unidades, seja no hatch ou no sedã. Mas o mercado brasileiro mudou muito desde o lançamento do modelo no país, em 2000, e a Ford percebeu que não poderia vacilar novamente. Por isso, promete dar um foco -- sem trocadilho -- especial ao sedã, de olho no agitado nicho dos três-volumes médios.
 

Fotos: Fernando Miragaya


MELHOROU, NÉ?
Novo Focus sedã tem estilo Kinectic em vez do New Edge, e alguma influência dos modelos Volvo


E as ambições da Ford não são tímidas. A fabricante quer brigar diretamente com Honda Civic e Toyota Corolla, tradicionais líderes do segmento, que registram médias superiores a 4.500 unidades/mês. Para alcançar tal desempenho, a fabricante tratou de adiantar o lançamento da nova geração do Focus. No entanto, o modelo antigo continua em produção como versão de entrada, apenas com motor 1.6 flex e câmbio manual. O novo Focus 2.0 só roda com gasolina.
 

ÁLBUM DE FOTOS
Fernando Miragaya/Auto Press
MAIS IMAGENS DO FOCUS
E O NOVO FOCUS HATCH?
O lançamento oficial da versão hatch do novo Ford Focus acontece na Argentina, nesta primeira semana de setembro. A equipe de UOL Carros vai acompanhar o evento e publicará reportagem completa, fotos e impressões ao dirigir.

Inicialmente, o carro só seria renovado no segundo semestre do ano que vem. Mas, como estratégia de mercado, com o Civic na meia-vida, o Corolla em crescimento nas vendas, o Citroën C4 Pallas com as manguinhas de fora e outros médios perdendo fôlego, como Renault Mégane e Chevrolet Vectra, a Ford percebeu que era hora de atacar. Trouxe a plataforma global do Focus, lançada em 2003, utilizada também pela minivan C-Max, pelo Volvo C30, pelo Mazda 3 e pelo crossover Ford Kuga. Além dos avanços mecânicos em relação à primeira versão, adotou no médio o mesmo design que estreou na Europa em abril passado.

Sai de cena o estilo New Edge dos anos 90 e entra o conceito Kinectic, que dita os carros da marca na atualidade. E essa tendência fica evidente logo na frente. Os faróis têm formas pontiagudas próximas à grade e cortes bem definidos. A aparência é a de um relâmpago.
 

PRIMEIRAS IMPRESSÕES
Nas curvas e retas do Kartódromo de Aldeia da Serra, no interior de São Paulo, foi possível ter uma pequenina amostra da nova geração do três volumes da Ford. A começar pelas acelerações vigorosas do motor de 145 cv. Já as retomadas são beneficiadas pelo bom torque de 18,9 kgfm, que despeja 80% de sua força nas rodas do automóvel nos 1.500 rpm.
A estabilidade, por sua vez, continua como um dos trunfos do novo Ford Focus. Pelo menos nas curvas calculadas do circuito, a carroceria torceu e rolou o mínimo. O ABS e o EBD ajudam a segurar o modelo nas frenagens abruptas e o carro embica bem pouco nessas situações. Resultado da recalibragem da suspensão do sedã, que também filtrou bem os pequenos buracos na parte de grama do kartódromo.
Aliás, o conforto também é um ponto forte. Há bom espaço para pernas na frente e atrás. No banco traseiro, o forro do teto mais caído por conta do teto-solar esbarra na cabeça dos ocupantes. De qualquer forma, dois adultos e uma criança viajam sem grandes apertos atrás no novo Focus. Já o motorista conta com boas ergonomia e posição de dirigir, esta auxiliada pelas regulagens do volante e do banco.
A condução ainda foi beneficiada pela nova direção eletro-hidráulica. Com ajustes feitos pelo menu do computador de bordo, é possível enrijecer a direção para uma dirigibilidade mais esportiva. Na hora de muitas manobras, o ideal é posicionar na opção "Conforto", quando a direção fica bastante suave. No consumo, a Ford afirma que o novo Focus sedã Ghia automático faz a média de 11,3 km/l, enquanto o computador de bordo do modelo testado assinalou 8,9 quilômetros por litro de gasolina.
(por Fernando Miragaya, em São Paulo)

O capô em cunha tem duas saliências que combinam com o conjunto óptico e depois formam uma espécie de moldura vazada das lentes. A grade trapezoidal superior tem uma barra cromada, enquanto a generosa entrada de ar inferior, posicionada na saia, carrega uma moldura preta para ostentar a placa. As caixas de rodas são volumosas para passar sensação de robustez.

FICOU MAIOR
De perfil, o novo Focus lembra um Volvo, marca sueca que faz parte do Grupo Ford. E o sedã está maior. Tem 4,48 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,49 m de altura e 2,64 m de entre eixos -- respectivamente 12 cm, 11 cm, 1 cm e 15 cm a mais que o sedã anterior. Os faróis angulosos ajudam a passar a sensação de movimento. A primeira coluna angulosa e a linha de cintura relativamente alta e levemente inclinada ajudam nesta impressão dinâmica. Na traseira, tampa do porta-malas elevada e com cortes bem definidos. As lanternas triangulares têm um dos vértices invadindo as laterais e luzes de ré e indicadoras de direção são redondas, num visual que remete ao Mondeo e novamente a modelos da Volvo.

Para todas as versões do novo Focus, por enquanto, estará disponível somente o motor Duratec 2.0 de 145 cv, a gasolina, produzido no México. Por dentro do habitáculo, novos materiais e acabamento que variam entre as versões Ghia e GLX do sedã e do hatch. Em termos de equipamentos de segurança, airbags duplos, freios com ABS e de controle em curvas se juntam a ar-condicionado, direção eletro-hidráulica com modos de condução "esportiva", "conforto" e "normal", trio elétrico, regulagens de altura e de profundidade do volante e do banco do motorista, rádio/CD/MP3, computador de bordo, entre outros.

QUANTO É?
A aposta é na relação custo/benefício. O Focus sedã começa em R$ 59.690 na configuração GLX mecânica, mas a versão "de trabalho" para a marca é a GLX automática, por R$ 64.190 e com nova caixa automática de quatro velocidades e modo seqüencial -- a Ford estima que 80% das vendas serão da versão GLX e 70% do total de emplacamentos trará câmbio automático. A Ghia parte dos R$ 70.390 com controle de cruzeiro, sensor de obstáculos traseiro, ar automático com dual zone, teto-solar, sistema de áudio com bluetooth e entradas USB e iPod e controle remoto no lugar de chave. A top é a Ghia automática, com preço sugerido de R$ 74.890. Todas as versões com preços estrategicamente próximos ou abaixo dos principais concorrentes. Ao que parece, a Ford está com a faca e com o queijo na mão. (por Fernando Miragaya)
 

DE ZERO A 100 PONTOS, O NOVO FOCUS GHIA SEDÃ
Desempenho - Mesmo em um tímido circuito, o Focus sedã Ghia 2.0 automático deu pistas do que é capaz. O motor Duratec de 150 cv responde bem ao acelerador e oferece boas retomadas de velocidade antes da faixa dos 2 mil giros. O câmbio automático de quatro velocidades apresenta alguns delays, mas nada que interfira diretamente no desempenho. Segundo a Ford, o novo Focus sedã com transmissão automática faz de zero a 100 km/h em 12,2 segundos e atinge a máxima de 192 km/h. Nota 7
Estabilidade - A Ford trabalhou bem a suspensão do novo Focus. Manteve o jogo independente tanto na frente quanto atrás, mas mudou calibragens, molas e amortecedores na traseira. Com isso, nas frenagens bruscas, a traseira levanta pouco. Ainda nas paradas súbitas, o modelo se porta bem, não desvia um momento sequer da trajetória, auxiliado pelo ABS, EBD e assistente de frenagem de emergência. Nas curvas, a rolagem da carroceria é mínima. Nota 8
Interatividade - A ergonomia continua eficiente na nova geração do sedã. A maioria dos comandos não exige deslocamentos e esforços extras por parte do condutor. A visualização do painel é boa, apenas o computador de bordo requer um pouco mais de prática e merecia um display maior. O modelo ainda conta com ajustes de altura e de profundidade do volante e do banco do passageiro, o que sempre auxilia na tarefa de encontrar uma boa posição de dirigir. A manobrabilidade é facilitada pela boa janela traseira e pelo sensor de obstáculos, mas as colunas centrais são largas e tapam um pouco da visão do motorista em cruzamentos. Destaque para a direção eletro-hidráulica, com dois ajustes de condução além da "Normal". No modo "Esporte", ela fica mais rígida, enquanto na posição "Conforto" fica bastante suave. Mesmo assim, acima de 40 km/h, se mantém firme para não comprometer a dirigibilidade. Nota 8
Consumo - A Ford fala em um consumo misto de 11,3 km/l. O computador de bordo do modelo avaliado exibiu 8,9 km/l. Nota 7
Conforto - O entre-eixos aumentou e quem vai atrás percebe isso com um maior espaço para as pernas. O vão para as cabeças dos ocupantes de trás, porém, é comprometido pelo forro necessário para acomodar o teto-solar da versão Ghia. A suspensão firme e macia absorveu bem as irregularidades quando o modelo circulou nas zebras do circuito e na grama. O que mais chama a atenção, porém, é o isolamento acústico. Tudo bem que o tráfego foi em velocidades normais, mas quase não se percebe o barulho do motor e de rodagens. Nota 7
Tecnologia - A Ford sabe que consumidor de sedãs médios é bem informado e uma maquiagem simples no Focus poderia obter um efeito negativo. Por isso, tratou de trazer uma nova plataforma para o modelo, datada de 2003, a mesma usada pelo Volvo C30, entre outros produtos do grupo. Além disso, ajustou a suspensão, instalou uma transmissão automática mais moderna, equipou o carro com uma direção eletro-hidráulica com modos de condução e dotou todas as versões da nova geração com ABS, EBD e airbags duplos. Nota 8
Habitabilidade - O porta-malas cresceu e agora comporta respeitáveis 526 litros, um dos maiores do segmento. Os acessos ao veículo são satisfatórios, mas o modelo peca pela pouca quantidade de porta-objetos no habitáculo. Nota 7
Acabamento - Os materiais na versão "top" Ghia aparentam qualidade, mas deixaram de lado o aspecto requintado da versão anterior, apesar de alguns detalhes cromados no interior. É possível reparar nas falhas nos encaixes do revestimento de plástico da terceira coluna com o forro do teto e nos fechamentos irregulares nas borrachas de vedação das janelas, no forro das portas e no acabamento que comporta o brake-light. Fraco para um modelo que pretende vender imagem de sofisticação. Nota 6
Design - O estilo Kinectic confere arrojo aos carros da Ford. Com o novo Focus não foi diferente. Os faróis angulosos, o capô em cunha e os vidros prolongados deixaram o modelo muito mais moderno. Trata-se do mesmo estilo adotado pelo médio na Europa. Nota 9
Custo/benefício - O Ford Focus Ghia 2.0 automático é o modelo mais completo e custa R$ 74.890 e fica competitivo com versões similares de Chevrolet Vectra - R$ 74.732 na Elegance 2.0 -, do Mégane - R$ 76.690 na Privilège 2.0 16V - e do Peugeot 307 sedã - R$ 77.7660 na Exclusive 2.0. As versões tops de Corolla e Civic brigam mais com o médio-grande Fusion. Já a versão GLX automática do novo Focus sedã parte dos R$ 64.190 e é mais barata que todos os rivais similares. Nota 8
Total - O Focus sedã Ghia automático somou 75 pontos em 100 possíveis. NOTA FINAL: 7,5